Em média, mais de 45 mil pessoas morrem anualmente devido a infecções adquiridas em hospitais. Os facilities managers,
junto a equipe multiprofissional, desempenham um papel importante na
prevenção dessas infecções, atuando nas áreas de apoio e em toda a
complexa infraestrutura hospitalar para promover um ambiente seguro.
São Paulo, setembro de 2024 -
Dados divulgados pela Associação Médica Brasileira revelam que mais de
45 mil brasileiros morrem anualmente devido a infecções hospitalares. De
acordo com o CDC (Centros de Prevenção e Controle de Doenças dos
Estados Unidos), as infecções hospitalares representam até 10 bilhões de
dólares anuais em despesas com saúde.
Marcelo
Boeger, consultor na Hospitalidade Consultoria e diretor dos Comitês da
ABRAFAC (Associação Brasileira de Property, Workplace e Facility
Management), destaca a gravidade dessas estatísticas: "Temos que atuar
de forma incansável, os pacientes que adquirem infecções hospitalares
ficam, em média, 6,5 dias adicionais no hospital, têm cinco vezes mais
chances de serem reinternados após a alta e apresentam o dobro de
probabilidade de morrer."
Além do contato direto dos profissionais de saúde com os pacientes, diversos aspectos dos serviços de hotelaria e facilities influenciam
os índices de infecção. Isso inclui a higiene e desinfecção de
superfícies, o manuseio de alimentos, a gestão do enxoval e a qualidade
do ar ambiente.
A
infraestrutura hospitalar abrange processos críticos que exigem atenção
do gestor, como o transporte vertical de materiais contaminados por
elevadores ou monta-cargas, como roupa suja e resíduos infectantes. É
essencial evitar o transporte simultâneo de pacientes, mesmo quando
estes estão ensacados e acondicionados em carros fechados. Além disso, a
falta de manutenção preventiva em sistemas como ar-condicionado, ralos e
abastecimento de água representa riscos significativos.
Para
minimizar e prevenir a contaminação, é fundamental garantir que o
cronograma de limpeza em higiene predial seja rigorosamente seguido,
assegurando a eficácia na redução da transmissão de microrganismos. Isso
inclui a verificação para garantir que nenhuma área ou item seja
negligenciado pelas equipes.
Na
área de alimentação, todos os colaboradores, desde os cozinheiros até
as copeiras que distribuem alimentos diretamente aos pacientes nos
leitos, devem lavar as mãos antes de manipular alimentos. Além disso, é
fundamental higienizar as embalagens antes do uso e garantir que
matérias-primas, ingredientes e alimentos preparados sejam refrigerados,
identificados, protegidos e armazenados adequadamente, conforme suas
características e requisitos de temperatura.
Principais desafios enfrentados pelos gestores de facilities -
"Em grande parte, a manutenção das estruturas físicas afeta os serviços
de forma abrangente. No entanto, a falta de processos para garantia de
qualidade dos serviços também deve ser considerada", alerta Marcelo.
Recentemente,
a ABRAFAC –– que teve a colaboração da ONA – Organização Nacional de
Acreditação – realizou uma pesquisa com várias instituições de saúde. A
pesquisa na integra pode ser acessada pelo link: https://abrafac.org.br/impacto-do-fm-nas-certificacoes-em-instituicoes-de-saude/
Segundo
o estudo, 76% dos gestores hospitalares consideram que a manutenção
predial e infraestrutura ainda são grandes desafios, oferecendo muitas
oportunidades de melhoria. Notavelmente, há uma necessidade
significativa de aprimorar a documentação de processos, procedimentos e
gestão de planos operacionais, especialmente nas áreas de Higiene
Predial, Gerenciamento de Resíduos Sólidos, Rouparia e Lavanderia.
Desperdícios nas áreas de facilities -
A falta de uma estrutura organizada resulta em desperdícios
significativos em diversas áreas: leitos ficam indisponíveis devido à
gestão deficiente de interdição e manutenção; equipamentos parados
prejudicam a produtividade e causam represamento de leitos, afetando o
fluxo de pacientes; equipes lidam com retrabalho e aplicam técnicas
inadequadas, entre outros problemas.
