BLOG ORLANDO TAMBOSI
Para ambos, a mente de um indivíduo é determinada por sua classe social ou etnia. Artigo de Ludwig von Mises, publicado pelo Instituto Mises:
Nota do Editor:
Os
marxistas, incapazes de refutar as ideias de seus adversários e
incapazes até mesmo de validar as suas próprias ideias, se fundamentaram
no polilogismo para levar adiante sua ideologia.
Em
poucas palavras, o polilogismo é a crença de que há uma variedade de
formas de lógica, que estão subdivididas de acordo com as
características de grupos humanos. É uma crença inerentemente racista.
Esse polilogismo foi a base sobre a qual se assentou e avançou o nazismo
alemão, provocando consequências devastadoras sobre o povo judeu.
Hoje,
quase 80 anos após a queda do regime nazista, o antissemitismo ganhou
novo fôlego, em especial entre os adeptos da ideologia marxista. Os
ataques terroristas do dia 7 de outubro e a posterior guerra entre
Israel e Gaza na Faixa de Gaza foram o estopim para esse aumento do antissemitismo no Brasil. Falas do presidente Lula pioraram a situação.
No
artigo a seguir, Mises combate o polilogismo e denuncia sua origem.
"Trata-se da substituição da razão e da ciência pela superstição. É a
mentalidade característica de uma era caótica".
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O
marxismo afirma que a forma de pensar de uma pessoa é determinada pela
classe a que pertence. Toda classe social tem sua lógica própria. Logo, o
produto do pensamento de um determinado indivíduo não pode ser nada
além de um "disfarce ideológico" dos interesses egoístas da classe à
qual ele pertence.
A
tarefa de uma "sociologia do conhecimento", segundo os marxistas, é
desmascarar filosofias e teorias científicas e expor o seu vazio
"ideológico". A economia seria um expediente "burguês" e os economistas
são sicofantas do capital. Somente a sociedade sem classes da utopia
socialista substituirá as mentiras "ideológicas" pela verdade.
Este
polilogismo, posteriormente, assumiu várias outras formas. O
historicismo afirma que a estrutura lógica da ação e do pensamento
humano está sujeita a mudanças no curso da evolução histórica.O
polilogismo racial atribui a cada raça uma lógica própria.
O
polilogismo, portanto, é a crença de que há uma multiplicidade de
irreconciliáveis formas de lógica dentro da população humana, e estas
formas estão subdivididas em algumas características grupais.
Os
nazistas fizeram amplo uso do polilogismo. Mas os nazistas não
inventaram o polilogismo. Eles apenas criaram seu próprio estilo de
polilogismo.
A lógica da mente
Até
a metade do século XIX, ninguém se atrevia a questionar o fato de que a
estrutura lógica da mente era imutável e comum a todos os seres
humanos. Todas as interrelações humanas são baseadas nesta premissa de
que há uma estrutura lógica uniforme. Podemos dialogar uns com os outros
apenas porque podemos recorrer a algo em comum a todos nós: a estrutura
lógica da razão.
Alguns
homens têm a capacidade de pensar de forma mais profunda e refinada do
que outros. Há homens que infelizmente não conseguem compreender um
processo de inferência em cadeias lógicas de pensamento dedutivo. Mas,
considerando-se que um homem seja capaz de pensar e trilhar um processo
de pensamento discursivo, ele sempre aderirá aos mesmos princípios
fundamentais de raciocínio que são utilizados por todos os outros
homens.
Há
pessoas que não conseguem contar além de três; mas sua contagem, até
onde ele consegue ir, não difere da contagem de Gauss ou de Laplace.
Nenhum historiador ou viajante jamais nos trouxe nenhuma informação
sobre povos para quem A e não-A fossem idênticos, ou sobre povos que não
conseguissem perceber a diferença entre afirmação e negação.
Diariamente, é verdade, as pessoas violam os princípios lógicos da
razão. Mas qualquer um que se puser a examinar suas deduções de forma
competente será capaz de descobrir seus erros.
Uma
vez que todos consideram tais fatos inquestionáveis, os homens são
capazes de entrar em discussões e argumentações. Eles conversam entre
si, escrevem cartas e livros, tentam provar ou refutar. A cooperação
social e intelectual entre os homens seria impossível se a realidade não
fosse essa. Nossas mentes simplesmente não são capazes de imaginar um
mundo povoado por homens com estruturas lógicas distintas entre si ou
com estruturas lógicas diferentes da nossa.
Surge Marx
Mesmo
assim, durante o século XIX, este fato inquestionável foi contestado.
