Em sua coluna na revista
Istoé, Rodrigo Constantino analisa o "capitalismo de compadres" vigente
no Brasil - o velho e nefasto patrimonialismo, que impede o
desenvolvimento do país, como bem mostrou Antônio Paim. Vale ressaltar
que o uso da coisa pública para fins privados se consolidou com a
chegada do lulopetismo ao poder, com sua mentalidade estatizante:
Não há nada mais
velho no Brasil do que o “capitalismo de compadres”, o patrimonialismo, o
uso da coisa pública para fins privados, alimentado pelo centralismo
estatal. São males que nos acompanham desde sempre. Revolucionário em
nosso País seria o liberalismo, que nunca nos deu o ar de sua graça. A
mentalidade estatizante está enraizada, desconfiando de tudo que vem da
iniciativa privada e delegando ao governo um papel de salvador da
Pátria. Nesse aspecto, o Brasil se parece muito com a França. Esse
centralismo, afinal, vem desde o Antigo Regime, e foi fortalecido pelos
jacobinos e por Napoleão. Troca-se o inquilino do edifício, mas a alma
permanece intacta.
Em sua análise dessa
época, Tocqueville mostra como todo o arcabouço do centralismo estatal
já estava presente no Antigo Regime, e foi apenas aproveitado pelos
revolucionários. Os administradores concentravam absurdo e arbitrário
poder. E como as regras eram muitas e rígidas, a saída era o “jeitinho”,
uma prática frouxa. Os reformadores miravam em fins diversos, mas seu
meio era sempre o mesmo: usar o poder central para colocar em prática
seus planos pessoais. O poder do Estado deveria ser quase ilimitado. Se
ao menos ele fosse utilizado de forma adequada…
“Ninguém imagina que
possa levar a bom termo um assunto importante se o Estado não se
imiscuir”, escreve Tocqueville. Mesmo os agricultores achavam que era
preciso o governo atuar para “aperfeiçoar” seu setor, tanto por meio de
conselhos como de auxílio. Tocqueville continua: “Tendo o governo tomado
assim o lugar da Providência, é natural que cada qual o invoque em suas
urgências particulares. Por isso encontramos um número imenso de
requerimentos que, sempre se fundamentando no interesse público, dizem
respeito entretanto apenas a pequenos interesses privados”.
Impossível ler essa
passagem e não pensar na coluna do empresário Benjamin Steinbruch na
“Folha de S. Paulo”. Nela, o acionista do Grupo Vicunha e da CSN defende
uma participação mais ativa do Estado para salvar a indústria
brasileira, como se não tivesse sido justamente o excesso de intervenção
estatal o maior responsável pela crise. Câmbio manipulado, redução
artificial na taxa de juros, seleção de campeões nacionais, estímulos
fiscais, tudo aquilo que o PT fez, e gerou apenas desgraça, o empresário
deseja rever. Os “progressistas” são tão modernos como os nobres do
Antigo Regime francês! Ironicamente, quem também adota visão
protecionista parecida é Trump, odiado por nossa esquerda, que parece
ter se encantado com a globalização da noite para o dia. Mas sabemos que
é pura fachada: essa turma só odeia os novos inquilinos, Trump e Temer,
mas adora a alma centralizadora e estatizante de nosso País.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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