Publicado
pela editora Kotter, "Grito Distante" mergulha em temas como
crescimento pessoal, eventos históricos recentes e a complexidade das
relações humanas
O escritor e doutorando em estudos literários mineiro Bruno Nogueira acaba de lançar seu mais recente romance, "Grito Distante", pela editora Kotter.
O livro, que se enquadra no gênero de romance de formação, acompanha a
trajetória de um jovem que cresce em meio a um cenário político
turbulento, refletindo sobre amizade, política, arte e a importância de
ouvir o outro.
A
narrativa, repleta de elementos autobiográficos, se passa em cidades
reais como Lagoa da Prata, Uberaba e Curitiba, e aborda eventos
históricos recentes, como as manifestações de 2013 e o "Massacre dos
Professores", em Curitiba. Com uma estrutura narrativa inovadora, o
livro explora a voz e a distância como temas centrais, destacando a
necessidade de superar barreiras e praticar alteridade.
O
romance vai além da simples narrativa de crescimento pessoal. Bruno
mergulha em temas como a polarização política, a depressão, o suicídio e
a importância da arte como ferramenta de transformação. O personagem
principal, Treino, vive em um ambiente onde amigos e familiares se
dividem entre visões políticas opostas, enquanto ele tenta encontrar seu
lugar no mundo.
A
amizade com Rodrigo, um personagem que lida com questões profundas como
o HIV e a depressão, é um dos pilares da história, mostrando como o
afastamento e o reencontro podem moldar vidas. "Seria delicioso poder
fazer arte pela arte, só pelo desenvolvimento de uma estética, de algo
belo… mas o mundo de hoje bate à porta e a gente se sente irresponsável
quando ignora por completo a política", reflete o autor. "Através da
escrita, eu estou agindo no mundo de alguma maneira, mesmo que
minúscula, mesmo que poucos vejam. Estou falando de ideias que me
parecem importantes, e fazendo isso, é como se tirasse das costas uma
responsabilidade", complementa.
Livro escrito ao longo de cinco anos
Segundo
ele, o processo de escrita do livro foi marcado por uma intensa
pesquisa e um método pouco convencional. Bruno começou a escrever com
uma ideia autobiográfica, mas a narrativa tomou rumos inesperados,
exigindo reescritas e adaptações ao longo de quase cinco anos.
O
autor buscou referências em obras literárias, filosóficas e científicas
para construir personagens e cenários verossímeis, desde a adolescência
de uma personagem feminina até os desafios de um jovem que vive com
HIV. A estrutura do livro também reflete os temas abordados: parágrafos
só aparecem quando há diálogo, simbolizando a importância da voz e do
ouvir, enquanto espaços em branco representam silêncios significativos.
Sobre
o processo criativo, Bruno comenta que "foi a coisa mais
'mal-planejada' que já escrevi, e por isso tive que reescrever muita
coisa. Mas, no fim das contas, o processo de produção do acabou muito
parecido com o próprio livro. Assim como o personagem vê certas coisas
conforme corre, e elas guiam seus pensamentos, fui descobrindo certas
coisas enquanto escrevia, e isso foi me guiando a novas páginas e
ideias".
Sobre o autor
Bruno
Nogueira é escritor, tradutor e doutorando em estudos literários pela
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Nascido em Lagoa da Prata, Minas
Gerais, ele vive atualmente entre Uberaba e Curitiba. Além de "Grito Distante",
Bruno é autor da coletânea de contos "A Síndrome do Impostor" e
roteirista do podcast "First Life". Sua trajetória profissional inclui
passagens como professor de inglês, tradutor de artigos científicos e
editor de textos acadêmicos. Com uma escrita marcada pela profundidade e
pela busca por formas narrativas que se adequem ao conteúdo, Bruno
Nogueira se consolida como uma voz importante na literatura
contemporânea brasileira.
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