Marx e os marxistas, entre eles o "filósofo proletário" Dietzgen, ensinaram que o pensamento é determinado pela classe social do pensador.
O
que o pensamento produz não é a verdade, mas apenas "ideologias". Esta
palavra significa, no contexto da filosofia marxista, um disfarce dos
interesses egoístas da classe social à qual pertence o pensador. Por
conseguinte, seria inútil discutir qualquer coisa com pessoas de outra
classe social.
Não
seria necessário refutar ideologias por meio do raciocínio discursivo;
ideologias devem apenas ser desmascaradas, denunciando a classe e a
origem social de seus autores. Assim, os marxistas não discutem os
méritos das teorias científicas; eles simplesmente revelam a origem
"burguesa" dos cientistas.
Os
marxistas se refugiam no polilogismo porque não conseguem refutar com
métodos lógicos as teorias desenvolvidas pela ciência econômica
"burguesa"; tampouco conseguem responder às inferências derivadas destas
teorias, como as que demonstram a impossibilidade prática do
socialismo.
Dado
que não conseguiram demonstrar racionalmente a validade de suas idéias e
nem a invalidade das idéias de seus adversários, eles simplesmente
passaram a condenar os métodos lógicos. O sucesso deste estratagema
marxista foi sem precedentes. Ele se tornou uma blindagem contra
qualquer crítica racional à pseudo-economia e à pseudo-sociologia
marxistas. Ele fez com que todas as críticas racionais ao marxismo
fossem inócuas.
Foi justamente por causa dos truques do polilogismo que o estatismo conseguiu ganhar força no pensamento moderno.
O polilogismo é incoerente
O
polilogismo é tão inerentemente sem sentido, que é impossível levá-lo
consistentemente às suas últimas consequências lógicas. Nenhum marxista
foi corajoso o suficiente para derivar todas as conclusões que seu ponto
de vista epistemológico exige. O princípio do polilogismo levaria à
inferência de que os ensinamentos marxistas também não são objetivamente
verdadeiros, mas sim apenas afirmações "ideológicas". Mas isso os
marxistas negam. Eles reivindicam para suas próprias doutrinas o caráter
de verdade absoluta.
Dietzgen
ensina que "as idéias da lógica proletária não são idéias partidárias,
mas sim o resultado da mais pura e simples lógica". Ou seja, a lógica
proletária não é "ideologia", mas sim lógica absoluta. Os atuais
marxistas, que rotulam seus ensinamentos de sociologia do conhecimento,
dão provas de sofrerem desta mesma inconsistência.
Um de seus defensores, o professor Mannheim,
procura demonstrar que há certos homens, os "intelectuais
não-engajados", que possuem o dom de apreender a verdade sem serem
vítimas de erros ideológicos. Claro, o professor Mannheim está
convencido de que ele mesmo é o maior dos "intelectuais não-engajados".
Você simplesmente não pode refutá-lo. Se você discorda dele, você estará
apenas provando que não pertence à elite dos "intelectuais
não-engajados", e que seus pensamentos são meras tolices ideológicas.
Os nazistas copiaram a lógica
Os nacional-socialistas alemães tiveram de enfrentar o mesmo problema dos marxistas.
Eles
também não foram capazes nem de demonstrar a veracidade de suas
próprias declarações e nem de refutar as teorias da economia e da
praxeologia. Consequentemente, eles foram buscar abrigo no polilogismo,
já preparado para eles pelos marxistas.
Sim,
eles criaram sua própria marca de polilogismo. A estrutura lógica da
mente, diziam eles, é diferente para cada nação e para cada raça. Cada
raça ou nação possui sua própria lógica e, portanto, sua própria
economia, matemática, física etc. Porém, não menos inconsistente do que o
Professor Mannheim, o professor Tirala,
seu congênere defensor da epistemologia ariana, declara que as únicas
lógica e ciência verdadeiras, corretas e perenes são as arianas.
Aos
olhos dos marxistas, Ricardo, Freud, Bergson e Einstein estão errados
porque são burgueses; aos olhos dos nazistas, estão errados porque são
judeus. Um dos maiores objetivos dos nazistas é libertar a alma ariana
da poluição das filosofias ocidentais de Descartes, Hume e John Stuart
Mill. Eles estão em busca da ciência alemã arteigen, ou seja, da ciência
adequada às características raciais dos alemães.
