Resolução
traz mudanças significativas no cenário contábil e impacta diretamente
as organizações financeiras e demais entidades autorizadas a funcionar
pelo BACEN; lições aprendidas devem elucidar o cronograma para adequação
à norma
Clique aqui para visualizar a foto de Frank Fujisawa, Diretor de Negócios da Topaz São Paulo, abril de 2024 - A
IFRS-9, norma internacional que visa aprimorar a precisão na mensuração
das provisões para crédito, nas métricas para classificação de ativos
financeiros e em outros critérios contábeis para maior alinhamento e
transparência com as melhores práticas internacionais, deve ser
implementada pelas corporações financeiras, de acordo com a resolução
CMN 4.966/21, que entrará em vigor em 2025. Com o intuito de
compartilhar conhecimento e experiências de grandes instituições do
mercado financeiro brasileiro que estão em meio ao projeto de adequação
de suas plataformas internas e de terceiros, a Topaz,
uma das maiores empresas de tecnologia especializada em soluções
financeiras digitais da América Latina e que se destaca por liderar a
prestação de serviços para adaptação de clientes ao novo modelo com
agilidade e eficiência, promoveu webinar com algumas instruções que
podem ajudar a esclarecer os detalhes e as implicações desta importante
resolução.
Muitas dúvidas sobre o tema, inclusive se o Banco Central manterá o cronograma de implantação definitivo para 2025 e, outros grupos, em 2027,
bem como os desafios associados à sua implementação, ainda surgem. “As
lições aprendidas neste evento online prestam um serviço de utilidade
pública para os colegas empenhados em se adequar à diretriz ao longo
destes 18 meses de projeto”, elucida Frank Fujisawa, Diretor de Negócios
da Topaz, que conduziu o bate-papo com os convidados.
De acordo
com Everton Vieira, diretor da BIP Brasil, empresa de consultoria
referência sobre a 4.966 no mercado brasileiro, a expectativa é muito
baixa para que a IFRS-9 seja postergada. “O feedback que temos do BACEN é
que uma série de pleitos simplificaram alguns pontos da norma e o
próprio plano de contas foi postergado, uma parte dele, para 2027.
Ainda, uma série de itens foram flexibilizados ao longo do tempo, mas a
sinalização é de que ela será mantida, até porque há o fator adicional
da lei 14467, que trata de crédito tributário e está ligado à resolução,
que passa por rito de aprovação desconectado do BACEN, e sim, pelo
Congresso”, explicou.
Representando o sistema intercooperativo como um todo, Danilo Rocha e Silva, Head
de Risco do Sicredi, avalia a previsão remota de que o BACEN irá
estender as datas da 4.966, inclusive com o arcabouço da regulamentação
do novo Cosif, que já foi emitida. “Tudo o que está existindo são
pleitos de correção e, agora, o mercado está se envolvendo e estamos
entrando a fundo em diversas questões”. Danilo revela a complexidade da
adequação à norma, dado o volume de entidades dentro de um conglomerado
de sistema cooperativo. “Correções estão sendo feitas, com algumas
assimetrias e algumas particularidades do Banco Central e, por enquanto,
nada da prorrogação da norma”.
Na opinião de Édipo Santos,
gerente de Operações de Tesouraria do Bradesco, a alteração que está
sendo proposta pelo BACEN no sistema de contas do novo Cosif é
extremamente radical em uma estrutura contábil que vigora no país há
quase 60 anos. “Temos no Cosif bastante modificações de contas e
conceitos e, apesar de estarmos levando todas as dificuldades ao Banco
Central, ele segue irredutível para 2025”.
Levando em conta de que três meses do ano já se passaram e com base nas lições aprendidas até aqui, o webinar da Topaz levantou outra questão: o que as instituições devem fazer daqui para frente para conseguir começar o ano devidamente adequadas.
