MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 6 de abril de 2024

Lançamento simultâneo, "Os 948 dias do gueto de Varsóvia", de Bruno Halioua, e "Diário tardio", de Max Mannheimer

 

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Lançamento simultâneo, "Os 948 dias do gueto de Varsóvia", de Bruno Halioua, e "Diário tardio", de Max Mannheimer 

Vêm aí, em abril, dois lançamentos da Estação Liberdade: Os 948 dias do gueto de Varsóvia, de Bruno Halioua, e Diário tardio: Theresienstadt - Auschwitz - Varsóvia - Dachau, de Max Mannheimer. Lançados concomitantemente, os livros tocam em questões atuais como a resistência, a liberdade, a memória e a destruição dela.

Os 948 dias do gueto de Varsóvia narra a história do período com extenso aparato documental, desde diários de escritores que viveram no gueto até cartinhas de crianças que eram privadas de sonhar com um mundo melhor. Através das memórias de quem viveu e sobreviveu ao período naquele lugar, Bruno Halioua nos projeta para um passado sombrio onde a violência e a barbárie culminariam na erradicação de milhares de pessoas.


Título: Os 948 dias do gueto de Varsóvia

Autor: Bruno Halioua

Tradução: Luciano Vieira Machado

ISBN: 978-65-86068-75-7

Formato: 14 x 21 cm / 256 páginas

Preço: R$ 69,00


Max Mannheimer, por sua vez, tendo ele mesmo sido um sobrevivente do Holocausto, precisou de tempo para reviver o passado e transformá-lo na obra Diário tardio: Theresienstadt - Auschwitz - Varsóvia - Dachau. Durante décadas, ele reprimiu suas memórias dos campos de concentração em que fora obrigado a viver sob custódia nazista -- Auschwitz, os guetos de Theresienstadt e de Varsóvia, e Dachau. Até que acasos da vida, que seguiu apesar dos traumas, o levaram a relatar, em forma de diário, grande parte do horror por que teve que passar desde a juventude.


Título: Diário tardio: Theresienstadt - Auschwitz - Varsóvia - Dachau

Autor: Max Mannheimer

Tradução: Luis S. Krausz

ISBN: 978-65-86068-28-3

Formato: 14 x 21 cm / 128 páginas / Ilustrado com documentação fotográfica

Preço: R$ 56,00

Bruno Halioua, escrevendo agora sobre um passado que não viveu na pele, mas que o atinge enquanto médico de origem judaica, historiador da medicina e descendente de pessoas que viveram no gueto, e Max Mannheimer, um homem daqueles tempos que escreveu e agiu pensando no futuro da humanidade, encontram-se no meio do caminho da discussão do que se pôde ou não pôde fazer outrora e do que se poderá fazer daqui em diante.


Se recontar os sofrimentos de um povo serve para lembrar que isso não deveria ter acontecido e jamais deve acontecer novamente, seja com este mesmo povo, seja com quaisquer outros, os livros de um sobrevivente e de um historiador do assunto põem-se um ao lado do outro, como que resistindo em um front, e em uníssono clamam pela paz; e exclamam que basta, que já passou da hora de cessar toda perseguição e toda atrocidade opressoras. Como conclama Mannheimer no final de seu Diário, “vocês não são responsáveis pelo que aconteceu. Mas para que isso nunca aconteça de novo, isso sim vocês são responsáveis”.


A história do gueto de Varsóvia começa em 12 de outubro de 1940, Yom Kipur daquele ano, quando as autoridades nazistas ordenaram a transferência de todos os judeus da cidade polonesa para um perímetro fechado.


A opressão terminaria exatamente 948 dias depois, com o extermínio dos últimos resistentes e a dinamitação da Grande Sinagoga, localizada na rua Tłomackie. É o fim da maior comunidade judaica da Europa, a única que ofereceu resistência armada à crueldade. A descrição dessa resistência com meios extremamente parcos e na verdade desesperada é um marco da perseverança humana e símbolo do enfrentamento possível e necessário a estruturas opressoras, ontem, hoje e sempre.


Bruno Halioua apresenta também com pormenores os momentos anteriores à instituição do gueto, com a escalada da violência e da barbárie, que culminariam na erradicação. Com base nos numerosos testemunhos escritos durante e após o período em questão, Halioua narra a vida cotidiana de mais de 380 mil pessoas (isto é, cerca de 30% da população de Varsóvia à época): a multiplicação das medidas antijudaicas, os estratagemas para comer, trabalhar, rezar apesar do inferno, a coragem necessária para resistir à máquina de morte criada pelo Terceiro Reich.


