Os primeiros cem dias de Javier Milei como presidente da Argentina foram insuficientes para estabelecer uma aproximação com Lula
Tribuna da Bahia, Salvador
06/04/2024 06:00 | Atualizado há 5 horas e 52 minutos
Por Felipe Frazão e Carolina Marins
A troca de farpas com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não interessa mais ao presidente da Argentina, Javier Milei, avalia o embaixador do Brasil em Buenos Aires, Julio Bitelli.
Em entrevista ao Estadão, o embaixador afirma que, nos primeiros cem dias de governo, a relação transcorreu dentro da normalidade, por causa de uma precaução prévia da diplomacia de buscar estabelecer canais de diálogo com ministros de Milei, para evitar um rompimento.
Segundo o diplomata, Milei recebeu um “choque de realidade” e agora o que se ouve do lado argentino é a intenção de explorar a relação com o Brasil.
Os primeiros cem dias de Javier Milei como presidente da Argentina foram insuficientes para estabelecer uma aproximação e deslanchar o relacionamento com o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. A relação entre os líderes vizinhos e rivais políticos, deteriorada por agressões e ofensas no ano passado, segue “congelada”, cercada de desconfiança.
Na gangorra entre os dois, os embates e provocações arrefeceram, mas ao menos no governo brasileiro a aparente trégua não desfez interrogações a respeito do libertário, um dos ícones da direita no continente.
A expansão desse movimento e sua expressão mais radical preocupa Lula, que chegou a pedir auxílio a peronistas para estudar o fenômeno na Argentina.
Diplomatas e analistas políticos observam que Milei, às voltas com problemas domésticos, mudou o comportamento nos últimos tempos, desde que assumiu o cargo. Ele deixou de lado a retórica da “casta vermelha” contra Lula e o Brasil, calibrada para inflamar apoiadores durante sua campanha para a Casa Rosada. O argentino parou de citar o petista como contraponto a seu ideário.
Em campanha, Milei disse que Lula chegou a ficar preso porque era corrupto, acusou o petista de ser “comunista” e “totalitário” e de interferir na disputa eleitoral de 2023 para beneficiar os peronistas destronados após o fim do governo Alberto Fernández e a derrota do ex-ministro da Economia Sergio Massa.
Lula de fato apoiava Massa como podia, procurou facilitar empréstimos internacionais, recebeu visitas em série do ex-presidente argentino Alberto Fernández e enviou a Buenos Aires três marqueteiros e estrategistas de confiança do PT. Ele chegou a se referir a Milei em privado como “louco”.
Fonte: Agência Estado
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