Objetivo
é esclarecer o público dos riscos que a prática ilegal pode acarretar
às operações aéreas; Nos últimos 5 anos, foram avistados mais de 4.300
balões nos céus do país
A
aviação civil brasileira está entre as cinco nações mais seguras do
mundo quando o assunto é segurança operacional, de acordo com a última
auditoria realizada pela Organização da Aviação Civil Internacional
(Oaci). No entanto, a soltura de balões, prática ilegal e criminosa, com
alto número de incidência nessa época do ano, pode ameaçar o bom
desempenho do país na avaliação do órgão internacional e colocar em
perigo as operações aéreas.
Para
mostrar o quanto a soltura de balões é nociva ao espaço aéreo e à
segurança de passageiros e tripulantes, o Ministério de Portos e
Aeroportos (MPor) inicia uma campanha educativa para conscientizar a
população sobre os riscos que a soltura de balões representa para o
modal aéreo e ao meio ambiente. Raquel Nascimento Rocha, Coordenadora de
Segurança Operacional e Carga da Secretaria Nacional de Aviação Civil
(SAC), ressalta que a ação pedagógica é fundamental para prevenir
acidentes, reduzir as interrupções aéreas, proteger o meio ambiente,
fortalecer a segurança pública e esclarecer a população sobre os perigos
dessa prática.
De
acordo com dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes
Aeronáuticos (Cenipa), órgão que fiscaliza e apura os incidentes aéreos,
nos últimos cinco anos, foram avistados mais de 4.300 balões nos céus
das cidades brasileiras. Desse total, 95% estão concentrados nas cidades
do Rio de Janeiro e São Paulo. Nos cinco primeiros meses deste ano
foram registradas 186 ocorrências envolvendo balões, 37% delas ocorridas
no estado de São Paulo.
Raquel
acrescenta que o aumento das ocorrências nos últimos anos reforça a
necessidade de ações contínuas de conscientização e fiscalização. A
Coordenadora explica que a presença de balões no espaço aéreo pode
forçar os pilotos a realizarem manobras evasivas repentinas ou mudar
suas rotas, o que pode causar atrasos e cancelamentos de voos. “Em casos
extremos, pode resultar em acidentes aéreos, colocando em risco a vida
de passageiros e da tripulação”, destaca.
Ação coordenada
O
Governo Federal monitora e trabalha para reduzir a prática de soltura
de balões no país por meio de uma rede integrada de órgãos, que conta
com a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), o Departamento de
Controle do Espaço Aéreo (Decea), o Centro de Investigação e Prevenção
de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), além da Secretaria Nacional de
Aviação Civil, do Ministério de Portos e Aeroportos.
Penalidades
Soltar
balões é considerada uma prática criminosa, conforme estabelecido no
art. 261 do Código Penal Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848/1940). Colocar
em perigo aeronaves ou a navegação aérea pode resultar em reclusão que
varia de dois a cinco anos, além de pagamento de multa. Além disso, esta
atividade pode ser considerada como crime ambiental, enquadrado no art.
42 da Lei nº 9.605/98, pois pode causar incêndios em áreas florestais e
urbanas. Quem vende, transporta ou fabrica balões também está sujeito
às penalidades prevista no código penal brasileiro.
Confira, a seguir, a entrevista com Raquel Nascimento Rocha sobre os riscos causados por soltura de balões
Qual
a importância dessa ação de conscientização que está sendo promovida
pelo MPOR em parcerias com órgãos da aviação sobre o risco baloeiro?
Resposta - Essa ação de conscientização é fundamental para assegurar um ambiente mais seguro e eficiente para aviação, proteger o meio ambiente e garantir o cumprimento das leis, beneficiando toda a sociedade.
A
importância da campanha é multifacetada pois tem como objetivo prevenir
acidentes, reduzir as interrupções operacionais, proteger o meio
ambiente, cumprir a legislação acerca do tema, fortalecer a segurança
pública e aumentar o engajamento da população como um todo.
Prevenção
de Acidentes: Informar a população sobre os riscos que os balões
representam para as aeronaves ajuda a prevenir possíveis colisões que
podem causar acidentes aéreos, colocando em risco a vida de passageiros e
tripulação.
Redução
de Interrupções Operacionais: Ao diminuir a incidência de balões no
espaço aéreo, a conscientização ajuda a manter a fluidez nas operações
de voo, evitando manobras evasivas, atrasos e desvios de rotas que
impactam negativamente as companhias aéreas e os passageiros.
Proteção
ao Meio Ambiente: Balões que caem podem causar incêndios florestais e
urbanos. A conscientização sobre os riscos ambientais ajuda a proteger a
fauna, a flora e as áreas residenciais.
