Em 2016, o impensável aconteceu, e ainda estamos lidando com as
consequências quatro anos depois. Artigo de David Harsanyi para a
National Review, traduzido para a Gazeta:
Seria melhor se as pessoas que estão compartilhando a hashtag
#Obamagate no Twitter evitassem a histeria que vimos com aqueles que
acreditavam no conluio com a Rússia, mas elas não têm motivos para
ignorar as crescentes evidências que indicam que o governo Obama se
envolveu em um caso grave de corrupção.
Os democratas e seus aliados, que gostam de fingir que o único ato
escandaloso do presidente Obama foi usar um terno marrom, vão passar os
próximos meses confundindo o público, concentrando-se nas acusações mais
inflamadas contra Obama. Mas o fato é que já temos mais evidências
convincentes do que jamais tivemos de que o governo Obama se envolveu em
má conduta ao abrir a investigação de conluio com a Rússia.
Não é fomentar conspiração notar que a investigação sobre Trump foi
baseada em um documento da oposição cheio de fabulismo e, provavelmente,
de desinformação russa. Sabemos que o Departamento de Justiça reteve
evidências contraditórias quando começou a espionar aqueles que estavam
na órbita de Trump. Temos provas de que muitos dos mandados relevantes
do Fisa (Tribunal de Vigilância de Inteligência Estrangeira dos EUA) -
quase todos, na verdade - foram baseados em evidências "fabricadas" ou
repletas de erros. Sabemos que membros do governo Obama, que não tinham
um papel genuíno nas operações de contra-inteligência, desmascararam
repetidamente os aliados de Trump. E agora sabemos que, apesar da
escassez de evidências, o FBI levou Michael Flynn a uma declaração de
culpa, de modo a manter a investigação em andamento.
Além disso, o contexto maior apenas torna todos esses fatos mais
contundentes. Em 2016, a comunidade de inteligência do governo Obama
normalizou a espionagem doméstica. O diretor de inteligência nacional de
Obama, James Clapper, mentiu no Congresso sobre bisbilhotar cidadãos
americanos. Seu diretor da CIA, John Brennan, supervisionou uma agência
que se sentia confortável espionando o Senado, e pelo menos cinco de
seus subordinados invadiram arquivos de computador do Congresso. Seu
procurador-geral, Eric Holder, invocou a Lei de Espionagem para espionar
um jornalista da Fox News, levando seu caso para três juízes até
encontrar um que o deixasse designar o repórter como co-conspirador. O
governo Obama também espionou repórteres da Associated Press, o que a
organização de notícias chamou de "intrusão enorme e sem precedentes".
E, embora o fato tenha sido esquecido há muito tempo, autoridades de
Obama foram flagradas monitorando as conversas dos membros do Congresso
que se opunham ao acordo nuclear do Irã.
O que faz alguém acreditar que essas pessoas não criariam um pretexto
para espionar o partido da oposição? Se alguém acredita nisso, não
deveria, porque, além de tudo, sabemos que Barack Obama estava
profundamente interessado no progresso da investigação sobre o conluio
com a Rússia.
Em sua última hora no cargo, a conselheira de segurança nacional
Susan Rice escreveu um e-mail a si mesma, para se autopreservar,
mencionando que havia participado de uma reunião com o presidente, a
vice-procuradora-geral Sally Yates, o diretor do FBI James Comey e o
vice-presidente Joe Biden, na qual Obama enfatizou que tudo na
investigação deveria prosseguir "segundo as regras".
As autoridades de alto escalão da administração Obama não conduziam
essas investigações sempre segundo as regras? É curioso que eles
precisassem ser especificamente instruídos a fazer isso. Também é
curioso que a conselheira de segurança que estava de partida, 15 minutos
após a posse de Trump como presidente, precisasse mencionar essa
reunião.
Nada disso significa que Obama cometeu algum crime específico; ele
quase certamente não cometeu. Em um ambiente de mídia saudável, porém,
as crescentes evidências de irregularidades provocariam uma onda de
curiosidade jornalística.
"Mas", você pode perguntar, "por que isso ainda importa?" Bem, para
começar, muitos dos mesmos personagens centrais a toda essa aparente má
conduta agora querem retomar o poder em Washington. Biden é o presumido
candidato presidencial do Partido Democrata, ele está concorrendo como
herdeiro do legado de Obama, e ele estava naquela reunião com Rice. Ele
negou até que tinha conhecimento de alguma coisa sobre a investigação do
FBI sobre Flynn até que foi forçado a se corrigir, depois que o
apresentador George Stephanopoulos, da ABC, apontou que ele foi
mencionado no e-mail de Rice. É completamente legítimo perguntar-se o
que ele sabia sobre a investigação.
Os céticos gostam de ressaltar que o governo Obama não tinha motivos
para se envolver em abusos, porque os democratas tinham certeza de que
iriam vencer. Richard Nixon venceu em 49 estados em 1972. Seus comparsas
não precisavam invadir os escritórios do Comitê Nacional Democrata e
causar o Watergate. Mas, como observaram os agentes do FBI envolvidos no
caso, eles queriam ter uma "apólice de seguro" se o impensável
acontecesse.
Em 2016, o impensável aconteceu, e ainda estamos lidando com as
consequências quatro anos depois. Não sabemos onde esse escândalo vai
acabar, mas não é preciso ser um teórico da conspiração para se
questionar.
BLOG ORLANDO TAMBOSI

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