MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Governo recebeu da Abiquim o pedido de inclusão de 65 produtos químicos na Lista de Elevações Transitórias e consulta pública se encerra nessa quinta-feira (25)

 


 

Em uma semana de importância crítica para a indústria química, os holofotes se voltam para o governo no momento em que se encerra uma consulta pública que moldará o futuro do setor. Nessa quinta-feira (25), o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) conclui o prazo para contribuições sobre os itens a serem incluídos na Lista de Elevações Transitórias à Tarifa Externa Comum (TEC). Na prática, esse inventário deve incluir 65 produtos químicos que sofrem com as importações predatórias e elevar seus impostos de entrada no país, dando um respiro para o setor que já enfrenta paralisia em suas plantas.

Recolhimento de tributos da indústria química recuou R$ 8 bilhões no ano de 2023


A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) tem apresentado ao governo as consequências de um aumento anômalo na entrada de produtos químicos “sujos” no país, principalmente vindos da Ásia, afetando de forma acentuada a produção brasileira. As importações, em volume, desses 65 produtos mais críticos cresceram expressivos 31,2% no ano passado. Essa situação, entre outros fatores, gerou um nível de ociosidade local de 36%, o pior patamar dessa cadeia dos últimos 30 anos.
 

Como solução emergencial, a Abiquim defende que a Lista Transitória é necessária para superar esse cenário e impulsionar o crescimento econômico do país, além de aumentar a competitividade do setor e evitar a paralisação de fábricas. Conforme registros da Abiquim, nos últimos meses, algumas empresas optaram por paralisar suas atividades para manutenções preventivas, enquanto outras consideram a hibernação de suas plantas, tornando o risco uma realidade. Essas plantas, uma vez paralisadas, dado o processo produtivo específico do setor, dificilmente retomarão as atividades, podendo trazer impactos negativos à indústria, mas sobretudo ao país, em razão dos efeitos do forte encadeamento que a química possui na economia como um todo.
 

Esse cenário é traduzido pelos primeiros números de 2024, os quais apontam que o setor químico operou com 64% da sua capacidade instalada no primeiro bimestre - dois pontos percentuais abaixo da média do mesmo período de 2023 (66%). O uso da capacidade permanece no patamar médio de 2023, nível completamente inadequado para o perfil de operações do setor e o mais baixo de toda a série histórica da Abiquim.
 

Além de trazer novo fôlego para as indústrias, o instrumento da lista transitória pode, ainda, refletir na arrecadação do país. Em 2023, por exemplo, o recolhimento de tributos federais advindos da indústria química recuou em R$ 8 bilhões, o que significa queda também em investimentos em políticas públicas locais. “Isso representa menos recursos para nossa saúde, para a educação, investimentos em moradias, segurança para nossas famílias e tantos outros benefícios que o Brasil perde”, completa o Presidente Executivo da Abiquim, André Passos Cordeiro. A Associação estima que, com a aprovação dos produtos na lista, a arrecadação direta do setor pode ser ampliada em R$ 12 bilhões em um ano e gerar um impacto adicional na arrecadação de toda a economia de R$ 42 bilhões, incluindo os impactos diretos, indiretos e efeito renda.
 

Indústria brasileira mais forte
 

André Passos ressalta que que a indústria química opera em escala global, tornando a competitividade uma necessidade. “Garantir medidas fiscais protetivas é vital para manter a operação das cadeias de produção e atrair novos investimentos para o país”, completa.
 

Como exemplo, o presidente da Abiquim cita as recentes soluções relacionadas a impostos de importação adotadas pelos Estados Unidos, que têm refletido na melhora do cenário. Por lá, apesar do avanço agressivo das exportações por parte dos países asiáticos, a queda da produção em 2023 foi de -1%, enquanto no Brasil esse índice passou chegou a quase -10%.
 

A química norte-americana conta com o benefício de ter um custo de produção significativamente menor que o brasileiro. Por lá, o gás natural, principal matéria-prima petroquímica no mundo, responsável por 60 a 80% dos custos de produção, é pelo menos 700% mais barato. Mesmo assim, o país adotou aumento de impostos de importação acima da casa dos 30% para defender seu mercado da concorrência desleal. A taxação para alguns insumos, como Fenol, Resinas e Adípico, por exemplo, ultrapassa os três dígitos.
 

“Aqui, estamos sugerindo uma elevação de, no máximo, 12,6% para os produtos mais afetados. Lembrando que é uma medida de proteção tarifária temporária. Precisamos ter esse respiro para a indústria se recuperar”, argumenta André Passos.
 

Empresas buscam estímulo à competitividade
 

Para Roberto Noronha Santos, CEO da Unigel, a lista transitória reorganiza uma questão estruturante ao crescimento de um segmento essencial à economia brasileira. “É uma iniciativa muito importante que contribui para a proteção da indústria química. Só é possível gerar empregos sustentáveis e renda para o Brasil com uma indústria forte que produza resultados e realize novos investimentos”, ressalta.
 

