Equipamento dá um banho de metal nos mais diferentes objetos.
Homem tem carro de 1929 folheado a ouro.
Uma máquina dá um banho de metal nos mais diferentes objetos. Uma fina camada de metal precioso envolve cada peça – pode ser de ouro, prata ou cromo, metal de cor cinza, semelhante ao aço.
Para os empresários Antônio de Pádua e Antônio Romão, é uma máquina de ganhar dinheiro.
“Ela é interessante porque, no que diz respeito à produção, nos dá aquilo que esperamos de um equipamento: a produção, a qualidade e acima de tudo a agilidade”, conta Pádua.
A máquina de folhear é uma retificadora elétrica, ligada a um tanque com metais preciosos. Primeiro, a peça de latão é imersa numa solução para limpeza. Depois ganha um banho de cobre e, no final, é mergulhada na solução com ouro.
“Esta máquina trabalha através de impulso elétrico. O ouro que está nesse líquido vai depositando na peça, conforme mais tempo ela vai rodando dentro do banho, mais viva ela fica”m explica o técnico Almir Barbosa.
É possível regular a máquina para que a camada de ouro fique mais ou menos fina. Folhear é fazer render um material que pode ser caro. Um quilo de ouro, por exemplo, custa cerca de R$ 100 mil. Só que nesse processo vai uma camada tão fina em volta da peça que dez gramas de ouro é capaz de folhear mais de mil peças de bijuteria, que assim se tornam bonitas, brilhantes e baratas
“No início do nosso trabalho, nós banhávamos em torno de 10 mil peças por mês. Hoje, 30 mil, e a tendência é aumentar cada vez mais”, diz Pádua.
O empresário Luis Pepe produz seis modelos de máquinas de folhear. O mais barato é capaz de folhear 50 mil peças por mês. O equipamento completo, com tanques e cabos, custa R$ 9 mil. O mercado não se limita à bijuteria – é bem mais amplo.
“Esta máquina serve para o pessoal que está querendo montar uma folheação pra bijuterias, desde pequeno porte. Aí vai aumentando a demanda e também pra acessórios, fivelas de cinto, de sapato, jarros de prata para buffet, bandejas e tudo mais”, explica Pepe.
O empresário Paulo Roberto Meneghin comprou a primeira máquina em 1984, e foi crescendo. Hoje tem 12 equipamentos. Junto com a mulher e a filha, ele faz folheação em todo tipo de peça.
A empresa barateou ainda mais o processo feito pela máquina. O flash de ouro deixa na peça uma camada quatro vezes mais fina do que a folheação tradicional, mais ou menos da grossura de um fio de cabelo. Aqui, o segredo é dar um banho final de verniz para fixar o metal.
“Uma peça, um crucifixo custa mais ou menos, de R$ 25 a R$ 30, com flash de ouro e verniz epóxi. Garantia de cinco anos. Um folheado a ouro deste aqui vai se pagar uns R$ 350”, conta Meneghin.
Quem entra no ramo de galvanoplastia precisa de uma licença da Cetesb, Polícia Civil, Federal e Ibama. A empresa é obrigada a tratar o resíduo que sai dos banhos químicos, para não contaminar o meio ambiente.
A empresa faz a folheação de 100 mil peças por mês. Tem mais de 50 clientes e fatura em média R$ 60 mil por mês.
“Eu acredito que esse mercado vai ser eterno. Enquanto existirem peças metálicas, vão ter coisas para restaurar”, diz a empresária Carla Meneghin.
Muitos clientes são colecionadores, como Jaime Sposito. Ele tem uma estante cheia de objetos antigos – ferro de passar, câmera fotográfica, moedor de carne e apontador de lápis. Mas esses não chegam nem aos pés do grande xodó dele.
A folheação ajudou a restaurar uma peça mais do que rara. Um carro de 1929 folheado a ouro. Farol, parachoque, parte da lataria, calota, estribo, e até dobradiças e parafusos. Jaime Sposito gastou R$ 15 mil. O investimento compensa: ele aluga o carro para eventos.
O carro faz o maior sucesso por onde passa. Apaixonados como ele garantem o sucesso do negócio de folheação.
“Eu já tive oferta até de R$ 120 mil”, diz ele sobre o carro. “Mas eu não vendo, ainda mais folheado a ouro. Isso é uma relíquia, é uma coisa de prazer mesmo. Não pode vender”.
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