Narrado com verbos conjugados no presente, como que para de propósito não relegar o evento histórico ao passado, Os 948 dias do gueto de Varsóvia, sintético, preciso e edificante, é um livro indispensável a todos aqueles que desejam compreender melhor esse trágico episódio do século XX.


O gueto de Varsóvia e seu levante, como diz o autor, "vai muito além da comunidade judaica. [...] Constitui, depois da guerra, um momento-chave da história da Europa no século XX, como Marek Edelman ressaltou de forma notável: 'A Shoá é a derrota da civilização. E, infelizmente, essa derrota não cessou em 1945. Temos de nos lembrar disso'."


Bruno Halioua é dermatologista e professor de história da medicina na Universidade Sorbonne em Paris. Ex-diretor da clínica da Faculdade de Medicina de Paris, possui um DEA (Diploma de Estudos Aprofundados, título de pós-graduação francês) em história contemporânea e é membro da Sociedade Francesa de História da Medicina. É também autor de La Médecine au temps des Hébreux; Sience et conscience; Blouses blanches, étoiles jaunes e La Médecine au temps des pharaons.


Durante décadas, Max Mannheimer reprimiu suas memórias dos campos de concentração em que fora obrigado a viver sob custódia nazista -- Auschwitz, os guetos de Theresienstadt e de Varsóvia, e Dachau, aonde o enviaram em uma marcha da morte. Guardou para si todo o horror que lugares como esses causam a um ser humano, mesmo que os pesadelos do silêncio o assombrassem e a depressão o adoecesse. Embora tenha sobrevivido, perdeu pai, mãe, dois irmãos, uma irmã e a esposa, ou seja, toda a família, exceto um terceiro irmão. 

Porém, após muitos anos, ao se deparar, em viagem aos Estados Unidos, com uma suástica bordada na roupa de uma pessoa; e também, em outra ocasião, ao pensar que estava próximo da morte por conta de um mal-entendido com seu médico, Mannheimer resolve abordar seu difícil passado e, logo, escrever um diário sobre o período mais aterrador de sua vida.

Nestes diários tardios a que os leitores brasileiros agora têm acesso, Mannheimer conta sobre sua juventude na antiga Tchecoslováquia até a ocupação alemã -- o relato da propagação da praga nazista entre vizinhos e próximos é comovente --, seguindo com a mudança para uma parte não ocupada do país, mas onde a máquina hitlerista i alcançará também. Relata finalmente sua experiência nos campos de extermínio, com descrições da rotina estafante de trabalhos forçados e narrações de passagens insólitas, como por exemplo o pão que ele comia em uma sala de autópsia ou a felicidade de uma roupa nova após meses. Rememora os pequenos atos de bravura dos colegas de jornada, como a desafiar o destino e dar sentido ao sofrimento, ações que quase sempre redundam em tortura, fuzilamento ou forca. Nas páginas finais, a descrição da libertação traz o adendo positivo mostrando que a resistência não apenas é possível, mas necessária.


Max Mannheimer nasceu em 1920, em Nový Jičín, cidade na antiga Tchecoslováquia. Judeu, foi perseguido pelos nazistas e forçado a trabalhar para eles. Perto de completar 23 anos, enviaram-no junto a toda sua família para o gueto de Theresienstadt e logo para Auschwitz, onde só sobreviveram ele e um irmão, que seriam ainda enviados para o gueto de Varsóvia, na Polônia, e para Dachau, na Alemanha. Em 1945, poucos meses antes do fim da Segunda Guerra Mundial, Manheimmer, muito debilitado, foi libertado do domínio nazifascista.


Após a libertação, voltou a sua cidade natal, casou pela segunda vez e mudou-se para Munique. Começou a pintar sob o pseudônimo ben yakov, teve suas pinturas expostas em várias ocasiões e também trabalhou com diversas organizações judaicas. Escreveu estas memórias nos anos 1970 e as publicou em livro somente em 2000. Engajou-se no conselho da Fundação Jugendgästehaus Dachau, uma instituição para conscientizar sobre a história de violência contra os judeus, que após a morte de Mannheimer, em 2016, passou a levar seu nome: Fundação Max Mannheimer-Haus.

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