A falta de competitividade está diretamente relacionada à ausência de uma matéria-prima competitiva e o alto custo para se produzir no Brasil, considerando ainda a insegurança jurídica e o modelo tributário, aspectos que acabam por justificar o elevado nível das importações que ocupa hoje mais de 50% da demanda do mercado interno. “É urgente rompermos com esse ciclo. Não podemos deixar a indústria química morrer. Enquanto não melhorar a competitividade, precisamos proteger a indústria brasileira”, declara Noronha.
 

CEO da Rhodia na América Latina e Presidente Global da Unidade de Negócios Coatis, Daniela Manique recorda que o cenário mundial de químicos e petroquímicos está passando por um momento muito difícil, “com ataques perversos de países que vendem abaixo de seus custos apenas para exportar suas produções sem nenhum racional, o que exige medidas extraordinárias.” Para a executiva, o Brasil, que tem a sexta maior indústria química do mundo, tem que se proteger das ofensivas desleais, aprovando a inclusão dos químicos atacados por surtos de importação a preços vis. “Isso é de interesse público e um movimento necessário na direção da reindustrialização do país, enquanto combate a importação predatória de produtos químicos com matrizes produtivas insustentáveis ambiental e socialmente, garantindo a manutenção e geração de empregos de qualidade no Brasil e promovendo um constante aprimoramento da competitividade e da sustentabilidade da nossa indústria", conclui.
 

Sustentabilidade
 

Ainda no contexto mundial, a química brasileira, segundo a Associação, é a mais sustentável do mundo e líder em produtos renováveis – sua produção é menos carbono intensiva quando comparada com a produção na Europa (entre 5 e 35% menos) e o resto do mundo (entre 15 e 51% menos). Isto se deve ao fato de a matriz elétrica brasileira ser composta por 82,9% de fontes renováveis – no mundo, essa média é de 28,6% – e aos esforços históricos empreendidos pelo setor no Brasil na busca de processos mais eficientes.
 

Já os produtos que chegam da Ásia, são manufaturados com base em legislações ambientais que não atendem aos parâmetros brasileiros, utilizando carvão e derivados fósseis mais poluente do que aqueles utilizados no Brasil, comprometendo anos de trabalhos desenvolvidos por aqui.
 

Próximos passos
 

Após o fim da consulta do pública do MDIC, acontece a 48ª Reunião do Comitê de Alterações Tarifárias, no dia 30 de abril. Com base nas manifestações apresentadas à consulta pública, esse colegiado fará as recomendações para o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Gecex-Camex) quanto a inclusão ou não dos produtos na lista que eleva os impostos.
 

O presidente da Abiquim insta às autoridades que se sensibilizem para o momento do setor químico, encaminhando apontamentos favoráveis aos 65 itens prejudicados na balança comercial. “Avaliamos com bastante atenção os critérios objetivos de admissibilidade contra surtos de importações da química e levamos em conta todos os fatores estruturais e conjunturais. Agora, contamos que o governo se sensibilize para implementar essas políticas que será temporária e beneficiará toda a cadeia produtiva nacional”, acrescenta. 
 

Abiquim – Completando 60 anos em 2024, a Associação Brasileira da Indústria Química é uma entidade sem fins lucrativos que congrega indústrias químicas de grande, médio e pequeno portes, bem como prestadores de serviços ao setor químico nas áreas de logística, transporte, gerenciamento de resíduos e atendimento a emergências. A Associação realiza o acompanhamento estatístico do setor, promove estudos específicos sobre as atividades e produtos da indústria química, acompanha e contribui ativamente para as mudanças na legislação em prol da competitividade e desenvolvimento do setor e assessora as empresas associadas em assuntos econômicos, técnicos e de comércio exterior. Ao longo dessas seis décadas de existência representando o setor químico, a Abiquim segue com voz ativa, dialogando com seus stakeholders e buscando soluções para que a indústria química brasileira faça o que vem fazendo de melhor: ser a indústria das indústrias.
 

Sobre a Indústria Química
 

Provedora de matérias-primas e soluções para diversos setores econômicos - agricultura, transporte, automobilístico, construção civil, saúde, higiene e até aeroespacial - a indústria química instalada no Brasil é a mais sustentável do mundo. Para cada tonelada de químicos produzida, ela emite de 5% a 51% menos CO2 em comparação a concorrentes internacionais, além de possuir uma matriz elétrica composta por 82,9% de fontes renováveis – no mundo, essa média é de 28,6%. Esta marca só foi possível graças a uma série de pesquisas, inovações e melhorias que foram introduzidas pela química ao longo dos anos, paulatinamente, como a eletrificação de equipamentos e produção in loco de energia renovável, bem como a migração de fontes fósseis para insumos alternativos, como o etanol.

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