O novo Marco Legal do Saneamento é a oportunidade para o avanço no tratamento de água e de soluções sustentáveis
André Ricardo Telles *
O
mercado de saneamento e tratamento de água e efluentes no Brasil está
passando por um período de profundas transformações. Impulsionado por
novas legislações, avanços tecnológicos e uma crescente demanda por
soluções sustentáveis, o setor enfrenta desafios, mas também inúmeras
oportunidades.
A aprovação do Novo Marco Legal do
Saneamento, em 2020, estabelece metas ambiciosas para a universalização
do acesso à água potável e ao esgotamento sanitário até 2033.
Para
que essas metas sejam alcançadas, é necessário que haja um esforço
conjunto de todos os stakeholders - governos, setor privado, sociedade
civil e comunidade científica - para desenvolver soluções que sejam ao
mesmo tempo inovadoras, sustentáveis e economicamente viáveis.
Esse
movimento está atraindo o interesse de empresas privadas, fundos de
investimento e players internacionais, resultando em um ambiente mais
competitivo e na busca por tecnologias inovadoras.
Com a
implementação do Novo Marco Legal do Saneamento, as expectativas de
investimentos no setor são altas. A modernização das infraestruturas de
saneamento requer a adoção de novas tecnologias que possibilitem um
tratamento mais eficiente e sustentável da água e dos efluentes.
Tecnologias de tratamento biológico avançado, sistemas de reuso de água e
processos de dessalinização estão ganhando destaque, assim como
soluções baseadas na natureza, que buscam integrar infraestrutura verde
com a cinza, promovendo maior resiliência ambiental.
As
empresas de saneamento estão sendo desafiadas a desenvolver soluções que
reduzam o consumo de energia e a emissão de gases de efeito estufa,
enquanto garantem a qualidade e a eficiência dos serviços prestados. A
digitalização e o uso de inteligência artificial para otimização de
processos e previsão de falhas são tendências que têm se consolidado no
setor, permitindo maior controle e redução de custos operacionais.
Além
disso, a abertura do mercado de saneamento para o investimento privado
tem gerado um aumento na competitividade, visto que os fundos de
investimento e grandes players internacionais veem o Brasil como um
mercado promissor, devido ao vasto déficit de saneamento e às
oportunidades de crescimento que ele apresenta.
No
entanto, essa competição crescente também impõe desafios, pois as
empresas precisam não apenas estar alinhadas com as exigências
regulatórias, mas também ser inovadoras para se destacar em um mercado
cada vez mais disputado.
Destaca-se também que o desafio
de universalizar o acesso ao saneamento básico em um país de dimensões
continentais como o Brasil exige uma abordagem diversificada. Regiões
com diferentes níveis de desenvolvimento econômico e social demandam
soluções customizadas, que atendam às especificidades locais e que sejam
economicamente viáveis. Isso cria um campo propício para parcerias
público-privadas, onde a colaboração entre governos e iniciativa privada
pode trazer investimentos necessários e expertise técnica para
viabilizar projetos de grande escala.
Essa evolução observada no mercado de saneamento e tratamento de água e efluentes no Brasil aponta para um cenário de contínua inovação e transformação. Com a implementação do Novo Marco Legal do Saneamento, o país tem uma oportunidade de avançar rumo à universalização dos serviços básicos de saneamento, promovendo uma expressiva melhoria na qualidade de vida da população e na proteção dos recursos naturais.
*André Ricardo Telles é CEO da Ecosan Sustentabilidade, empresa líder em engenharia das águas desde 1983, dedicada a transformar os desafios ambientais em soluções inovadoras.
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