(Foto: Marcelo Jabulas)
Uma das minhas melhores memórias afetivas é de quando minha mãe me levava no Parque Municipal Américo Renné Giannetti para brincar no carrossel. Era mágico.
Hoje, um cavalinho do carrossel não me comporta mais. Mas o cavalão elétrico da Ford sim. Testamos o extravagante Mustang Mach-E, um SUV movido a baterias travestido de um dos ícones da indústria.
A Ford foi certeira ao colocar no mercado seu primeiro utilitário elétrico com o visual de seu carro mais famoso. Entre o Mustang que conhecemos e o Mach-E, eles só compartilham nome, emblema e a silhueta fastback que o Pony Car consolidou em 1965.
De resto são carros distintos. A começar pela ausência de um V8 sob o capô e suas ponteiras que parecem as trombetas anunciando o fim do mundo. Mas são 487 cv e 84 kgfm de torque distribuídos pelos dois poderosos motores elétricos do SUV, que garantem uma aceleração visceral de 0 a 100 km/h em apenas 4,2 segundos. É um coice no peito, que cola as costas no banco. Segundo a Ford, a velocidade máxima é limitada a 200 km/h. A gente não duvida.
As respostas do Mach-E são absurdas, trata-se de um carro pesado com mais de duas toneladas, mas com perfeita distribuição de peso e centro de gravidade baixo. Tudo isso permite ousar no acelerador. E para frear esse monstro. Enormes discos Brembo por baixo das grandes rodas de 20 polegadas garantem a tranquilidade.
As baterias de 91 kW prometem mais de 400 km de autonomia. O Mach-E conta com função One Pedal que aplica freio motor ao tirar o pé do acelerador e conta com uma função L, na transmissão, que aplica uma leve carga e também ajuda a gerar carga quando se solta o pedal.
No entanto, para carregar essa bateria é preciso um carregador potente. Um Wallbox de 7,5 kW, que é comum em shoppings, precisa de mais de 12 horas para completar a carga. O ideal é que o comprador adquira uma fonte de 22 kW, que reduz o tempo para menos de 5 horas.
Diferentemente do Mustang cupê, ele tem quatro portas e é mais alto. O acesso é fácil e nada de se contorcer para chegar aos banquinhos traseiros. A posição de dirigir é ótima, tem uma pegada esportiva, um capô longo à frente, mas com bom ângulo de visão mesmo que o para-brisas traseiro seja bastante inclinado. Mas quem importa? Há câmaras e sensores que não te deixam dar navalhadas.
E outra peculiaridade: ele é silencioso, deliciosamente silencioso, com um sistema de áudio premium que permite ouvir músicas com excelente fidelidade e conversar em tom moderado sem barulho invadindo a cabine.
O Mach-E não tem maçanetas. Há botões nas portas que as liberam. Por dentro, o interior é minimalista. O painel tem um pequeno quadro de instrumentos apenas com informações essenciais. Tudo se concentra no imenso multimídia vertical, com um botão analógico multifuncional.
No console, apenas comando da transmissão e freio de estacionamento. Dirigir esse carro é como jogar videogame. Não há dúvidas que esse cavalo elétrico ganhou um lugar na galeria das memórias afetivas como era o cavalinho do Parque Municipal.
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