Para Everton Vieira, num período que faltam nove meses para implantar a
resolução, “rodar em paralelo” pode ser um teste para checar detalhes
como o processamento que saiu errado, o número que não saiu correto ou
uma contabilização que não ficou clara. “Quando fazemos uma reflexão
histórica, trabalhamos com uma ordem cronológica dos fatos, que era ter
um diagnóstico, um plano de implementação, entrar em detalhes de
definições técnicas com os times de crédito, contabilidade, de finanças,
tesouraria e definir quais são as categorizações, reestruturação,
renegociação, para ter essa regra de negócio e entregar para o time de
tecnologia desenvolver, pois, o grande ofensor que vejo hoje é o tempo
de desenvolvimento. É um projeto corporativo”.
Sobre as batalhas que devem ser vencidas até dezembro de 2024,
Danilo, do Sicredi, diz que a nova norma está revolucionando a prática
contábil para a parte de finanças. “É uma forma diferente de enxergar a
contabilidade, um trabalho abrangente em todas as áreas da corporação,
que deve estar em comunicação com as necessidades da norma, com as
atualizações e com o prazo, algo crucial, já que estamos acabando o
primeiro trimestre: é um momento de entrar em linhas de desenvolvimento,
linhas de homologação para acompanhar a produção e a pós-produção desse
projeto. São 20 anos de padrões na contabilidade que estão sendo
modificados. É mudança histórica no mercado financeiro”.
Rodrigo
Souza Mattos, gerente de Operações de Tesouraria do Bradesco, afirmou
que o desafio é muito grande, pois a contabilidade está mexendo com toda
a cadeia da operação. “Estamos em um momento de ajuste fino, no qual o
desenvolvimento já deve estar todo concluído. Não são só sistemas
contábeis que estão sendo alterados, mas sim, sistemas de front, de
apuração, de risco, de controladoria, enfim, são muitas áreas
envolvidas”. Mattos também sinaliza que quem não está nesse ponto
precisa acelerar e ter muito claro cada item da norma. “Para as
instituições que têm vendor foi mais fácil, pois contribui no
debate e na solução sistêmica – se desenvolveu mais e está numa etapa
melhor, já indo para uma validação da regra que já foi passada e já com
algum material sendo disponibilizado”.
Édipo, do Bradesco,
enfatiza que é preciso se certificar de estar fazendo um planejamento
com visão globalizada do processo da instituição. “Temos que ter certeza
de que o que foi realizado contemplou todas as áreas da instituição,
pois essas alterações da norma vão impactar toda a cadeia”.
As discussões do webinar se estenderam também à lupa
do BACEN nas organizações durante este ano para saber o grau de
maturidade e alcançarem o objetivo para começarem 2025 devidamente
adequadas à norma. Everton Vieira afirma que o Banco Central já
tem um monitoramento para saber como as companhias estão investindo
recursos para a migração de aspectos regulatórios e como estão
estruturadas para esse desafio. “Uma grande preocupação do órgão é a
questão do risco sistêmico. Ao partir para um modelo simplificado, as
companhias deverão ter uma autorização prévia para ir à modelagem
completa, na qual serão avaliados desde a qualidade do sistema,
processos estruturados, até a robustez das equipes de risco e finanças.
Embora as grandes empresas tenham mais potencial de impacto, o mercado
brasileiro é muito pulverizado e boa parte dessas organizações, não só
as maiores, já estão no radar do Banco Central para essa fiscalização”,
comenta.
O executivo do Sicredi argumenta que o Banco Central
deixa muito claro que quer ver três principais características em todas
as instituições que estão dentro do plano IFRS-9. São elas:
1 – Políticas e formalização – tudo deve ser formalizado, como por exemplo, atas de assembleias e processos;
2
– Consistência – processo de validações e de integridade. Em relação à
perda esperada, o BACEN espera que tenham processos de validação de
modelos para manter a robustez na mensuração.
3 – Controles – que é onde entram os fornecedores: controles dentro de todos os processos para cobrir a 4.966. Rodrigo
Mattos chama a atenção para a alteração nas políticas internas de
instituições. “Haverá muitos processos ou forma de fazer diferente. Essa
atualização não deve ser negligenciada. Tentamos sensibilizar as
organizações sobre deixar tudo formalizado”. Olhando para a parte
contábil, Édipo Santos diz que o Banco Central trará uma visão com viés
de risco, “principalmente com a inclusão dos estágios nas contas de
compensação”.
