A defesa e os aliados do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) saíram do STF (Supremo Tribunal Federal) nesta terça-feira
(25) com a impressão de que houve uma mudança de cenário na corte. Mesmo
com a decisão de manter o petista na prisão, a avaliação é que a
maioria dos ministros da Segunda Turma deu sinais de que há dúvidas
sobre a imparcialidade do ex-juiz Sergio Moro. Nos bastidores, advogados
e correligionários de Lula disseram que “avançaram algumas casas” na
sessão desta terça. Para eles, os ministros indicaram que o caso mudou
de patamar depois que o site The Intercept Brasil divulgou diálogos
entre Moro e procuradores da força-tarefa da Lava Jato. A expectativa da
defesa é que o julgamento da alegada suspeição seja retomado nos
primeiros dias de agosto, assim que acabar o recesso do Judiciário. Até
lá, não há a perspectiva de que sejam apresentados novos pedidos à
corte. A avaliação é que, neste mês de recesso, devam surgir novas
conversas entre Moro e a linha de frente da Lava Jato que possam
corroborar o que alegam os advogados do ex-presidente. A percepção dos
auxiliares de Lula em relação a uma possível guinada na corte se deu,
especificamente, nos minutos finais da sessão. A presidente da turma,
ministra Cármen Lúcia, falou de “mudança de quadro, dada a gravidade do
que vem se apresentando no sentido de eventual parcialidade” –numa
referência às mensagens reveladas pelo Intercept, e também analisadas
pelo jornal Folha de S.Paulo, que sugerem proximidade entre juiz e
acusação. A ministra também indicou estar disposta a rever seu voto
anterior. “É bom que se lembre que, mesmo o ministro relator [Edson
Fachin] e eu, que já votei no mérito o acompanhando inicialmente,
estamos abertos –pelo menos eu estou aberta– porque o julgamento não
acabou, e o acervo que pode ser trazido ainda com comprovações
posteriores não impede o uso de instrumentos constitucionais e
processuais para a garantia dos direitos do paciente [Lula]”, disse. Em
dezembro, quando a Segunda Turma deu início ao julgamento do habeas
corpus sobre a alegada falta de imparcialidade de Moro na condução do
processo do tríplex de Guarujá (SP), Cármen Lúcia acompanhou o relator
Edson Fachin e votou contra o petista. Antes de a ministra indicar a
possibilidade de mudar de posição, os auxiliares e aliados de Lula já
haviam avaliado como positiva a manifestação do decano Celso de Mello.
Folhapress
Nenhum comentário:
Postar um comentário