A ideologia que dominou o país durante tanto tempo tornou politicamente
incorreto, preconceituoso e elitista pretender estabelecer distinção
entre os leitores destas linhas e a bandidagem que os acossa e
intranquiliza. Percival Puggina:
Como entender que pessoas esclarecidas defendam, com argumentos tão
pouco sensatos, a vulnerabilidade dos cidadãos de bem? Como entender
que, no referendo de 2005, mais de 33 milhões de brasileiros,
minoritários na votação, mas ainda assim, num expressivo contingente,
tenham votado contra seu próprio direito de defesa? Cidadãos de bem que
não querem o direito de defender a própria vida, a vida de sua família e
o seu patrimônio? Que confiam essa tarefa essencial a um poder estatal
comprovadamente incapaz de executá-la? Custei a descobrir a resposta a
essas inquietações. Ela se encontra, exatamente, na ideia um tanto
abstrata de “cidadão de bem”! Incontáveis vezes, ao longo dos anos, em
centenas de debates, esse tema me foi lançado como carta forte, em forma
de pergunta: "O que é, afinal, um cidadão de bem, quem são tais
pessoas?".
Aqueles que no começo do século XXI conceberam o Estatuto do
Desarmamento e os que se recusam a votar uma lei que atenda melhor os
anseios e necessidades dos cidadãos de bem não sabem responder a essas
perguntas e as propõem como quem sugere um enigma!
É claro que não saber o que seja uma pessoa de bem, se a indagação
sobre as características de tais seres humanos se dilui no silêncio de
nebulosas dúvidas, se a diferença entre um cidadão honrado e um bandido é
tão sutil que não pode ser estabelecida, então todos somos suspeitos e
perigosos. Não podemos ter acesso a armas. A ideologia que dominou o
país durante tanto tempo tornou politicamente incorreto, preconceituoso e
elitista pretender estabelecer distinção entre os leitores destas
linhas e a bandidagem que os acossa e intranquiliza.
Deu para perceber? Desarmamentismo é o velho relativismo vestido de branco!
Quem o defende não sabe mesmo, olhando no espelho ou ao redor, o que
seja um profissional correto, um governante probo, um bom aluno, um
comerciante honesto, um atleta leal, um soldado valoroso, um pai de
família dedicado, um trabalhador esforçado, um patrão justo. É ruim,
não? Pois bem, senhores e senhoras que não sabem o que seja uma "pessoa
de bem": a resposta à vossa pergunta é...
Não, não a darei. Embora congruente com a indagação, o esclarecimento seria descortês.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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