Cumprimento
da Legislação: A conscientização pretende educar a população acerca das
leis que proíbem a soltura de balões e as penalidades associadas,
incentivando o respeito às normas e reduzindo a prática ilegal.
Fortalecimento
da Segurança Pública: As ações de conscientização contribuem para a
segurança pública em geral, evitando potenciais emergenciais e alocação
de recursos para o combate a incêndios ou resposta a acidentes causados
por balões.
Engajamento
Comunitário: Envolver a comunidade nas campanhas promove um senso de
responsabilidade coletiva, incentivando os cidadãos a denunciarem
atividades ilegais e colaborando para um ambiente mais seguro para
todos.
Quais
riscos os balões podem causar ao tráfego aéreo de aeronaves? As
ocorrências com balões aumentaram na aviação civil nos últimos anos?
Resposta
- O Risco Baloeiro refere-se aos perigos associados à soltura de balões
não tripulados e podem representar sérios riscos à aviação. Quando
liberados, eles são incontroláveis e podem atingir altitudes que
interferem com as rotas de aeronaves, potencialmente causando colisões
ou danos às aeronaves.
Uma
colisão com um balão pode causar danos significativos a uma aeronave,
incluindo danos físicos a componentes críticos como motores, superfícies
de controle e fuselagem, comprometendo assim a segurança do voo, além
de interferir nos instrumentos de navegação e comunicação das aeronaves,
criando desafios adicionais para os pilotos e controladores de tráfego
aéreo.
A presença
de balões no espaço aéreo pode forçar os pilotos a realizarem manobras
evasivas repentinas ou mudar suas rotas, o que pode causar atrasos e
aumentar o consumo de combustível.
Em
casos extremos, pode resultar em acidentes aéreos, colocando em risco a
vida de passageiros e tripulação. Além disso, balões que caem em áreas
residenciais ou florestais podem causar incêndios, representando um
risco adicional à segurança pública e ao meio ambiente.
As
estatísticas do Cenipa e da Anac indicam um aumento nos relatórios de
avistamentos de balões e incidentes relacionados. Segundo dados do
Cenipa, no Brasil, mais de 4.335 balões foram avistados nos céus de
grandes cidades, nos últimos 5 anos.
Esse aumento das ocorrências nos últimos anos reforça a necessidade de ações contínuas de conscientização e fiscalização.
Atualmente, existe algum canal para denunciar quem insiste em soltar balões?
Resposta
- Qualquer informação sobre a soltura de balões deve ser denunciada no
Portal do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos
(Cenipa), da Força Aérea Brasileira, nos canais de comunicação da Anac
onde incidentes e ameaças à segurança da aviação podem ser relatados,
diretamente à polícia (190), ao Corpo de Bombeiros (193) ou disque
denúncia (181) disponível em vários estados.
Quais penalidades são imputáveis a quem insiste em soltar balões?
Resposta
- Com base no ordenamento jurídico atual, a soltura de balões é
considerada uma prática ilegal que pode resultar em várias penalidades,
pois coloca em risco as aeronaves, dificulta ou até inviabiliza a
navegação aérea, conforme estabelecido no art. 261 do Código Penal
Brasileiro (Decreto-Lei nº 2.848/1940). O art. 261 trata da exposição de
perigo a embarcações ou aeronaves próprias ou de terceiros, bem como de
qualquer ato que dificulte ou impeça a navegação marítima, fluvial ou
aérea. Nesse caso, a pena de reclusão varia de dois a cinco anos.
Além
disso, esta atividade pode ser considerada como crime ambiental, se
enquadrado no art. 42 da Lei nº 9.605/98, pois pode causar incêndios em
áreas florestais e urbanas.
O Governo Federal possui algum grupo para monitorar e reduzir a soltura de balões nos céus do país? Se sim, como ele funciona?
Resposta
- O Governo Federal, por meio de uma rede integrada de órgãos e
iniciativas, monitora ativamente e trabalha para reduzir a prática de
soltura de balões no Brasil. Essas ações combinam fiscalização rigorosa,
campanhas de conscientização e colaboração com a aviação civil para
proteger a segurança aérea, o meio ambiente e a segurança pública.
Atualmente a SAC-MPOR coordena o “Subgrupo – Risco Baloeiro”,
que tem como objetivo ações diversas para a mitigação do Risco
Baloeiro, no âmbito do Grupo Brasileiro de Segurança Operacional de
Infraestrutura Aeroportuária (BAIST), um comitê composto por
representantes dos Provedores de Serviços de Aviação Civil (PSAC) e
outros órgãos que possuem a capacidade de propor e promover melhorias na
segurança operacional dos aeroportos brasileiros, com profissionais
dedicados à melhoria da segurança operacional da aviação civil
brasileira.
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