Em
2004, Nova Iorque ainda se ressentia dos atentados terroristas às
torres gêmeas, que não cortavam mais o céu de Manhattan, quando um grupo
de grandes empresários brasileiros esteve na cidade para a tradicional
NRF, maior feita de varejo do mundo. Aquele evento, que culminou num
jantar entre este grupo de empresários, mudaria, para sempre, o varejo
brasileiro.
Até
então, falar em união entre os varejistas era utópico, afinal, como
concorrentes poderiam se unir se um queria vencer o outro, vender mais
do que o outro. No entanto, foi exatamente com este propósito, de união,
que surgiu o IDV (Instituto para Desenvolvimento do Varejo). E lá se
vão 20 anos de sua criação, completados agora, em 2024. Se aquele grupo
começou pequeno, já somos 69 empresas que, juntas, representam R$ 700
bilhões em vendas, sendo 20% de vendas on-line, geram mais 4 milhões de
empregos e possuem mais de 37 mil lojas e 886 centros logísticos de
distribuição nas mais diversas áreas: alimentação, perfumaria, material
de construção, farmácias, livrarias, móveis e eletro, supermercados,
vestuário e peças automotivas.
Aquele
sonho, que começou tímido, se fortaleceu, e o IDV, hoje, tornou-se a
mais representativa entidade do varejo formal brasileiro, sendo
“protagonista das mudanças estruturais do Brasil, promovendo o
desenvolvimento sustentável do varejo e contribuindo para a melhoria da
vida das pessoas”. Este é o nosso propósito.
Ao
longo desses últimos 20 anos, o IDV obteve uma série de conquistas para
o varejo e, claro, para o Brasil. Afinal, uma de nossas crenças é
exatamente essa: é bom para o varejo se for bom para o Brasil. Talvez
uma das mais importantes sejam as reformas estruturais, tanto a
trabalhista quanto a previdenciária, fundamentais para modernizar o
ambiente de trabalho e fomentar a produtividade. O IDV trabalhou
incansavelmente para que ambas fossem aprovadas, tendo participado de
diversas reuniões em Brasília com representantes dos três poderes,
executivo, legislativo e judiciário, dando sugestões de melhorias em
ambos os textos dessas reformas.
Outra
reforma importante, em tramitação no Congresso Nacional, é a
tributária, na qual nossa equipe de tributaristas, ligados às empresas
associadas, buscam garantir que as mudanças na legislação levem sempre
em consideração o impacto que causarão no varejo, mas, principalmente,
nos consumidores, que são os grandes protagonistas do setor varejista.
Também
participamos da construção de uma plataforma que tanto empresas quanto
consumidores podem acessar para resolver seus conflitos de relações
consumeristas, resultando no Consumidor.gov. Desde o início, em 2014,
incentivamos nossos associados a aderirem à plataforma, pois ela reduz a
distância entre empresas e consumidores, trazendo benefícios e evitando
ações judiciais.
Aliás,
o IDV se tornou a voz mais ouvida do varejo em Brasília e foi,
inclusive, um dos responsáveis pela criação de uma secretaria de
comércio no governo federal para tratar de assuntos exclusivos dos
varejistas. Nada mais justo para o setor que é o maior empregador
privado do país.
Durante
o recente período de pandemia, nossos associados fizeram um pacto de
não demitir ninguém, e ajudamos a envolver toda a sociedade civil para
que as vacinas chegassem mais rapidamente às pessoas. Com lojas
fechadas, fizemos todos os esforços para que os impactos negativos
fossem os menores possíveis.
Outro
tema que sempre esteve em nosso radar são os custos das operações com
cartões de crédito, no qual tivemos importante papel para a
implementação de medidas que reduziram esses custos, beneficiando
varejistas e, claro, consumidores.
Neste
ano, uma de nossas mais fortes atuações foi o apoio à criação do
Programa Remessa Conforme, e continua sendo com relação à taxação das
plataformas internacionais, pois não é possível uma empresa de fora
vender no Brasil sem pagar impostos como as empresas aqui instaladas. A
adoção do imposto de importação de 20% foi um primeiro passo, mas
sabemos que a alíquota precisa ser ainda maior para reduzir a
desigualdade tributária entre as empresas que operam no Brasil e os
varejistas internacionais, principalmente da Ásia. Ainda estamos na
metade do caminho na busca pela isonomia tributária.
Como
varejistas, sempre apostamos em dias melhores, principalmente com o
aumento da massa salarial, o crescimento da renda per capta, a melhora
na oferta de crédito, a queda no desemprego, a tendência de redução na
taxa de juros, a inflação controlada e a redução da sonegação, mas, para
isso, precisamos de estabilidade econômica e segurança jurídica.
Ao
defender e promover a formalização, contribuímos para a crescimento do
país, a geração de empregos formais e renda, que resultam em crédito
para a população. Toda esta nossa atuação demonstra o papel central do
IDV na transformação do varejo brasileiro e na criação de um ambiente de
negócios mais justo e eficiente, sempre em prol de um Brasil melhor
para todos.
Em
apenas 20 anos fizemos muito pelo varejo, mas queremos fazer muito mais
nos próximos 20 anos, relembrando sempre que somente será bom para o
varejo se for bom para o Brasil.
Jorge Gonçalves Filho, presidente do IDV – Instituto para Desenvolvimento do Varejo
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