MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 24 de abril de 2024

É urgente cobrar maior contribuição das big techs no Brasil para manutenção da qualidade das redes


Por Vivien Mello Suruagy*

A expansão da conectividade digital no Brasil é prejudicada pela falta de uma contribuição justa nos custos por parte das big techs, seja pelo uso massivo das redes de telecomunicações ou por conta da assimetria tributária e regulatória em relação a empresas de telefonia ou emissoras de TV e rádio. As big techs, gigantes multinacionais como Meta, Google, Apple, Netflix, Amazon, Microsoft e X (antigo Twitter), pagam bem menos impostos do que as teles e quase não são reguladas, embora que, com apenas um post em suas plataformas digitais, possam alcançar quantidade incomparável de brasileiros, até mais do que os meios jornalísticos tradicionais ou um pronunciamento em rede na TV. É o que também ocorre em quase todo o planeta.
 

As big techs são grandes produtoras de conteúdo digital, porém não contribuem para garantir o uso intensivo das redes. Afinal, são responsáveis por mais de 80% do total do tráfego de dados. Falta uma regulamentação por parte da Anatel sobre as obrigações dos grandes usuários de telecomunicações, como as big techs. Por isso, as empresas do setor acabam bancando todo o investimento necessário.

O aumento do uso das redes tem gerado majoração dos custos, que não são totalmente cobertos pelo valor cobrado dos usuários. As teles têm que investir em infraestrutura e qualidade. Isso gera um desequilíbrio financeiro e uma concorrência desleal com as big techs e afeta os investimentos que seriam destinados ao aumento da conectividade, sobretudo em regiões e setores menos assistidos hoje.


Esses investimentos poderiam ser usados, pela iniciativa privada, por exemplo, para expandir a internet em escolas e hospitais ou no meio rural e na periferia das grandes cidades brasileiras. Portanto, é preciso estabelecer uma remuneração justa, rediscutir a neutralidade da rede e reduzir a carga regulatória de nosso setor. Se as big techs fornecem serviços de telecom, qual o motivo do privilégio de praticamente não serem reguladas?
 

Outro grande problema é a assimetria tributária entre as big techs, que em grande parte não pagam tributos em nosso País, e o setor de telecomunicações – sujeito à alta carga de impostos, uma das maiores do mundo. São bilhões gerados por consumo no Brasil (em valores que desconhecemos) e que deixam de ser tributados. E numa situação em que o governo federal constantemente luta por novas receitas.


Encontramos grandes assimetrias também entre as mídias digitais e as mídias tradicionais. São receitas publicitárias, produção de conteúdo e direitos autorais com pouca regulação que privilegiam estas grandes corporações em detrimento das mídias tradicionais.


A regulação setorial é desbalanceada. Enquanto as rádios e TVs cumprem uma série de exigências – inclusive de responsabilidade editorial - e são obrigadas a manter sede no Brasil, as mídias digitais não estão sujeitas às mesmas obrigações.
 

Por isso é necessário que a Anatel seja a agência que regule o funcionamento e a operação dos grandes grupos corporativos focados em tecnologia e nas mídias digitais que atuam no Brasil. As discussões devem envolver o governo e o congresso, além da própria Anatel. Devemos avançar no sentido de buscar um ambiente de negócios mais equilibrado, incentivar a competitividade e gerar recursos adicionais para o País.


Muitos países, principalmente da União Europeia (UE), já acordaram para o problema e aprovaram uma série de medidas para disciplinar a atuação dessas plataformas e limitar seu poder. Entrou em vigor, em 7 de março, a Lei de Mercados Digitais (DMA), uma regulamentação da UE que trata da atividade de gigantes da tecnologia e da concorrência entre elas. Com sua vigência, poderão ser fiscalizados pelo menos 22 serviços.


A expectativa é a de que, com a norma, os consumidores tenham mais serviços à disposição, por um preço justo. Se as companhias descumprirem as regras, poderão ser multadas em até 10% do seu faturamento anual. A penalidade pode chegar a 20% em caso de reincidência.

As big techs têm uma concentração de poder muito grande para, além de pagar poucos impostos, atuar sem fiscalização do poder público, o que pode gerar abusos, inclusive financeiros.
 

*Presidente da Federação Nacional de Call Center, Instalação e Manutenção de Infraestrutura de Redes de Telecomunicações e de Informática (Feninfra).


 



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