Pimenta Baniwa da Casa de Pimenta Yamado, da Organização Indígena da Bacia do Içana (Foto: Marcelo Salazar)
O estudo Proteger
os territórios indígenas da Amazônia brasileira reduz as partículas
atmosféricas e evita os impactos e custos associados à saúde, publicado
no dia 6 de abril na revista Nature, reforça a importância de proteger
os territórios indígenas da Amazônia. Segundo a pesquisa, a preservação
dessas áreas reduz a emissão de partículas atmosféricas, e estima que
mais de 15 milhões de casos respiratórios e cardiovasculares poderiam
ser evitados a cada ano, além da economia de cerca de US$ 2 bilhões em
custos de saúde.
Para
Fabiana Prado, bióloga e coordenadora do LIRA / IPÊ (Legado Integrado
da Região Amazônica, do Instituto de Pesquisas Ecológicas), o estudo é
mais uma prova da importância da proteção das terras indígenas da
Amazônia, não só para as comunidades que vivem lá, mas para todo o
planeta. "É fundamental ouvir e respeitar as comunidades tradicionais,
reconhecendo sua sabedoria e conhecimento em relação ao meio ambiente e à
biodiversidade local. Neste ponto, é importante destacar a importância
de projetos que envolvam a participação ativa das comunidades indígenas
na gestão sustentável dos recursos naturais", afirma.
A
construção do Centro de Plantas Medicinais OLAWATAWA, na aldeia Paiter
Suruí, em Rondônia, é um exemplo de projeto que valoriza a cultura
indígena e busca a sustentabilidade econômica e ambiental da região.
Naraiamat Suruí, coordenador do centro, destaca a importância da
iniciativa para a geração de renda e a preservação da medicina
tradicional. "Além de gerar renda para a comunidade, o centro de plantas
medicinais fortalece a medicina tradicional, que é muito importante
para o nosso povo", afirma.
O
projeto de preservação de plantas medicinais, teve início em 2015 sem
recursos e contando com a força de vontade da própria comunidade.
“Depois fomos conseguindo algumas parcerias e construímos uma maloca e
um banheiro, bem próximo à aldeia. Agora, precisávamos de melhores
estruturas e um lugar para que o centro pudesse crescer”, conta. O LIRA /
IPÊ apoiou a construção de um novo centro, que foi inaugurado no dia 19
de março. “Hoje temos estrutura para receber pessoas que queiram
conhecer o centro e a cultura Paiter Suruí, com cozinha, auditório,
alojamento”, comemora Naraiamat.
A
produção de artesanato e pimenta Baniwa, na região do Rio Içana, no
Amazonas, é um projeto da OIBI (Organização Indígena da Bacia do Içana)
que busca valorizar a cultura e a arte indígena, além de promover a
agroecologia e a sustentabilidade da região. André Baniwa, da OIBI,
destaca a importância de iniciativas que valorizem o conhecimento e a
cultura dos povos indígenas. "A produção de artesanato e pimenta Baniwa é
uma forma de valorizar nossa cultura e gerar renda de forma
sustentável. É importante que as pessoas conheçam e reconheçam a nossa
arte e tradição", afirma.
Em
novembro de 2022, foi ministrado um curso de capacitação, chamado
Artesãos de Arte Baniwa, que reuniu mais de 60 pessoas e marcou a
retomada das atividades produtivas e de comercialização da cestaria de
arumã e da pimenta Baniwa. "A oficina deu nova esperança para a
comunidade e saímos fortalecidos pensando em aumentar a produção. O
incentivo às iniciativas de geração de renda, como o artesanato e a
produção de pimenta, é fundamental para a autonomia econômica e o
fortalecimento das comunidades", afirma. A Arte Baniwa também conseguiu,
com apoio do LIRA / IPÊ, uma loja no Shopping de artesanato em Manaus.
“É uma loja pequena, mas foi muito importante porque virou referência do
nosso trabalho na cidade”, conta.
“O
LIRA / IPÊ, por meio do apoio a projetos como esses, busca contribuir
para a promoção da sustentabilidade e da valorização da cultura
indígena, reconhecendo a importância das comunidades tradicionais na
gestão dos recursos naturais e na preservação da biodiversidade, e
fortalecendo assim a proteção de seus territórios”, diz Fabiana.
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