MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Aumentar a produtividade sustentável e reduzir a insegurança alimentar são prioridades do B20 Brasil

 


Força-tarefa de Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura entrega propostas de combate à fome ao G20. Atualmente, mais de 2 bilhões de pessoas sofrem com pobreza e insegurança alimentar


Aumentar a capacidade de produção de alimentos de forma saudável e sustentável, atendendo a uma população que cresce cada vez mais, são prioridades da força-tarefa de Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura do B20 Brasil, liderada pelo CEO da JBS, Gilberto Tomazoni. As recomendações do setor privado foram desenvolvidas nos últimos meses e entregues à liderança do G20. O objetivo principal é diminuir a pobreza e a insegurança alimentar no mundo, que impactam 2,3 bilhões de pessoas. 

As recomendações fazem parte do Communiqué, documento que reúne as sugestões das oito forças-tarefas do B20 Brasil. As recomendações foram entregues à liderança do G20 Brasil na última semana, de forma antecipada, para sensibilizar os líderes mundiais antes da cúpula do grupo econômico, que acontece em novembro, no Rio de Janeiro (RJ).

Os executivos que integram a força-tarefa se reuniram, nos últimos meses, para propor recomendações e ações políticas claras que tornem possível a transformação dos sistemas alimentares, reconhecendo a complexidade de agir de forma coordenada regional e globalmente. Para isso, a colaboração entre os setores público e privado e outras partes interessadas é essencial para essa transição. O grupo elaborou três recomendações para o tema e seis ações de políticas públicas. 

 

“É uma honra liderar essa força tarefa e compartilhar as principais recomendações do setor privado para transformar nossos sistemas alimentares. Nosso objetivo é que eles sejam mais resilientes, inclusivos e em harmonia com o meio ambiente, contribuindo para a segurança alimentar global”, afirma Tomazoni. “As três recomendações da nossa força-tarefa pavimentam o caminho para sistemas alimentares mais fortes e nos aproximam de um futuro em que a segurança alimentar e a sustentabilidade caminham juntas”, finaliza.


Atualmente, o setor agrícola representa 35% da força de trabalho mundial e quase 10% do PIB mundial, de acordo com levantamento feito pela Organização de Alimentos e Agricultura das Nações Unidas (FAO). Uma das prioridades do B20 é estimular a produtividade sustentável, priorizando os países que produzem menos alimentos e, assim, reduzir a pobreza e a insegurança alimentar. 

Outro foco dos debates da força-tarefa é a redução de desperdícios. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, anualmente, cerca de uma tonelada de comida é desperdiçada em todo mundo, o que poderia alimentar mais de 1 bilhão de pessoas.

A força-tarefa trabalhou a favor da transformação e de mecanismos que envolvem a adoção e ampliação de práticas agrícolas mais sustentáveis, além de incentivar a inovação em toda a cadeia agroalimentar, focando em políticas públicas e na construção de regulamentações e estruturas robustas, baseadas em ciência.

O grupo também defende a adoção de novas abordagens de financiamento e colaboração entre os setores público e privado. Para o B20, os principais desafios são desbloquear essa transformação, acionar esses mecanismos e coordená-los em uma escala local-global e no ritmo necessário.

Segundo a liderança do B20, os sistemas alimentares atuais estão muito aquém desses objetivos, levando à fome, baixa resiliência a choques externos e impactos negativos sobre o clima e a natureza. Quando transformados, a expectativa é que esses sistemas alimentares tenham um papel fundamental na resolução de problemas mundiais, desde as mudanças climáticas até a dignidade no trabalho.


Confira as três recomendações da força-tarefa de Sistemas Alimentares e Agricultura:


>> Recomendação 1: fomentar o aumento de produtividade por meio do desenvolvimento e da ampliação de tecnologias sustentáveis


Fomentar o aumento de produtividade por meio do desenvolvimento e da ampliação de tecnologias avançadas, sustentáveis e resilientes, como agricultura regenerativa, biotecnologias e tecnologias digitais, bem como assistência técnica agronômica aos produtores, que, combinadas, contribuem com a resolução dos desafios interconectados do clima, meio ambiente, resiliência, segurança alimentar e acessibilidade, e garantem a inclusão dos países menos desenvolvidos (LDCs2).  


Motivação: A inovação e a tecnologia tiveram um papel crucial na evolução dos sistemas alimentares, aumentando a produtividade agrícola de forma significativa entre 1961 e 2009, apesar da expansão limitada das áreas cultivadas. Segundo a ONU, a produção agrícola aumentou de 150% a 200%, enquanto as áreas cultivadas se expandiram apenas 12%. Esses avanços dos sistemas alimentares podem reduzir de 9% a 23% das emissões globais de gases de efeito estufa, diminuir a erosão do solo em até 80%, e aumentar a biodiversidade em até 10 vezes. Além disso, a transição para práticas mais sustentáveis pode elevar a lucratividade dos agricultores em até 70%.


Proposta de ação política 1.1:

Fomentar a inovação escalável e baseada em evidências científicas, facilitando o acesso dos produtores a novas tecnologias e à assistência técnica agronômica para lidar com os desafios interconectados do clima, meio ambiente, resiliência, segurança alimentar e acessibilidade. Os membros do G20 devem investir e cooperar para impulsionar a inovação, facilitar o acesso aos benefícios do progresso científico e promover a adoção de inovações em escala global, reconhecendo as realidades e necessidades específicas de cada país.

