POLITICA LIVRE
A gestora de fundos de investimento Yvy Capital, que tem como sócios o ex-ministro Paulo Guedes (Economia) e Gustavo Montezano, ex-presidente do BNDES, fechou acordo com a Aegea Saneamento para participar de um consórcio que disputará a compra de parte da Sabesp.
Segundo a Aegea, o objetivo do acordo é destravar capital nacional e internacional para projetos voltados à economia de baixo carbono —foco principal da Yvy no momento.
Líder de investimentos privados em saneamento no país, a Aegea está se preparando para comprar metade dos 30% que a Sabesp pretende colocar à disposição do mercado até meados deste ano.
A privatização da companhia ainda precisa avançar no Legislativo paulista, principalmente na Câmara Municipal de São Paulo, onde os vereadores prometem esticar ao máximo o tema antes de liberar o processo de desestatização.
Hoje, o governo paulista detém 50,3% das ações da companhia, que é a joia da coroa do plano de privatizações do governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Em entrevista à Folha nesta semana, o CEO da Aegea, Radamés Casseb, afirmou que o mercado projeta um desembolso de pelo menos R$ 10 bilhões para captar 15% do total de ações que serão negociadas na bolsa.
O governo paulista já indicou que estuda ter um acionista de referência com pelo menos 15% dos papéis e que tenha experiência em saneamento —o que incentivaria a criação de blocos econômicos.
O objetivo da Aegea agora é criar um grupo de parceiros que possam compor o bloco e injetar dinheiro na operação. Além da YvY, estão entre os possíveis parceiros as gestoras Perfin e Kinea, Itaúsa e o GIC (fundo soberano de Singapura).
Players como Votorantim, Veolia, Equatorial, Cosan e a holding dos irmãos Batista J&F, também pretendem disputar parte do controle da Sabesp.
Além de Paulo Guedes e Montezano, integram o time de sócios da YvY nomes como o ex-diretor geral da OMC (Organização Mundial de Comércio), Roberto Azevedo, o ex-Bank of America no Brasil, Rodrigo Xavier, e o ex-diretor de privatizações do BNDES, Fábio Abrahão.
ANTECEDENTES
Guedes e Montezano foram defensores do marco do saneamento, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro, em 2020. A lei pretende universalizar os serviços de água e esgoto até 2033.
A legislação mudou a forma como os contratos de concessão eram feitos, tornando obrigatória a abertura de licitação prévia —o que permitiu a participação de empresas privadas na disputa.
O BNDES, à época, se tornou um banco de referência, estruturando projetos para estados e municípios interessados na concessão desse tipo de serviço.
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