Como
hipótese, suponhamos que as capacidades mentais do homem sejam
resultado de suas características corporais. Sim, não podemos demonstrar
a veracidade desta hipótese, mas também não é possível demonstrar a
veracidade da hipótese oposta, conforme expressada pela hipótese
teológica. Somos forçados a admitir que não sabemos como os pensamentos
surgem dos processos fisiológicos. Temos vagas noções dos danos causados
por traumatismos ou por outras lesões infligidas em certos órgãos do
copo; sabemos que tais danos podem restringir ou destruir por completo
as capacidades e funções mentais dos homens. Mas isso é tudo.
Seria
uma enorme insolência afirmar que as ciências naturais nos fornecem
informações a respeito da suposta diversidade da estrutura lógica da
mente. O polilogismo não pode ser derivado da fisiologia ou da anatomia,
e nem de nenhuma outra ciência natural.
Nazistas e marxistas têm o mesmo problema
Nem
o polilogismo marxista e nem o nazista conseguiram ir além de declarar
que a estrutura lógica da mente é diferente entre as várias classes ou
raças. Eles nunca se atreveram a demonstrar precisamente no quê a lógica
do proletariado difere da lógica da burguesia, ou no quê a lógica
ariana difere da lógica dos judeus ou dos ingleses.
Rejeitar
a teoria das vantagens comparativas de Ricardo ou a teoria da
relatividade de Einstein por causa das origens raciais de seus autores é
inócuo. Primeiro, seria necessário desenvolver um sistema de lógica
ariana que fosse diferente da lógica não-ariana. Depois, seria
necessário examinar, ponto a ponto, estas duas teorias concorrentes, e
mostrar onde, em cada raciocínio, são feitas inferências que são
inválidas do ponto de vista da lógica ariana mas corretas do ponto de
vista não-ariano. E, finalmente, seria necessário explicar a que tipo de
conclusão a substituição das erradas inferências não-arianas pelas
corretas inferências arianas deve chegar.
Mas
isso jamais foi e jamais será tentado por ninguém. O professor Tirala,
um loquaz defensor do racismo e do polilogismo ariano, não diz uma
palavra sobre a diferença entre a lógica ariana e a lógica não-ariana. O
polilogismo, seja ele marxista ou nazista, jamais entrou em detalhes.
O
polilogismo possui um método peculiar de lidar com opiniões
divergentes. Se seus defensores não forem capazes de descobrir as
origens e o histórico de um oponente, eles simplesmente o rotulam de
"traidor". Tanto marxistas quanto nazistas conhecem apenas duas
categorias de adversários: os alienados -- sejam eles membros de uma
classe não-proletária ou de uma raça não-ariana -- estão errados porque
são alienados; e os opositores que são de origem proletária ou ariana
estão errados porque são traidores.
Assim,
eles levianamente descartam o incômodo fato de que há divergências
entre os membros daquela que dizem ser sua classe ou sua raça.
Contradições nazistas
Os
nazistas gostam de contrastar a economia alemã com as economias
judaicas e anglo-saxônicas. Mas o que chamam de economia alemã não
difere em nada de algumas tendências observadas em outras economias. A
economia nacional-socialista foi moldada tendo por base os ensinamentos
do genovês Sismondi e dos socialistas franceses e ingleses. Alguns dos
mais velhos representantes desta suposta economia alemã apenas
importaram idéias estrangeiras para a Alemanha. Frederick List trouxe as
idéias de Alexander Hamilton à Alemanha; Hildebrand e Brentano
trouxeram as idéias dos primeiros socialistas ingleses. A economia alemã
arteigen é praticamente igual às tendências contemporâneas observadas
em outros países, como, por exemplo, o institucionalismo americano.
Por
outro lado, o que os nazistas chamam de economia ocidental -- e,
portanto, artfremd [estranho à raça] -- é em grande medida uma conquista
de homens a quem nem mesmo os nazistas podem negar o termo 'alemão'. Os
economistas nazistas gastaram muito tempo pesquisando a árvore
genealógica de Carl Menger à procura
de antepassados judeus; não conseguiram. É um despautério querer
explicar o conflito que há entre, de um lado, a genuína teoria econômica
e, de outro, o institucionalismo e o empiricismo histórico como se
fosse um conflito racial ou nacional.
Conclusão
O
polilogismo não é uma filosofia ou uma teoria epistemológica. É apenas
uma postura de fanáticos de mentalidade estreita que não conseguem
conceber que haja pessoas mais sensatas ou mais inteligentes que eles
próprios.
Tampouco
é o polilogismo algo científico. Trata-se da substituição da razão e da
ciência pela superstição. É a mentalidade característica de uma era
caótica.
Artigo extraído do livro Omnipotent Government: The Rise of Total State and Total War, originalmente publicado em 1944.
Postado há 2 hours ago por Orlando Tambosi
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