Ghiislaine Maxwell cometeu suicídio na semana que vem”, dizem os mais
céticos, por causa das ligações perigosíssimas que a prisão dela ameaça.
Vilma Gryzinski:
Um príncipe (Andrew), dois presidentes (Bill Clinton, Donald Trump),
um primeiro-ministro (o israelense Ehud Barak) e uma agenda inteira de
homens ricos de meia idade e sem vergonhice inteira têm motivos para não
dormir direito desde ontem.
Ghislaine Maxwell, presa na casa que comprou em dinheiro e onde
usava, desde dezembro, a tática de se esconder debaixo do nariz de
todos, é um arquivo ambulante.
“Agora, mantenham ela viva”, proclamou o tabloide New York Post,
ironizando o fato de que o ex-namorado e patrocinador dela, Jeffrey
Epstein, conseguiu se suicidar – ou ser suicidado, segundo os
conspiracionistas -, no ano passado, na prisão federal de Nova York
supostamente à prova de qualquer coisa fora do roteiro.
Ghislaine Maxwell, de 58 anos, teve uma vida totalmente fora do
roteiro. De namorada do multimilionário que ao morrer deixou 500 milhões
de dólares para o irmão, transformou-se em “recrutadora” de jovens
menores de idade para integrar o harém que mantinha em suas mansões para
atender seus caprichos sexuais.
Fazia-se de amiga das mais relutantes, conquistava sua confiança,
trocava de roupa na frente delas, ensinava-as a “fazer a massagem que
Jeff gosta”.
Eventualmente, ou até mais do que isso, participava de sessões de sexo a três.
Mas, acima de tudo, mantinha um arquivo de contatos que abria as portas de gente importante para Epstein.
Filho de um jardineiro no Departamento de Parques e Jardins, de
professor de física e matemática ele saltou rapidamente para consultor
financeiro, embora o único cliente realmente rico dele tenha sido Les
Wexner, da Victoria Secret’s.
Com muito dinheiro – chegou a passar de 1 bilhão – e pouco traquejo
social, Epstein encontrou em Ghislaine o caminho para o acesso ao qual
ambicionava.
Ghislaine não era uma pobre inocente cega pelo amor a um homem carismático, bonito e muito rico, além de viciado em sexo.
Os depoimentos das jovens, hoje adultas, que apareceram para
denunciar Epstein mostram o comportamento seguro e imperioso de
Ghislaine.
“Estão tão feliz de ver que ela finalmente está no lugar que merece”,
comemorou Virginia Roberts Giuffre, recrutada aos 14 anos por
Ghislaine.
Virginia se tornou a mais conhecida acusadora de Epstein por ter sido uma das pioneiras a acusá-lo.
Mas, principalmente, por ser a mulher que “derrubou o príncipe Andrew”.
Quando começou a aparecer em público, ela contou como foi “presenteada” em três ocasiões ao filho do meio da rainha Elizabeth.
Até uma foto ela tinha, mostrando Andrew enlaçando-a pela cintura. Ao
lado, Ghislaine Maxwell. Estavam todos na casa dela, em Londres.
Andrew tornou-se o maior trunfo de Epstein, em termos de prestígio social.
O príncipe cavou a própria cova ao ir a Nova York, hospedando-se na
mansão dele, depois que Epstein saiu da primeira cadeia, onde pegou uma
pena leve de um ano, com direito a passar os dias trabalhando em casa.
Foi dar uma entrevista à televisão para limpar a barra e acabou
fazendo um papel tão ridículo que precisou ser afastado das funções que
exercia na família real. Nunca mais voltará a ocupá-las, embora, como
filho da rainha, continue a circular nesse ambiente.
As autoridades americanas ainda estão esperando um depoimento voluntário dele. Vão esperar um tempão.
O suicídio de Epstein em vez de abrandar o escândalo, recrudesceu-o à
medida em que várias ex-integrantes do harém apareceram para contar sua
história e também ganhar uma indenização tirada da bolada da herança.
O caso parece ter sido feito sob medida para despertar o conspiracionsta que mora em todos os corações.
Epstein gravava tudo o que acontecia em suas casas e ficava
observando, ao vivo, os convidados famosos, de cientistas a políticos,
de guarda baixa.
Punha seu avião, apelidado de “Expresso Lolita”, para transportar os
mais necessitados, tipo Bill Clinton – pintado num quadro enorme na sua
mansão de Nova York vestido de mulher, com uma roupa parecida com a de
Hillary.
Quando ainda era um incorporador imobiliário, Donald Trump e a
namorada, Melania, cruzaram várias vezes em ambientes sociais. “Ele
gosta de mulheres bonitas como eu, embora prefira as novinhas”, disse
Trump num perfil sobre ele.
As suspeitas mais frequentes envolve o Mossad, o legendário serviço
de espionagem de Israel, e a comprometedora videoteca de Epstein.
Motivo adicional: o pai de Ghislaine, Robert Maxwell, também exibiu
os sinais de ter tido uma importante ligação com o Mossad ao ser
sepultado com honras em Israel.
Foi dele o primeiro suicídio suspeito na vida de Ghislaine. Nascido
Ján Hoch na então Checoslováquia, fugiu da perseguição aos judeus e
integrou o exército checo no exílio.
Com um novo nome, começou a ganhar dinheiro, chegando a se
transformar em magnata da imprensa, incluindo entre suas propriedade o
tabloide Daily Mail.
O castelo já estava caindo, via um buraco de 600 milhões de dólares
no fundo de pensão dos funcionários de seu grupo, quando ele desapareceu
durante uma viagem no iate Lady Ghislaine.
Sua morte foi dada como acidental.
Os mesmos elementos se rearranjaram em torno de Ghislaine: suicídios
suspeitos, armações financeiras, espionagem, gente muito importante e
reputações na lama.
Agora, está todo mundo de olho no esquema de vigilância na cela de
Ghislaine Maxwell. Sem contar os que perderam o sono por causa dela.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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