Especialista explica como isso é feito e quais fatores devem ser observados para a procura desse tipo de cuidado
Nos próximos dez anos, o Brasil pode ter um aumento de 42% nos casos de câncer. O número é bem maior do que o registrado na última década, de acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) divulgados pela Sociedade Brasileira de Oncologia (SBOC). Em 2010, foram somados 489.270 casos de câncer no país. Já para 2021, são esperados 625 mil registros em todo o ano, um salto de quase 28%. Segundo o Inca, o câncer é a segunda maior causa de mortes por doença de brasileiros, depois das cardiovasculares e é o principal problema de saúde pública no mundo, já está entre as quatro principais causas de morte prematura (antes dos 70 anos) na maioria dos países.
A hematologista e hemoterapeuta pelo Inca, Maria Cunha Ribeiro Amorelli (CRM 13.399), que atende na clínica AngioGyn, no centro clínico do Órion Complex, em Goiânia, explica que o câncer é uma doença multifatorial e fatores ambientais como tabagismo, obesidade e sedentarismo são os maiores riscos. “No entanto, já se sabe que quase 20% dos cânceres diagnosticados atualmente tem uma origem familiar. Destes, 10% apresentam uma síndrome de hereditariedade do câncer com presença de mutações genéticas que são passadas através das gerações”, destaca a médica.
Por isso, a genética pode ser uma importante aliada na detecção do câncer. “Por muitos anos a medicina ficou às cegas, com medidas de prevenção genéricas, mas hoje temos o aconselhamento genético, que é de extrema importância para uma prevenção guiada e para descobrir precocemente a doença, antes de virar um tumor”, detalha Maria Amorelli, que também é especialista em hereditariedade do câncer pelo Hospital Albert Einstein. “Com o advento da genética já somos capazes de fazer este diagnóstico através de uma consulta de aconselhamento oncogenético”, revela.
Influência familiar
A
ocorrência de vários casos de câncer em uma única família pode estar
relacionada a mutações que aumentam o risco de desenvolvimento da
doença. A oncogenética tem um papel fundamental, não apenas na prevenção
como na investigação precoce e no seu tratamento. “O
diagnóstico de uma variante genética na família nos dá a oportunidade
de saber a quais tumores aquela família está exposta e proteger não só
ao paciente, mas também seus filhos, netos, primos. O objetivo é
realizar exames de prevenção específicos com regularidade e impedir que
um câncer se instale”, explica a especialista.
Ela revela que quando alguma mutação genética é detectada em uma pessoa, exames são recomendados para toda a família, além de consultas anuais de prevenção. A hematologista conta que com o aconselhamento genético é possível descobrir mutações que podem causar outras doenças. Em relação aos vários casos do novo coronavírus que acontecem em um mesmo núcleo familiar, por exemplo, Maria Cunha Ribeiro Amorelli conta que ainda é cedo para fazer qualquer afirmação. “Sobre a Covid-19 existe uma tendência maior em algumas famílias de se contaminarem e desenvolverem casos graves da doença. No entanto, estudos ainda estão sendo feitos e, por ser algo novo, não é possível apontarmos causas ou fazer qualquer afirmação”, ressalta.
A médica destaca que a medicina cada vez mais será guiada pela genética. “Nossos genes escondem segredos não só das doenças que estão em risco, mas também dos medicamentos com melhor resposta, guiando o tratamento. Isto porque cada pessoa é única, assim como todo tumor é único. Este tratamento de precisão, é diferente do tratamento convencional que atinge não só as células tumorais, mas todo o organismo”, afirma. Maria Amorelli lista pontos que devem ser analisados para saber se é preciso buscar um aconselhamento oncogenético.
- Presença de três ou mais parentes com diagnóstico de câncer, ou dois parentes de primeiro grau.
Se você possui mais de três familiares com diagnóstico de câncer, sejam eles pais, avós, mas também tios, primos é possível que você necessite de uma avaliação. - Tumores em idade jovem.
Se você ou algum parente próximo apresentou um tumor em idade jovem, abaixo da faixa etária habitual, por exemplo um câncer de mama antes dos 35 anos, deve ser avaliado. - Tumores incomuns.
O diagnóstico de um tumor incomum ou raro como Carcinoma Medular de Tireóide ou Feocromocitoma por exemplo, deve ser investigado. - Tumores bilaterais.
Câncer de mama ou ovário bilaterais junto ao diagnóstico precisam de uma avaliação mais detalhada. - Sexo não usual.
Tumores de mama em homens são bastante incomuns, mas podem ocorrer e, quando presentes, necessitam de investigação. - Associação com malformações ou síndromes genéticas
A presença de malformações como alterações vasculares, malformações de membros, face ou órgãos podem ter associações com mutações genéticas que podem predispor ao câncer. - Lesões Cutâneas
Algumas lesões na pele, algumas vezes já presentes ao nascimento, como por exemplo as manchas café-com-leite, que são bastante comuns, quando estão em grande número ou tamanho aumentado podem ter associações com alterações genéticas.
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A hematologista Maria Amorelli explica o que precisa ser analisado para se buscar o aconselhamento genético Arquivo Pessoal baixar em alta resolução |
Segundo o Inca, para este ano são esperados 625 mil registros de câncer no Brasil Divulgação baixar em alta resolução |
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