Pesquisa da Abrasel realizada em março
acende sinal de alerta para o setor de bares e restaurantes em 2024.
Ainda lutando para se livrar de dívidas acumuladas, 31% das empresas
operaram no vermelho em fevereiro – pior índice desde março do ano
passado. Além disso, outros 38% dos estabelecimentos trabalharam em
equilíbrio e 31% tiveram lucro, o que representa uma queda de quatro
pontos percentuais em relação à pesquisa anterior.
Ainda
segundo a pesquisa, três dos principais fatores responsáveis pelo
desempenho negativo das empresas que operaram em prejuízo foram a queda
das vendas no mês (76%), redução do número de clientes (66%) e custo de
alimentos e bebidas (42%).
Quanto
a inflação no setor, os estabelecimentos seguem com dificuldades de
ajustar os preços do cardápio acima do índice geral: 19% reajustaram o
cardápio abaixo da inflação; 35% reajustaram, mas somente para
acompanhar a inflação; 37% não conseguiram reajustar os preços e apenas
9% reajustaram acima do índice.
"Os
números recentes revelados pela pesquisa são preocupantes para o setor
de bares e restaurantes. Com 31% das empresas operando no vermelho,
enfrentamos desafios significativos. Em janeiro houve queda nas vendas,
com ligeira recuperação em fevereiro por causa do carnaval, mas que não
foi percebida como uma retomada pelos estabelecimentos. Além disso, a
dificuldade em ajustar os preços do cardápio para recuperar perdas é um
desafio adicional, junto com o alto endividamento, já que quase 40% do
setor tem dívidas atrasadas”, diz Paulo Solmucci, presidente-executivo
da Abrasel.
O
presidente da Abrasel revela a construção de um plano para resgate do
setor, em função dos problemas crônicos que persistem desde a pandemia:
"contratamos um estudo da FGV (Fundação Getúlio Vargas), que vai se
aprofundar nas causas das dificuldades que o setor vem enfrentando, já
propondo caminhos e medidas que podem ser tomadas para resolvê-las de
vez. Esperamos poder apresentar estas propostas o mais breve possível às
autoridades e à sociedade. Só com o trabalho em conjunto podemos
retomar os trilhos", completa Solmucci.
A
pesquisa indicou que 39% das empresas têm dívidas em atraso. Os
impostos federais lideram a lista de pagamentos atrasados (72%), seguido
de impostos estaduais (50%), empréstimos bancários (37%), encargos
trabalhistas/previdenciários (29%), serviços públicos (29%),
fornecedores de insumos (24%), taxas municipais (23%), aluguel (18%),
fornecedores de equipamentos e serviços (11%), e empregados (5%).
Reforço da mão de obra
Apesar
dos desafios enfrentados pelos estabelecimentos, um quarto dos
empreendedores pretendem contratar no primeiro semestre do ano (25%);
51% vão manter o quadro de funcionários e apenas 16% devem demitir. A
tendência é de que essas novas vagas visam suprir a alta demanda das
duas datas mais rentáveis para o setor: Dia dos Namorados e Dia das
Mães.
Dados recentes
da PNAD – índice do IBGE que mede os empregos formais e informais no
país – indicou que, só nos últimos três meses (dez-jan-fev), os bares e
restaurantes geraram cerca de 70 mil novos empregos, com crescimento de
1,3% em relação ao trimestre anterior. O resultado está na contramão do
índice nacional, que apresentou redução de 0,3% no número de pessoas
ocupadas.
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