São
Paulo, 03 de maio de 2024 - A campanha "Salve Vidas: Higienize suas
mãos", promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é celebrada no
dia 5 de maio, com o objetivo de destacar a importância global da
higiene das mãos na saúde e unir esforços para melhorar essa prática em
todo o mundo.
De
acordo com a OMS, a higienização adequada das mãos desempenha um papel
vital na prevenção de infecções relacionadas à saúde, na propagação da
resistência antimicrobiana e em outras ameaças à saúde. A infecção
adquirida durante a assistência à saúde é um desafio significativo em
escala global, sendo que pacientes em países de baixa e média renda têm o
dobro de chances de contrair infecções em comparação com pacientes em
países de alta renda (15% e 7%, respectivamente); o risco é ainda maior
em unidades de terapia intensiva (UTIs), especialmente entre
recém-nascidos, com uma probabilidade de 2 a 20 vezes maior.
Uma
das razões para isso é que, em alguns países de baixa renda, apenas um
em cada dez profissionais de saúde pratica a higienização adequada das
mãos ao cuidar de pacientes com alto risco de infecções associadas à
UTI, muitas vezes devido à carência de instalações apropriadas para essa
finalidade.
No
Brasil, há alguns anos, cerca de 10% dos pacientes internados
desenvolviam alguma infecção, sendo a falta de higienização das mãos um
dos principais vetores. “O simples ato de lavar as mãos pode evitar
centenas de mortes e infecções. No entanto, infelizmente, muitos
profissionais de saúde ainda são resistentes a esse protocolo
primordial, talvez devido ao foco extremo em socorrer o paciente, o que
pode levá-los a esquecer de lavar as mãos ou aplicar uma solução
alcóolica. O ritmo acelerado de trabalho e a falta de pessoal também
podem contribuir para esse descuido com a higienização das mãos, o que
acaba facilitando a contaminação dos pacientes”, pontua Antonio Tadeu
Fernandes, médico graduado pela Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo (FMUSP) com residência em doenças infecciosas e mestre em
Ciência pelo Departamento de Medicina Preventiva da FMUSP.
Para
o doutor Tadeu, a prática de higienizar as mãos representa uma quebra
de paradigma de extrema importância. Ele destaca: "Muitas vezes, o
profissional de saúde acredita estar salvando vidas, mas se não estiver
realizando a higiene correta, pode causar uma infecção e, em casos mais
graves, até mesmo a morte. Por outro lado, quando o procedimento é
realizado de forma correta, a incidência de infecção reduz
consideravelmente”.
Doenças evitáveis
- A OMS destaca que até 40% dos casos de diarreia, gripe e conjuntivite
podem ser evitados com a simples prática de lavar as mãos corretamente.
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), a diarreia e
a desidratação estão entre as cinco principais causas de morte em
crianças menores de dois anos em todo o mundo.
Segurança do Paciente:
Embora a higienização das mãos seja uma responsabilidade da equipe
médica durante a realização de procedimentos, os pacientes também têm o
direito e o dever de prezar por sua segurança. Infelizmente, muitas
vezes os pacientes se sentem acuados e temem ser repreendidos pelos
profissionais, tanto médicos quanto enfermeiros, ao solicitarem a
higienização.
Investimento e redução de custos
- A higiene das mãos salva milhões de vidas a cada ano quando realizada
no momento adequado e de maneira correta durante a prestação de
assistência à saúde. Além disso, melhorar a higiene das mãos nos
ambientes de assistência à saúde economiza aproximadamente US$ 16,5 em
despesas de saúde para cada dólar investido.
Importância da acreditação
- De acordo com Gilvane Lolato, gerente de Operações na Organização
Nacional de Acreditação (ONA), a acreditação estabelece padrões
rigorosos para a higienização das mãos, oferecendo programas de
capacitação para profissionais de saúde e monitorando os resultados
obtidos. “Além disso, a ONA realizamos avaliações regulares da
disponibilidade de insumos e infraestrutura necessários para facilitar a
execução da higienização, como a presença e o funcionamento adequado de
dispensadores de álcool em gel e pias”, ressalta.
A
organização também se empenha em promover a capacitação das equipes de
saúde, monitorar a adesão aos protocolos de higienização e os resultados
alcançados, e implementar melhorias com base nas taxas de infecção da
instituição, surtos identificados e perfil microbiológico dos pacientes.
Essas medidas visam garantir um ambiente hospitalar mais seguro e
reduzir o risco de infecções associadas à falta de higienização das
mãos.
Para
doutor Tadeu, poderia ser obrigatório que todos os hospitais passem por
um processo de acreditação, o que seria uma medida primordial para
aprimorar a qualidade e a segurança do atendimento médico no Brasil.
“Atualmente, menos de 5% dos hospitais, efetivamente, adotam padrões
reconhecidos nacionalmente de qualidade e segurança do paciente, o que
cria lacunas na prestação de cuidados e aumenta os riscos para os
pacientes”.
Ainda,
segundo o doutor, em ambientes onde não há procedimentos e protocolos
estabelecidos, a segurança do paciente fica comprometida. “A falta de
padronização pode resultar em erros médicos, infecções hospitalares e
outros riscos para os pacientes. Por outro lado, quando há humanização
no atendimento e protocolos bem definidos e seguidos, o resultado é a
melhoria da segurança do paciente. Isso inclui não apenas a higienização
adequada das mãos, mas também a comunicação eficaz entre a equipe
médica, o envolvimento do paciente no processo de cuidado e o seguimento
de protocolos clínicos baseados em evidências”, finaliza.
Dicas da ANVISA - Como realizar a higienização simples das mãos (folder anexo):
1.- Abra a torneira e molhe as mãos, evitando encostar na pia.
2.-
Aplique na palma da mão quantidade suficiente de sabonete líquido para
cobrir todas as superfícies das mãos (seguir a quantidade recomendada
pelo fabricante)
3.- Ensaboe as palmas das mãos, friccionando-as entre si.
4.- Esfregue a palma da mão direita contra o dorso da mão esquerda (e vice-versa) entrelaçando os dedos
5.- Entrelace os dedos e friccione os espaços interdigitais
6.-
Esfregue o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta (e
vice-versa) segurando os dedos, com movimento de vai-e-vem
7.- Esfregue o polegar direito, com o auxílio da palma da mão esquerda (e vice-versa), utilizando movimento circular
8.-
Friccione as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da
mão direita, fechada em concha (e vice-versa), fazendo movimento
circular.
9. Esfregue o punho esquerda, com auxílio da palma da mão direita (e vice-versa), utilizando movimento circular
10.- Enxágue as mãos, retirando os resíduos de sabonete. Evite contato direto das mãos ensaboadas com a torneira.
11.- Seque as mãos com papel-toalha descartável, iniciando pelas mãos e seguindo pelos punhos
Para
a técnica de higienização antisséptica das mãos, seguir os mesmos
passos e substituir o sabonete líquido comum por um associado a
antisséptico.
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