A incapacidade de tornar a saúde da população uma prioridade leva a pressões crescentes sobre o sistema de saúde.
A
narrativa em torno da saúde centra-se na necessidade de aumentar a
capacidade, o pessoal e o financiamento do sistema para permitir que os
serviços de saúde respondam melhor ao aumento da procura. Embora o
sistema de saúde brasileiro necessite de serviços de saúde com recursos
adequados, eficientes e eficazes, as soluções para reduzir a pressão
sobre os serviços de saúde exigem que os governos se concentrem em
conter o fardo crescente dos problemas de saúde.
Apelamos aos governos para:
- reconhecer
que a boa saúde e o bem-estar da população, juntamente com o combate às
alterações climáticas e à degradação ambiental são cruciais para um
futuro sustentável;
- promover maior igualdade na saúde e combater as desigualdades;
- reconhecer
que os sistemas de saúde que funcionam bem são importantes, mas os
principais determinantes da saúde e do bem-estar estão fora dos cuidados
de saúde;
- priorizar a saúde e o bem-estar da população ao longo da vida nas decisões políticas;
- incorporar métricas de saúde e bem-estar da população em medidas de progresso e desempenho nacional.
A
saúde da população do Brasil está diminuindo e as desigualdades na
saúde estão aumentando. Isto é muito mau para os indivíduos afetados,
para os serviços de saúde que os tratam e para a produtividade e
prosperidade futura da nação.
Também
tem as implicações transgeracionais, uma vez que a má saúde dos pais
tem consequências adversas para as crianças, alimentando ainda mais
repercussões para o futuro bem-estar e prosperidade nacionais. Este
ciclo vicioso é inevitável sem ação.
Não pode haver desculpa para a inação, uma vez que a ciência está
proporcionando
uma compreensão profunda e crescente dos determinantes causais da
saúde, o que poderia e deveria constituir a base de políticas eficazes
para quebrar este ciclo destrutivo.
A
piora da saúde da população aumenta as pressões de longa data que o
sistema de saúde brasileiro vem enfrentando através do fracasso
sustentado em resolver a escassez de mão de obra, infraestruturas em
ruínas, perdas de moral e financiamento direcionado de forma equivocada.
É, portanto, imperativo que a saúde da população seja um foco político
primário para governo.
As
soluções para reduzir a pressão sobre os serviços de saúde estão
predominantemente fora da sua competência. Embora o Brasil precise de
serviços de saúde com recursos adequados, eficientes e eficazes, também
precisa de um foco sério e sustentado em conter – e não apenas em reagir
– a crescente carga de problemas de saúde.
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