Lula numa das muitas visitas que fez a Fidel Castro
Poder-se-ia imaginar que com
a morte de Fidel Castro todos os propugnadores da liberdade sentissem
um alívio, pensando que, por fim, o povo cubano se veria livre da
tirania comunista. Entretanto, contraditoriamente, a esquerda universal —
que sempre se ufanou de ser “amante da liberdade” — ficou agoniada e a
choradeira generalizou-se nos meios esquerdistas.
Por
quê? Que enigma é esse? — Plinio Corrêa de Oliveira, num artigo
distribuído pela Agência Boa Imprensa em julho de 1992, explica a razão e
elucida tal enigma.
* * *
Plinio Corrêa de Oliveira
“Se
há no mundo atual um reduto revolucionário onde a bandeira comunista
parece insultar os raios do sol com sua presença, esse reduto é Cuba.
“Um
pouco por toda parte, os comunistas ficaram estarrecidos e
desconcertados com a espetacular degringolada do bloco soviético. Ora, o
constatar que a Rússia soviética de repente se pulveriza, representou
um baque psicológico espantoso para os comunistas no mundo inteiro.
“Entretanto,
é um fator de alento para todos eles ver que, na pequenina Cuba, ainda
arde uma Tróia comunista, irradiando para as três Américas os seus
malfazejos eflúvios eletro-políticos. A ilha-prisão das Antilhas, porém,
está imersa no caos. Castro parece estar com falta de ar, e a única
saída possível para a sua delicada situação é o apoio propagandístico
que lhe venha do exterior. Nesse sentido, caravanas faceiras de forâneos
não têm faltado para lhe dar o indispensável respaldo.
Lula da Silva, Fidel Castro e Frei Betto
“Alegres próceres da esquerda católica brasileira,
como Frei Betto, Frei Boff e quejandos, lá estiveram. Fazendo coro com
ecologistas e tribalistas, esses homens-show da Teologia da Libertação entregaram-se à mesma lengalenga de sempre, cujos termos são mais ou menos os seguintes: Em
Cuba, vive-se feliz. Lá há miséria, é verdade. Mas qual é a diferença
entre miséria e pobreza? E, no total, uma suportável pobreza não será
melhor do que o consumismo?
“Não
podendo fazer outra defesa da ilha-cárcere, seus propugnadores
entregam-se a essas desajeitadas defesas do miserabilismo. E pouco se
incomodam de, por essa forma, concorrerem para que ali se perpetuem as
brutalidades, as inclemências e os crimes do comunismo staliniano,
fracassado no Leste europeu.
“Tudo
isso não obstante, o melhor proveito da presente situação cubana para
os interesses do comunismo internacional ainda acaba sendo aquele de
porta-bandeira.
“Só
para comparar, afigure-se o leitor um submarino no qual o periscópio,
ademais de sua função ótica, exercesse também outra, à maneira de
escafandro, sendo responsável pela introdução do ar no interior da nave.
“Pois
bem, Cuba, de momento, representa o papel desse periscópio hipotético.
Em meio à tripulação comunista subaquática, imersa nas águas da miséria,
minguada, desanimada e asfixiada à vista do naufrágio do comunismo
russo, ela introduz o ar nesses pulmões. De maneira que, se eles ainda
respiram, é porque Cuba respira.”
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quarta-feira, 11 de janeiro de 2017
A morte de Fidel e um enigma
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