Proposta de ação política 1.2:

Promover um ciclo de crescimento de produtividade de forma equitativa e sustentável. Os membros do G20 devem apoiar o crescimento da produtividade dos LDCs, incentivando inovações sustentáveis e resilientes por meio do compartilhamento de conhecimento, disseminação de tecnologia, desenvolvimento de capacidades e de modelos de financiamento internacionais que garantam uma transformação mais inclusiva do sistema alimentar global, melhorando os meios de subsistência e aumentando a segurança alimentar.


>> Recomendação 2: criar modelos inovadores de financiamento e colaboração para apoiar a transição dos agricultores para sistemas alimentares resilientes e sustentáveis


Construir modelos inovadores para financiamento e colaboração para apoiar a transição dos agricultores para sistemas alimentares resilientes e sustentáveis, garantindo alocação de capital suficiente, eficiente e inclusiva para uma transição rápida e em larga escala e monetizando o valor dos serviços ecossistêmicos relevantes fornecidos por práticas agrícolas regenerativas e sustentáveis.


Motivação: Alcançar a transformação necessária nos sistemas alimentares e obter os benefícios dessa mudança exige um volume de financiamento significativamente maior do que os atuais. O relatório Growing Better, da The Food and Land Use Coalition (FOLU), estima que serão necessários de US$ 300 a 350 bilhões por ano até 2030 para apoiar essa transformação. 


Proposta de ação política 2.1:

Garantir alocação suficiente, eficiente e inclusiva de capital para uma transição rápida e em larga escala. Os membros do G20 devem usar mecanismos de financiamento combinados, melhorar as capacidades e ofertas financeiras – reduzindo riscos e incentivando investimentos – e redirecionar o apoio agrícola para acelerar a transição para sistemas alimentares mais resilientes, sustentáveis e equitativos.


Proposta de ação política 2.2:

Monetizar o valor dos serviços ecossistêmicos relevantes fornecidos por práticas agrícolas regenerativas e sustentáveis, incluindo maior resiliência e resultados ambientais. Os membros do G20 devem desenvolver uma estrutura regulatória para acelerar o desenvolvimento de créditos interoperáveis e de alta integridade para serviços ecossistêmicos (ex.: captura de carbono, manejo de solos saudáveis, redução do uso de água doce e da poluição, conservação da biodiversidade etc.).

>> Recomendação 3: fortalecer o sistema multilateral de comércio de alimentos e agricultura com a OMC no seu núcleo


Fortalecer o sistema de comércio agrícola multilateral não discriminatório, inclusivo e equitativo, que seja baseado em regras e centralizado na OMC, para promover a adoção de práticas sustentáveis e melhorar a segurança alimentar. Isto inclui, promover o sistema de comércio multilateral da OMC para alimentos e agricultura, eliminando barreiras que distorcem o mercado e apoiar medidas para permitir a adoção de práticas sustentáveis.


Motivação: O comércio global de alimentos é extremamente importante, com uma expansão significativa nas últimas duas décadas. O valor das exportações agrícolas aumentou quatro vezes de 2000 a 2022, passando de US$ 406 bilhões para US$ 1,6 trilhão. Produtos agrícolas representam quase 20% de todas as commodities comerciais, e os fertilizantes adicionam mais 2%, evidenciando a estreita ligação entre produção de alimentos e comércio internacional.

Proposta de ação política 3.1:

Promover o sistema de comércio multilateral da OMC para alimentos e agricultura, eliminando barreiras que distorcem o mercado e, ao mesmo tempo, orquestrando a adoção de práticas sustentáveis ao longo do tempo e garantindo a segurança alimentar. Os membros do G20 devem promover a convergência global sobre quais são as práticas, metodologias e taxonomias — baseadas na ciência e em resultados – que compõem um comércio internacional sustentável, ancorado na OMC e em seus órgãos internacionais de definição de padrões.

Proposta de ação política 3.2:

Apoiar medidas pragmáticas, baseadas na ciência, para permitir a adoção de práticas sustentáveis e, ao mesmo tempo, facilitar o acesso inclusivo ao mercado dentro dos avanços do sistema de comércio agrícola multilateral baseado em regras da OMC. Os membros do G20 devem promover a adoção de práticas sustentáveis e facilitar o acesso ao mercado, melhorando a eficiência dos órgãos internacionais de definição de padrões e garantindo a transparência por meio de sistemas de rastreabilidade e certificação. 


Todas as recomendações e ações de políticas públicas do B20 Brasil podem ser lidas no Communiqué, na íntegra: https://b20brasil.org. As propostas do B20 também serão debatidas durante o B20 Summit Brasil, nos dias 24 e 25 de outubro, em São Paulo.   

O B20 Brasil

O B20 (Business 20, da sigla em inglês) é o braço empresarial do G20 no Brasil, coordenado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Este é o principal fórum de diálogo mundial que conecta a comunidade empresarial aos governos do G20, mobilizando mais de 1.200 representantes do setor privado dos países membros. A edição brasileira reúne sete forças-tarefas e um conselho de ação.


Os grupos de trabalho são formados por empresários do Brasil e dos outros países, membros do G20, que estão debatendo, desde o início do ano, propostas de temas urgente e importantes, como: Comércio e Investimento, Finanças e Infraestrutura, Emprego e Educação, Transição Energética e Clima, Transformação Digital, Integridade e Compliance, Sistemas Alimentares Sustentáveis e Agricultura, além do Conselho de ação Mulheres, Diversidade e Inclusão em Negócios.  


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