MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 24 de novembro de 2022

Ao bloquear contas de pessoas ligadas ao agronegócio, Moraes causou radicalização

 



A resposta-relâmpago de Moraes ao questionamento de Bolsonaro às urnas |  VEJA

Moraes tem tomado decisões que alimentam a radicalização

Alexandre Garcia
Correio Braziliense

Manifestantes permanecem na frente dos quartéis, principalmente diante do Quartel-General do Exército, inconformados com a maneira que ministros do Supremo vêm tratando a Constituição e a eleição. Começou em 2015, quando no julgamento de Dilma Rousseff, conduzido pelo presidente do Supremo, fingiu-se desconhecer parte do art. 52, que mandava que a condenada ficasse inelegível. E Dilma virou candidata ao Senado por Minas Gerais.

Depois, fizeram o mesmo com Lula, inventando um entendimento de territorialidade que anulou processos em que o réu, condenado, já cumpria pena. Depois de solto, ainda ficou excluído do impedimento da Lei da Ficha Limpa e se tornou candidato — palavra que quer dizer “cândido”, limpo.

FIM DO MUNDO – Há três anos, veio o “inquérito do fim do mundo”, como chamou o ministro Marco Aurélio Mello, em que a vítima é que começou a ação, sem Ministério Público, nomeou um relator sem sorteio, e o relator virou delegado, promotor, juiz — e vítima, ao mesmo tempo.

A livre expressão do pensamento e a liberdade de opinião ficaram à mercê do arbítrio; a censura foi instituída.

 Durante a pandemia, passaram por cima de direitos pétreos da Constituição, como o de locomoção, de reunião, de trabalho e até de culto. Invadiram outros poderes.

PRISÃO DE PARLAMENTAR – O Congresso foi atropelado até com prisão de parlamentar, que, pela Constituição, é inviolável por quaisquer palavras. O presidente da República ficou proibido de nomear um subordinado e as eleições também foram atingidas pelo autoritarismo.

A Constituição exige publicidade do serviço público. Com o hermetismo das apurações digitais, e para evitar repetição das dúvidas da reeleição de Dilma, o Congresso aprovou o comprovante impresso do voto digital. Dilma vetou, e os deputados derrubaram o veto com 368 votos e os senadores, com 50 votos. Mas esses 418 parlamentares foram derrotados por oito ministros do Supremo.

 Se tivessem respeitado a decisão dos representantes do povo, seria fácil esclarecer as suspeitas de hoje. Essas suspeitas foram a gota que faltava para levar o povo às ruas. As pessoas descobriram a prática do poder que emana do povo, consagrado no primeiro artigo da Constituição e base da democracia.

ESTADO DE EXCEÇÃO – O presidente está calado, porque é parte interessada na eleição. Mas o vice-presidente, senador eleito general Hamilton Mourão, tuitou que há um “Estado de exceção” por “ações inconstitucionais e ilegítimas” do Supremo.

O desembargador Sebastião Coelho, ex-corregedor do Tribunal de Justiça do DF, diz que “o Estado Democrático de Direito está rompido, porque o Supremo viola a Constituição”. Ele calcula que mais de 80% dos juízes de primeira e segunda instância “não estão de acordo com o que está fazendo o STF”.

Quase metade das OAB estaduais estão exigindo uma posição da OAB nacional, tão calada quanto o Senado, onde a maioria finge estar em outro mundo. Moraes, ao bloquear contas de pessoas físicas e jurídicas ligadas ao agro, provocou ainda mais reação, já que a lei diz que não é crime a manifestação crítica contra os poderes constitucionais. A exceção ao Estado de Direito acredita que protege a democracia.

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