MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 22 de maio de 2024

Restrição dos vapes não tem sido eficiente nos últimos anos, afirma ex-diretor da Anvisa

 


Senado Federal realizou nesta terça-feira audiência pública para discutir regulamentação dos cigarros eletrônicos 


“O Brasil precisa usar do consenso de que os produtos de tabaco fazem mal para perceber que uma regulamentação ostensiva dos cigarros eletrônicos seria uma medida eficiente”. Foi o que afirmou o ex-diretor da Anvisa, Dirceu Barbano, durante audiência pública que ocorreu no Senado Federal nesta terça-feira (21) que teve como objetivo discutir a criação de regras para a comercialização dos cigarros eletrônicos. Segundo ele, apesar de em 2009 ter defendido a proibição, hoje vê que tal medida não tem sido eficiente nos últimos anos.


O ex- diretor da Organização Mundial da Saúde (OMS), Jorge Alberto Costa e Silva, teve uma atuação de destaque na construção das políticas antitabagistas no Brasil e diz ser a favor da regulamentação dos cigarros eletrônicos. “Eu defendo a saúde das pessoas, principalmente dos mais desprotegidos. Quando você proíbe, não vê o que acontece”, afirmou. O especialista chamou atenção dos presentes para que o diálogo seja uma prioridade. “Sentem todos, dialoguem e achem uma solução. Se vocês não se entenderem, o Brasil é quem vai pagar a conta”, alertou.


Soraya Thronicke, relatora do projeto de lei (PL 5.008/2023) que prevê a criação de regras e motivou a audiência, chamou atenção para atuação do mercado ilegal que cresce em grande velocidade e lucra às custas da saúde da população. A senadora mostrou diversos tipos de produtos que hoje podem ser encontrados inclusive com apelo para crianças e adolescentes. “Na verdade, esses produtos estão liberados porque não estão proibidos. O que nós queremos é frear essa ilegalidade”, defendeu.


A farmacêutica e ex-diretora da Anvisa, Alessandra Bastos, destacou que com a regulamentação seria possível fazer estudos e trabalhar mais a educação com os adultos fumantes e principalmente com os jovens. “São mais de 80 países que têm regras para esse mesmo tema. O que estamos assistindo são crianças comprando coisas que não poderiam de fato ter acesso, pois estão nadando de braçada na irregularidade”, afirmou.


Alguns consumidores também estiveram presentes na audiência. Alexandro Lucian, consumidor e presidente do Diretório de Informações para Redução dos Danos do Tabagismo, afirmou que só quem já sofreu com a dependência do tabaco sabe a dificuldade de largar o vício. “Se existe uma porta para o cigarro eletrônico é a de saída do tabagismo, e não de entrada. Os dados comprovam isso. O consumo de jovens nos EUA caiu 60% do consumo de nicotina depois da regulação”, explicou.


O conselheiro da Associação Brasileira da Indústria do Fumo (Abifumo) e diretor de assuntos científicos e regulatórios da BAT Brasil, Lauro Anhezini, defendeu que a falta de regulamentação causa o aumento dos casos de doenças pulmonares, como EVALI, o crescente acesso indevido de crianças e adolescentes, bem como o financiamento do crime organizado. Para ele, a proibição também leva a perda de impostos, empregos e faturamento. “Quando falamos de regulamentação, falamos de regras. Quando falamos de proibição, falamos de omissão. Regulamentar é cuidar e proibir é negligenciar”, afirmou.


Impacto na economia e consumo


De acordo com a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG), a comercialização dos cigarros eletrônicos no país poderia gerar um aumento anual de R$ 3,4 bilhões na arrecadação do Governo Federal com impostos de importação. Além disso, poderiam ser gerados até 124,5 mil novos postos de trabalho formais e informais.


Atualmente proibidos no Brasil, os cigarros eletrônicos são consumidos por cerca de 3 milhões de brasileiros que ficam expostos a produtos de procedência desconhecida provindos do mercado ilegal. Um crescimento de 600% em relação ao número de 2018, que era de 500 mil pessoas, segundo dados do Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (Ipec).


A audiência pública foi promovida pelas comissões de Assuntos Econômicos (CAE), de Assuntos Sociais (CAS) e de Transparência e Fiscalização e Controle (CTFC). Após a reunião desta terça-feira, o próximo passo é o prosseguimento da tramitação do projeto de lei nas 3 comissões do Senado.


 




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