Para Frank Fujisawa da Topaz, a norma da
contabilidade exige providências imediatas por parte das instituições
financeiras. “Nossos produtos já estão preparados para a regulação da
nova regra – de bancos tradicionais a fintechs. Quase todos os serviços
financeiros vigentes serão impactados, como revisão de políticas e até a
reorganização da estrutura de operações monetárias, assim como o dia a
dia dos negócios. Estamos um passo à frente para auxiliar nossos
clientes nesse momento”, analisa.
Perda esperada e taxa efetiva de juros
Os
agrupamentos de diretrizes da nova norma têm oito ou nove grandes
grupos de temas. Outra questão que surgiu durante o webinar da Topaz foi
qual desses temas tem sido mais difícil para as instituições afrontarem e o que deveriam fazer para resolvê-las.
A taxa efetiva é um dos maiores impasses para Everton Vieira.
“Verificamos que o nível de criticidade, há um ano, era menor. Com todo o
levantamento de despesas, receitas, comissões e tarifas que serão
incorporadas para uma avaliação qualitativa e documentar em políticas e
normas, fazer o teste de materialidade e depois implementar todo esse
material dentro da norma e do ambiente da companhia para alimentar um
sistema legado, calcular a taxa efetiva, a questão fiscal, entre outros,
é um desafio operacional muito grande”, ressalta.
“Temos
algumas questões da perda esperada referente à TVM, o risco de crédito
que já está implícito na marcação do mercado, o que acaba tendo um
conflito nos dois temas. É um desafio equalizar isso na forma contábil e
que atenda à norma”, diz Édipo Santos. “Já a questão da taxa efetiva de
juros parece ser simples, mas não é, principalmente em relação a
passivos financeiros, em que precisamos fazer essa taxa de juros pela
metodologia completa. Operacionalizar isso no sistema não é uma tarefa
tão fácil, dependendo do volume de operações que a instituição tem”.
Rodrigo
Mattos ainda reforça a complexidade da cadeia na questão de um ativo
problemático ser reestruturado, precisar recalcular a taxa de juros
efetiva para achar uma perda, pois há um desafio em como implementá-lo
no sistema com exatidão. “Discutimos muito sobre isso, pois é preciso
fazer cálculos da taxa antes e depois da reestruturação, e a informação
da perda o Banco Central vai pedir”.
Danilo Rocha diz que a taxa
efetiva de juros é um dos pontos críticos para as cooperativas. “Estamos
falando de sistemas legados, em que é difícil fazer essa alteração, mas
o Banco Central trouxe a facilidade na metodologia proporcional, em que
não é preciso mexer tanto no sistema para poder modificar toda a
estrutura que já existe de cada operação”. O novo Cosif também é um
ponto de atenção para os cooperados. “A nova estrutura do Cosif é muito
voltada para a mudança do IFRS-9. Rever todos os roteiros contábeis e
adequá-los aos novos eventos trazidos pela norma exigem um trabalho
massivo com relação à estruturação contábil”, conclui. Sobre a Topaz A
Topaz é uma das maiores empresas de tecnologia especializada em
soluções financeiras digitais da América Latina, com a plataforma
tecnológica mais completa e aderente do mercado e parte do Grupo
Stefanini. Com mais de 30 anos de experiência, está presente em 25
países, com mais de 290 clientes de diversos portes e segmentos. Oferece
uma plataforma Full Banking, End To End, que concede o melhor Time to
Market ao mercado com soluções desde core bancário à efetivação das
transações com segurança. Focada em pessoas e na tecnologia feita por
elas, tem como propósito ser o principal alicerce para a evolução dos
negócios e das conexões digitais no mundo financeiro.
DFreire Comunicação e Negócios – Agência de comunicação da Topaz Luciana Abritta - lucianaabritta@dfreire.com.br Marcela Martinez - marcelamartinez@dfreire.com.br Vanessa Sanchez - vanessa@dfreire.com.br |
Nenhum comentário:
Postar um comentário