Um
dos maiores desperdícios ocorre no tempo perdido durante a movimentação
de pacientes devido a falhas no sistema de transporte entre unidades.
Marcelo Boeger, explicando essa questão, afirma: "Por exemplo, quando o
mesmo maqueiro que faz o transporte no pronto-socorro também é
responsável por transferir pacientes da UTI para outras unidades,
qualquer atraso na organização dessas atividades pode resultar em
pacientes represados e desperdícios em várias partes do sistema de
saúde."
Além
disso, o absenteísmo representa outro tipo significativo de
desperdício. Segundo uma pesquisa recente apresentada pela doutora
Elizabeth Reis (IQG) no Congresso de Hotelaria e Facilities da Feira
Hospitalar, "a perda de produtividade devido ao absenteísmo nessa área
chega a quase 17%, o que representa desperdícios sistêmicos
significativos para toda a instituição.
Acreditação x Desperdício e altos custos -
A acreditação desempenha um papel fundamental na redução de custos e
desperdícios de tempo nas instituições de saúde. A variabilidade na
execução das tarefas sem padronização aumenta a pressão na entrega dos
serviços e pode causar confusão entre equipes e clientes, já que os
resultados frequentemente dependem das habilidades individuais dos
executores, não de um plano de trabalho estruturado.
Segundo Boeger, "quando os serviços de hotelaria e facilities estão
integrados de forma eficiente ao fluxo de trabalho da unidade, podemos
alcançar melhorias significativas de 30% a 40%. O tempo entre a saída de
um paciente e a entrada de outro no mesmo leito pode variar de menos de
duas horas a mais de seis horas, dependendo da eficiência dos processos
dentro do desenho de serviços."
Este
cenário se repete, principalmente, nas instituições que não dispõem de
procedimentos. A pesquisa revela que 53% dos gestores das instituições
não possuem acreditação. Vários obstáculos ainda impedem a obtenção da
acreditação: 44% citam o custo elevado; 26% a falta de infraestrutura
adequada; 24% o desinteresse da instituição; e 19% a falta de uma equipe
capacitada e/ou o desconhecimento da existência de certificações
específicas para esta área.
Para
Gilvane Lolato, gerente de Operações da ONA, muitas organizações não
conseguem atender às legislações básicas e obrigatórias. “Há problemas
graves de estrutura física que impactam na segurança do paciente, como
Unidades de Terapia Intensiva com dimensionamento inadequado de leitos,
Centros Cirúrgicos com áreas físicas inadequadas, Centrais de Material
Esterilizado sem separação adequada entre área suja e limpa, e
equipamentos sem condições de calibração e manutenção”. Esses problemas
são levados em consideração durante o processo de acreditação. Gilvane
enfatiza que, quando a metodologia da ONA é aplicada e precisa avaliar o
atendimento aos padrões, fica evidente que a acreditação pode parecer
cara devido a esses problemas estruturais e de conformidade.
Sobre a ONA - A
Organização Nacional de Acreditação (ONA) certifica a qualidade de
serviços de saúde no Brasil, tendo como foco principal a segurança do
paciente. Sua metodologia de avaliação atende a padrões internacionais
de qualidade e segurança. O Manual de Acreditação ONA é reconhecido pela
ISQua (Sociedade Internacional pela Qualidade no Cuidado à Saúde, na
sigla em inglês), instituição parceira da Organização Mundial da Saúde
(OMS) e que tem entre seus membros especialistas e organizações de saúde
de mais de 100 países. www.ona.org.br
Sobre a ABRAFAC - A ABRAFAC (Associação Brasileira de Property, Workplace e Facility Management) – www.abrafac.org.br é referência brasileira no setor. Fundada em 2004, promove o networking entre
profissionais, empresas e agentes públicos a fim de desenvolver o
mercado. Estratégica, a entidade tem papel decisivo na capacitação
continuada de profissionais, multiplicação de conhecimento e adoção das
melhores práticas alinhadas à série de normas NBR ISO 41.000. Através de
eventos como Congresso ABRAFAC, Expo FM, Prêmio Melhores do Ano,
debates, Comitês Técnicos, publicação e a Certificação Profissional
C.11FM ABRAFAC, a associação cumpre seu papel de desenvolver o
ecossistema brasileiro de Facility Management.
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