Lara Pinheiro*
A TARDECom a mudança de estação e a chegada dos meses mais quentes, nada como um sorvete. Para aquecer o setor, empresários apostam em inovações para aumentar o consumo da guloseima, em queda desde 2014, com sabores exóticos e novidades no cardápio.
Em 2016, o consumo brasileiro de sorvete atingiu um bilhão de litros, menos do que o 1,3 bilhão de três anos atrás. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias e do Setor de Sorvetes – que, em 2003, instituiu 23 de setembro como o Dia Nacional do Sorvete.
Para marcar a data, o Sindicato da Indústria Alimentar de Congelados, Sorvetes, Sucos Concentrados e Liofilizados do Estado da Bahia (Sindsucos-BA) organizou ontem uma oficina no Senai Dendezeiros sobre o processo de fabricação do produto.
Segundo Igor Freire, diretor do Sindsucos, a queda no consumo deve-se à crise. “O poder de compra reduziu-se. Além disso, o sorvete ainda não é visto pelo consumidor como o alimento que realmente é”, explica.
Tradição e inovação
Na sorveteria que tem em Itapuã, a Arita Sorvetes, Freire escolheu inserir o açaí no cardápio como forma de recuperar o negócio. “É um gelado comestível que veio para ficar. Colocamos açaí com granola e picolé de açaí para contornar a baixa, e agregou às vendas”, afirma. A expectativa dele é que o consumo volte a crescer com a vinda dos meses mais quentes.
Desde 1930 em Salvador, A Cubana também tem sofrido com a crise. “Houve, sim, uma queda, porque o sorvete não é de primeira necessidade”, afirma Marcos Bouzas, sócio da sorveteria.
Ao mesmo tempo em que reconhece que o setor passa por momentos difíceis, Bouzas acredita que há uma tendência do consumidor em procurar produtos que, ainda que mais caros, tenham qualidade melhor – como é o caso de
A Cubana, que investe em sorvetes artesanais.
“É uma proposta completamente diferente, você ir a uma loja e sentar, no ar-condicionado, do que ir no supermercado e comprar”, diz.
Na sorveteria, que conta com cerca de 40 sabores, as opções vão desde o tradicional coco, campeão de vendas, até alternativas mais exóticas, como iogurte com amarena (cereja italiana), uísque e queijo com doce de leite.
Para comemorar o Dia do Sorvete, todo ano, A Cubana reverte todas as vendas do Cubanito (bolinho da Cubana e uma bola de sorvete) para as Obras Sociais Irmã Dulce.
Já a histórica Sorveteria da Ribeira apostou, ontem, em aulas de zumba para atrair o público. Também atingida pela crise, a loja espera aumentar as vendas com o fim do inverno. “A ideia de que o sorvete não é saudável passou, até porque o nosso produto é artesanal e os sabores mais procurados são os de frutas”, afirma Solange Santana, gerente-geral da sorveteria.
No cardápio, são mais de 60 opções de sorvete – desde coco e tapioca (os mais populares) até frutas exóticas, como biribiri e sapoti.
Indo contra a tradição, o empresário André Rossetto apostou na cremosidade para fundar, em 2015, a gelateria italiana Crema, na Pituba. “O gelato é um produto diferente, desde a concepção até o armazenamento, com um resultado final mais refinado”, explica Rossetto.
A temperatura de armazenagem, menos fria (cerca de 10 graus negativos), contribui para que o gelato seja consumido durante o ano todo, e evita pedras de gelo comuns em sorvetes tradicionais. São 24 sabores no cardápio, que mudam de acordo com a safra de cada fruta e incluem opções pouco usuais para o clima tropical, como a framboesa.
Apesar da crise, Rossetto afirma que o negócio cresce e é otimista quanto ao mercado pouco explorado de gelatos em Salvador. “É claro que todo mundo sofre, mas, mesmo assim, é preciso manter os pequenos prazeres, como tomar um gelato”, opina.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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