MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Centro enfrenta o desafio de encontrar nome que possa rivalizar com Bolsonaro e Lula


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Charge do Nani (nanihumor)
Rodolfo Costa, Ingrid Soares e Bernardo Bittar
Correio Braziliense

O centro político tem estrutura partidária, recursos e candidaturas potencialmente fortes para a disputa das eleições de 2020 e 2022, mas vai precisar mais do que isso para romper a polarização, sobretudo nas capitais. Para ter alguma chance de derrubar candidaturas de esquerda ou de direita — sobretudo na disputa presidencial, daqui a três anos —, será preciso construir união em torno de um nome com poder de liderança e com ideologia e gestão bem definidas.
A formatação de uma candidatura centrista para as eleições presidenciais passa, inevitavelmente, por 2020. O pleito para prefeitos e vereadores é o principal recurso no curto prazo para pavimentar o processo, sustenta o estrategista eleitoral Rosano Garbin, sócio da consultoria Lógicas, Táticas e Estratégias.
CAIXA DE RESSONÂNCIA – “A eleição de 2020 é um passo necessário para ter uma caixa de ressonância nos municípios que espalhe suas políticas. Do contrário, não vão ter narrativa para convencer a população”, alerta.
No papel, é possível o centro romper a polarização e emplacar um candidato. As viagens feitas pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), sinalizam movimentos na busca por protagonismo. Contudo, Garbin acredita que ele não tem a liderança popular necessária. “O centro faz de tudo para ter espaço, mas, dificilmente, vai ter isso, porque não há uma grande liderança. O ACM Neto (prefeito de Salvador e presidente do DEM), por melhor que seja, não reproduz a influência do ACM ‘vô’”, justifica.
Outra qualidade que o centro precisará mostrar é a defesa de uma ideologia bem construída, seja de esquerda, seja de direita. É o que faz, por exemplo, o presidente Jair Bolsonaro, com uma narrativa em defesa dos valores familiares, cristãos e, mais recentemente, desde as eleições, da liberdade econômica.
ECONOMIA LIBERAL – Na visão do governo, só uma postura semelhante ameaçaria sua reeleição. Para a esquerda, o centro precisa flexibilizar a defesa da política econômica liberal e buscar um equilíbrio mais próximo do social. Caso contrário, ambos os polos acreditam que a disputa em 2022 ficará, novamente, entre os extremos.
Contudo, por mais que o centro — especialmente a centro-direita — busque fórmulas diferentes em busca da vitória, é muito improvável superar a polarização no cenário atual. É o que avalia o senador Esperidião Amin (PP-SC), líder do bloco parlamentar Unidos pelo Brasil, que representa quase 1/4 do Senado.
“Neste momento, é impossível furar. Por quê? Porque Lula é o grande vitorioso por sair? Não. Ele sofreu sua maior derrota ao sair da cadeia. O único beneficiário disso tudo foi o Bolsonaro. Viu que ele já até ficou com bom humor depois disso? Ele não precisou dizer nada. O Lula falou por ele, e consumou a polarização”, avalia.
CHAPA ÚNICA – O senador Amin afirma que todos no centro estarão elaborando candidaturas em 2020 pensando em 2022 e admite haver uma procura para definir uma chapa única do centro. “Tem dois ou três tentando se habilitar. O centro pode ser uma solução, gostaria que fosse, mas, neste cenário, não tem terceiro lugar. Se mudar o cenário, aí é outra avaliação, não sou profeta”, frisa Amin.
Já o senador Otto Alencar (PSD-BA), líder do partido na Casa, é mais otimista. Na opinião dele, a polarização não fecha as portas para o surgimento de um candidato de centro. Nomes como Maia, o governador de São Paulo, João Doria, o apresentador Luciano Huck e o ex-ministro Ciro Gomes despontam como favoritos para ocupar o espaço, acredita o parlamentar.
“Estou sonhando com um novo presidente de centro. O Brasil precisa de um novo Juscelino Kubitschek, alguém que olhe para o futuro e conviva bem com diferenças ideológicas e partidárias. Alguém com um espírito democrático e conciliador”, ressalta. “Essa renovação pode ser que venha da união entre esses quatro. A polarização só vai adiante se a posição de um e de outro for a de olhar para o próprio umbigo.”
DORIA NA LISTA – O deputado Celso Sabino (PSDB-PA), eleito líder do partido na Câmara para 2020, avalia que Doria é uma importante opção da legenda para 2022, mas diz haver outros grandes nomes na sigla, como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite. De toda maneira, ele confia na possibilidade de o centro superar a polarização.
“Vamos eleger prefeitos para pavimentar o caminho para as próximas eleições. Diria que 2020 será um aperitivo do que virá em três anos”, projeta. Apesar de boa parte da sociedade ainda transitar entre os extremos, o parlamentar defende uma terceira via. “É necessário a ponderação, sem radicalismo, com a adoção de uma agenda liberal, mas sem esquecer a questão social”, destaca.
ROMPER OS POLOS – As eleições municipais vão dar um pouco do alinhamento da polarização em 2022, mas o deputado Efraim Filho (DEM-PB), escolhido líder do partido por aclamação para o ano que vem, concorda que é possível romper os polos.
“Acredito que vamos ver uma divisão maior nesse espectro ideológico e de posicionamento político. O pleito municipal dará o tom desse reposicionamento ideológico e trará um equilíbrio maior entre as forças políticas nas disputas, mas não acredito que vá se repetir o cenário das eleições de 2018, entre PSL e PT”, afirma. Ele aposta, inclusive, que o DEM sairá fortalecido no próximo ano. “Estamos investindo de forma planejada e estratégica para que essas forças nas capitais e nos municípios nos deem envergadura política para nos permitir o protagonismo em 2022”, frisa.

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