Fernando Barros*
No
começo de 2017, na expectativa de tentar atrair um dos maiores
publicitários da História para trabalhar a imagem projetada pela
agricultura brasileira, estivemos no escritório de Washington Olivetto,
em São Paulo. O endereço da reunião foi cercado de muitos cuidados.
Desde seu sequestro, em 2001, Washington Olivetto tratava questões de
segurança de forma muito cautelosa.
Um clima de
cordialidade quase fraternal foi instalado de pronto, antes mesmo que o
cafezinho fosse servido. No primeiro contato ficou muito claro que a
simplicidade, humildade e o rito acolhedor eram marcas profundas na
atitude de ambos.
Paolinelli abriu a conversa com o
questionamento sobre o contraste entre as entregas que a agricultura
havia feito ao Brasil e a dificuldade resiliente de se trabalhar a sua
imagem diante da sociedade, no País e fora dele.
Olivetto
fez primeiro algumas considerações sobre o que acreditava ser o eixo de
sucesso de qualquer campanha publicitária: tem que atender aos objetivos
da marca; tem que ser adequada à mídia na qual é veiculada; “e tem que
virar papo de botequim, tem que entrar na cultura, na vida das pessoas”.
Parece
simples e óbvio. E é. O ensinamento, de profundas repercussões,
provavelmente marcou a visão do Ministro: é preciso haver uma conexão
entre o discurso de venda de qualquer produto e a sociedade. Daí porque a
proposta dos Polos Demonstrativos evoluiu a partir dos propósitos da
transparência e da credibilidade proporcionada pela aferição confiável.
Para
mim, o papo representou um sublime encantamento. No mesmo ano
conseguimos realizar no CNPq, com o apoio de Evaldo Vilela, o primeiro
Seminário do Brasil ( e seguramente um dos primeiros em todo o mundo)
sobre o tema: “Diálogo entre o Agro a Ciência e Sociedade”.
Mas, ao ser provocado se poderia contribuir diretamente com o propósito do Fórum do Futuro, Olivetto foi respondeu:
-
Todas as vezes que tentei trabalhar a imagem da agricultura esbarrei no
problema da representatividade. Nunca existe um interesse unificado.
Simplesmente, não consegui.
O momento é triste, mas nos
permite jogar uma luz sobre o significado histórico e estratégico do
Seminário Fórum do Futuro-Noruega, voltado para a promoção do diálogo
entre o Agro Sustentável brasileiro e a sociedade escandinava. Pela
primeira vez ousamos ir além do mercado, falar fora da bolha. Ou, na
síntese de outra genialidade, Dominique Wolton, “comunicar é negociar”.
E
só estamos conseguindo concretizar esse sonho porque visionários como
Cesar Souza acreditaram na receita deixada por Alysson/Olivetto e porque
temos o Paulo Romano como coautor da História e testemunha viva desse
legado.
O Fórum do Futuro levará a Oslo algumas das mais sólidas lideranças da Ciência e do empreendedorismo sustentável do Brasil, mas com o cuidado de conclamar pela empatia. Não vamos chutar a porta de ninguém impondo a nossa numerologia. Temos a convicção de que a única alternativa para enfrentarmos este momento complexo é a parceria, a visão colaborativa, transparente e orientada pelo interesse maior da humanidade.
O celular emprestou ao consumidor final a condição de
“decision makers”. A Ciência e os Negócios precisam encarar essa nova
realidade como uma oportunidade. Sabemos que o passado só retorna como
farsa. Bem-vindo a uma nova Era.
Algumas frases clássicas de Olivetto ajudam a construir um novo “mindset” para os desafios desta quadra do Século XXI:
“Toda publicidade é uma intromissão. E o mínimo que um intrometido deve ser é charmoso e bem-educado”.
“O cartão é mais importante do que as flores. Dois rapazes parecidos podem mandar flores iguais para uma mesma moça, mas certamente faz mais sucesso quem escreve o melhor cartão”.
“É bem melhor ser coautor de coisas brilhantes do que autor solitário de coisas medíocres”.
“Uma das grandes coisas que impedem, muitas vezes, de se fazer coisas brilhantes é o medo e a busca excessiva de segurança”.
“Mas difícil do que ter uma grande ideia é reconhecer uma. Especialmente se for de outra pessoa”.
*Fernando Barros - Jornalista e Diretor-Executivo do Instituto Fórum do Futuro
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