Durante a Fintouch 2024, especialistas defenderam um modelo de bancarização com critérios adaptados aos diferentes públicos
Em
um país com dimensões continentais, como o Brasil, o futuro digital
pode não ser a realidade de todos. Para a sócia e fundadora da Aarin
Tech-fin, Ticiana Amorim, mesmo que a discussão do momento seja a adoção
de Inteligência Artificial no mercado financeiro, o país ainda precisa
enfrentar outros desafios que mantêm milhões de brasileiros fora dos
bancos.
O tema foi discutido no evento Fintouch 2024, durante o painel Como o Onboarding Digital e os Meios de Pagamento Moldam o Futuro Financeiro. “Quando
estamos falando em tecnologia para finanças, é necessário sair da nossa
bolha e lembrar que nem todos têm proficiência no uso de celulares.
Ainda existem milhões de pessoas não bancarizadas ou sub-bancarizadas,
ou que precisam pegar uma balsa para acessar um banco e, em muitos
casos, sequer possuem banda larga para utilizar os apps”, destaca
Amorim.
A
mesa também contou com a participação do vice-presidente de Novos
Negócios na Visa, Eduardo Abreu; o VP of Corporate Affairs na Veritran
Brasil, Wagner Martins; e o Global Head Banking Industry Value Advisor
na Simetrik, Juan Pablo Cuevas.
Os
especialistas abordaram as tendências digitais no setor bancário, o
crescimento no número de contas e os critérios para o ingresso destes
novos clientes no sistema. Para os palestrantes, a pandemia e os bancos
digitais foram dois grandes responsáveis pelo aumento de pessoas
bancarizadas e essa necessidade precisou de adaptações para diferentes
realidades.
Wagner
Martins lembrou que, durante a pandemia da Covid-19, a Argentina viveu a
experiência de inserir 20 milhões de pessoas no sistema bancário. “A
população precisava abrir contas para receber os auxílios emergenciais
pagos durante esse período”, disse. Para se ter uma ideia, o Brasil
bancarizou 16,6 milhões de brasileiros durante a crise sanitária,
segundo dados do Banco Central. O número representa um crescimento de
10%, entre fevereiro de 2020 e dezembro de 2021.
Onboarding facilitado
Quando
se fala em inclusão digital, é preciso lembrar que nem todos têm os
documentos exigidos. Cientes da realidade na qual nem sempre as pessoas
têm nome limpo, CEP e comprovante de renda, os bancos vêm se adaptando e
criando outros critérios para a abertura de conta e concessão de
crédito, como a criação de um score próprio. “Você pode utilizar a
habilidade rentável no lugar de um comprovante de renda, por exemplo, se
uma pessoa é eletricista”, explica Wagner. O modelo já foi aprovado
pelo Banco Central e já funciona em várias comunidades brasileiras.
Outra
opção, conforme aponta Ticiana Amorim, é exigir somente o documento
mínimo para a abertura e solicitar os demais posteriormente, quando
ocorrer um pedido de empréstimo ou acesso a outro produto. “Se não
falamos com a população, não vamos entender. É preciso olhar com
profundidade para o consumidor”, explica.
Eduardo
Abreu disse que a oferta de cartões de crédito também segue este mesmo
modelo adaptado. Quando perguntado sobre o fim dos cartões de plástico,
ele foi enfático ao dizer que hoje temos muitos meios de pagamentos e
que os novos tornam ainda mais fácil essa bancarização, mas destacou que
cada um se sente seguro com o seu favorito. “Quem vai definir no final
do dia é o cliente”, disse Abreu.
Evolução da tecnologia também no B2B
A
segurança e agilidade nas transações vem mudando não só as relações com
os consumidores, mas também entre CNPJs. De acordo com a CEO da Aarin, o
Pix também modificará profundamente os setores financeiros das
empresas, com compensações bancárias instantâneas. “O Pix B2B virá com
muita força em 2025. Ele é conciliável automaticamente e essa
instantaneidade transformará os setores de contas a pagar e receber”,
finaliza.
Sobre a Aarin
A
Aarin é o primeiro hub tech-fin especializado em Pix e Embedded Finance
no Brasil. Atualmente faz parte do grupo Bradesco e fornece serviços
com enfoque financeiro incluso na experiência do usuário, possibilitando
que qualquer empresa possa prestar serviços financeiros para sua base
de clientes. Através do Smart Core, os negócios podem ofertar seus
próprios serviços financeiros sem que precisem ser um banco. Nascida em
Salvador (BA), a Aarin passou por M & A multimilionário com o grupo
Bradesco em agosto de 2022.
Nenhum comentário:
Postar um comentário