MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 16 de dezembro de 2017

Há inversões de papéis na Lava Jato, com delatores presos e delatados soltos


 ex-representante da SBM Offshore
Júlio Faerman (ao centro) mentiu e pegou 28 anos
Bernardo Mello Franco
Folha
O Barão de Itararé já ensinava: “De onde menos se espera, de lá é que não sai nada”. Mesmo assim, é difícil não se surpreender com o relatório final da CPI da JBS, apresentado nesta terça-feira. O texto do deputado Carlos Marun tenta transformar suspeitos em vítimas e investigadores em investigados. Ele livra os políticos acusados de receber propina e pede o indiciamento do procurador Rodrigo Janot, ex-comandante da Lava Jato.
Isso já era esperado, a novidade está na argumentação jurídica. O relator propõe que Janot seja enquadrado na Lei de Segurança Nacional, que era usada para perseguir adversários da ditadura militar.
QUATRO VERSÕES – A famigerada LSN teve quatro versões no regime dos generais. A última foi sancionada por João Figueiredo em 1983. O general deixou o Planalto pela porta dos fundos, mas o texto sobrevive como entulho autoritário.
Com o palavreado típico dos “jurilas”, a lei afirma que é crime “caluniar ou difamar o presidente da República” e “incitar à subversão da ordem política ou social”.
Foi com base nesses artigos que a ditadura tentou sufocar a voz de estudantes, intelectuais, advogados, jornalistas… melhor parar por aqui, porque o relator da CPI está prestes a virar ministro de Estado.
UMA VERGONHA – A ousadia de Marun impressionou alguns integrantes da comissão. “É uma vergonha para nós, é uma tristeza se esta CPI acabar desse jeito”, protestou o deputado João Gualberto, do PSDB. “Hoje nós temos vergonha de sermos políticos”, emendou o senador Lasier Martins, do PSD.
Além de incriminar investigadores da Lava Jato, a comissão também quer amputar a Lei das Delações Premiadas. A proposta do deputado Wadih Damous, do PT, impõe barreiras que podem inviabilizar o instituto, na opinião dos investigadores.
Em novembro, uma testemunha disse à CPI que havia uma inversão de papéis: “Temos delatores presos e delatados soltos”. Parece que o objetivo da turma era esse mesmo.
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