Com o dólar beirando os R$ 4, o diretor de Política Monetária
do Banco Central (BC), Bruno Serra, disse hoje (25) que a autarquia pode
intervir de forma mais eficiente no mercado de câmbio. “É importante
registrar que não temos qualquer preconceito em relação à utilização de
qualquer instrumento, quando e se as condições para tal estiverem
presentes. Entender o ambiente econômico em que estamos inseridos e,
quando necessária, buscar a forma mais eficiente de intervenção, é dever
do Banco Central”, disse em evento organizado pela Associação
Brasileira de Câmbio (Abracam), em São Paulo. “Sem prejuízo do regime de
câmbio flutuante, o BC atua no mercado local de câmbio caso identifique
alguma anomalia em seu regular funcionamento”, acrescentou. Ele lembrou
que, atualmente, o Banco Central tem à disposição como instrumentos de
intervenção os swaps cambiais, instrumento que oferta hedge [proteção]
cambial sem impactar a liquidez [recursos disponíveis] do sistema
bancário; a oferta de linhas em dólar, utilizado para diminuir o custo
de empréstimos em dólares no mercado local, sem impacto direto sobre a
taxa de câmbio; e os leilões de spot [mercado à vista], que é uma
combinação dos dois instrumentos anteriores, por impactar tanto o preço
da taxa de câmbio quanto a liquidez do sistema bancário. “Esse
instrumento [leilão de spot] vem sendo pouco usado no Brasil em função
do desenvolvimento do nosso mercado de câmbio, especialmente de
derivativos com liquidação em contraparte central”, destacou. O diretor
ressaltou que o “colchão de reservas [internacionais] e as
características dos instrumentos que temos disponíveis, em especial a
oferta de linhas, nos dão bastante espaço para atuar neste mercado, de
forma a atenuar os efeitos da maior escassez de liquidez em dólares no
mercado local”. Serra disse que o estoque de US$ 380 bilhões em reservas
internacionais, mesmo quando avaliado conjuntamente com os quase US$ 70
bilhões vendidos em swaps cambiais, tem se mostrado um seguro adequado.
“Esse ativo tem sido usado para suavizar os impactos de eventual
deterioração na liquidez internacional sobre a economia brasileira, e
também serve como força contracíclica em momentos de estresse econômico
mais agudo, como nas crises de 2008 e 2015”, destacou. Ele disse que o
benefício desse seguro em termos da estabilidade da economia nacional
não pode ser medido apenas financeiramente. “Dificilmente os
investidores nos dariam tanto tempo para endereçar nosso problema fiscal
se não tivéssemos esta posição liquidamente credora em dólares no
balanço do setor público”, ressaltou.
Agência Brasil
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