Gino Paulucci Jr*
Não
é segredo para ninguém e temos defendido há anos que um parque
industrial mais novo, que suporte um processo de neoindustrialização, é
capaz de produzir mais e melhor, incrementando a produtividade da
economia como um todo, com menor consumo de energia e melhor
sustentabilidade.
O processo de desindustrialização no
Brasil, que ocorre há décadas, se acentuou com a pandemia da Covid-19.
Segundo os dados extraídos do Banco Mundial a participação do setor
manufatureiro no PIB (Produto Interno Bruto) atingiu novas mínimas
históricas, indicando ainda que a indústria continua perdendo
protagonismo na economia brasileira. Em 1984 a indústria de
transformação representava 34,27% do PIB e em 2022 apenas 11,12%.
Trata-se
do menor percentual desde 1947, ano em que se inicia a série histórica
das contas nacionais calculadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). A série mostra que a indústria vem sofrendo um
retrocesso quase contínuo desde o início dos anos 2000, evidenciando
tanto as dificuldades de competitividade como também de recuperação das
perdas provocadas pela crise da Covid-19.
As causas são
muitas e complexas, vão desde o custo Brasil, da falta de qualificação
da mão de obra, chegando ao baixo nível de investimento produtivo - a
chamada Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF , que nunca foi tão baixa.
Sabemos que o investimento produtivo e a atualização tecnológica são
necessários para que a indústria mantenha-se competitiva frente a seus
competidores e concorrentes em âmbito mundial.
O que temos
assistido é a economia brasileira perdendo a batalha da competitividade
e da produtividade, mas os números indicam que a perda de relevância do
setor industrial no PIB é um fenômeno mundial e estrutural. Nas últimas
décadas, em diversos países do mundo, a diminuição do peso do setor
manufatureiro tem sido acompanhada por um avanço de setores de serviços
destinados a atender uma demanda cada vez maior por atividades como
serviços de tecnologia e informação, serviços pessoais, de saúde e
educação.
No Brasil, no entanto, o processo de
desindustrialização tem sido há tempos classificado como "prematuro",
por se dar numa velocidade mais rápida do que a verificada em outras
economias e por ocorrer antes de o país ter atingido um maior nível de
desenvolvimento e de renda per capita.
Por essa e outras
razões temos defendido a criação de uma política industrial articulada,
que promova a transformação da estrutura industrial, com a melhoria na
taxa de formação bruta de capital fixo, o avanço da digitalização, da
transição energética, da descarbonização, da transformação nos modelos
de negócios das empresas para que resulte num forte aumento da
produtividade e da competitividade da economia e a consequente inserção
nas cadeias de globais de valor. Por isso temos apoiado as ações
vinculadas a NIB – Nova Indústria Brasil e participado e contribuído
ativamente no Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial, o CNDI.
Consideramos
fundamental que haja uma economia ajustada e em rota de crescimento. A
agenda de combate aos itens que compõem o chamado “Custo Brasil” deve
continuar a ser enfrentada. Devemos continuar persistindo na agenda das
“reformas estruturantes”, de forma a remover os entraves à
competitividade.
Com uma indústria mais produtiva e
competitiva ganha o Brasil e a sociedade. Apoiamos a implementação das
ações propostas com responsabilidade, metas claras preestabelecidas e
transparência, de forma que o Brasil avance com uma nova estrutura
produtiva que possa contribuir para a resolução de nossos graves
problemas econômicos e sociais.
A aprovação pelo Congresso
Nacional dos projetos que fazem parte da NIB, entre eles a “Depreciação
Acelerada” e a criação da “Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD)”
são elementos importantes para a competitividade do setor industrial,
que nos trazem otimismo e contam com todo o nosso apoio.
*Gino Paulucci Jr é engenheiro mecânico, empresário e presidente do Conselho de Administração da ABIMAQ
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