O
mês de setembro, marcado pela campanha Setembro Amarelo, traz à tona
discussões sobre a importância da saúde mental, especialmente no
ambiente de trabalho. Em um cenário corporativo cada vez mais
competitivo, o bem-estar emocional dos colaboradores ganha relevância e
exige atenção de lideranças e áreas de Recursos Humanos. Para aprofundar
essa discussão, Brasília será palco do evento 'People of The Future',
que reunirá especialistas e líderes em RH no mês de outubro para debater
as novas tendências na gestão de pessoas.
Entre
os palestrantes, Diana Soares, especialista em saúde mental e segurança
psicológica, traz sua própria experiência de transformação. Diana
compartilha como passou de uma liderança tóxica para uma defensora da
liderança humanizada e do autocuidado.
Liderança empática
Diana
Soares destaca que o papel do RH é essencial na criação de ambientes
que promovam a segurança psicológica. Para ela, "o RH deve ser o
principal incentivador de novas práticas e hábitos, como recriar o
glossário corporativo para evitar palavras que gerem medo ou
desconforto. Substituir 'erro' por 'falha' e celebrar falhas
inteligentes é essencial para que o ambiente se torne mais inclusivo e
acolhedor". Ela ainda reforça a necessidade de capacitar líderes para
que adotem uma postura mais humana e empática: "A liderança consciente
transforma a cultura organizacional ao valorizar o erro como parte do
processo de inovação."
Outro
ponto essencial, citado por ela, é ajudar a construir o Plano de
Desenvolvimento Individual (PDI) de maneira personalizada para cada
líder e acompanhar de perto a execução desse plano. De acordo com a
especialista, embora o RH não possa abarcar tudo nem acompanhar 100% da
liderança, pode adotar uma abordagem estratégica, focando nos líderes
que estão em processo de recuperação ou que necessitam de maior
desenvolvimento.
Da liderança tóxica ao autocuidado
Ela
compartilha um momento chave em sua vida profissional que a levou a uma
reflexão profunda sobre suas práticas como líder. "O ponto de virada
foi quando recebi um feedback durante uma avaliação de desempenho 360º.
Uma pessoa da minha equipe, que é muito especial para mim, deu um
feedback sincero sobre como meu comportamento tóxico estava afetando os
outros. Esse momento me fez enxergar a necessidade de mudança."
Após
essa experiência, ela buscou terapias, incluindo Comunicação Não
Violenta, e passou a adotar uma liderança mais consciente, voltada para o
bem-estar da equipe. Diana enfatiza que esse processo não aconteceu da
noite para o dia, mas foi o início de uma transformação que perdura há
mais de uma década.
Saúde mental e as exigências do mercado
No
contexto das novas demandas do mercado, Diana aponta que integrar saúde
mental e liderança humanizada é um grande desafio, mas também uma
oportunidade de evolução. “O maior desafio para integrar a saúde mental e
a liderança humanizada dentro das novas exigências de mercado está no
fato de serem conceitos relativamente novos. Se observarmos a história
da evolução das leis de proteção ao trabalhador, veremos que muitas
regulamentações, que hoje protegem os trabalhadores em aspectos básicos,
como a proteção física e o auxílio-doença, levaram décadas para serem
homologadas — 30, 40, 50, até 70 anos em alguns casos”, enfatiza.
Ela
reconhece que, nos últimos anos, especialmente em 2023 e agora em 2024,
houve grandes avanços, como a inclusão de doenças relacionadas à saúde
mental, como o burnout, no rol de doenças laborais reconhecidas pela
Organização Mundial de Saúde (OMS) e pelo Instituto Nacional do Seguro
Social (INSS). “O burnout já é considerado um acidente de trabalho, com
direitos diferenciados em relação a outros tipos de acidentes. Isso
representa uma vitória importante. O Ministério da Saúde também
reconheceu os riscos psicossociais como fatores que contribuem para o
adoecimento mental, muitos dos quais são causados pelos relacionamentos e
pelo ambiente de trabalho”, enfatiza.
Para
ela, esses avanços dos últimos dois anos trouxeram maior visibilidade
ao tema. “No entanto, ainda não existem, por exemplo, pesquisas
padronizadas, selos ou atestados que certificam as empresas que promovem
saúde mental e liderança humanizada de maneira estrutural. Apesar
disso, acredito que isso irá mudar e evoluir”, conclui.
O futuro do RH
O
evento 'People of The Future' surge como um espaço para discutir essas e
outras questões, conectando profissionais da área de RH e gestão de
pessoas com as mais recentes tendências e demandas do mercado.
Serviço:
O que: People of The Future
Quando: 9 de outubro, das 13:30 às 18:30
Onde: SebraeLab, Biotic, Parque Tecnológico de Brasília
Inscrições: Gratuitas e disponíveis online pelo site oficial do evento
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