Para onde uma sociedade caminha quando ataca seus membros mais
produtivos, enquanto passa a mão na cabeça de alguns dos seus maiores
sanguessugas? Artigo do professor e economista Walter Williams,
publicado pela Gazeta do Povo:
Alguns americanos têm muito mais renda e riqueza que outros. O
ex-presidente Barack Obama disse, uma vez: “eu realmente penso que,
quando se atinge um certo ponto, você já fez dinheiro suficiente”. Um
assessor da deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez, que tem uma
conta de Twitter chamada “cada bilionário é uma falha política”, tuitou
“meu objetivo para este ano é conseguir que um moderador pergunte ‘é
moralmente correto que alguém seja um bilionário?’” E a pré-candidata à
presidência americana Elizabeth Warren, senadora democrata, quer um
imposto sobre fortunas e reclama que “os ricos e poderosos estão tomando
muito para si mesmos e deixando muito pouco para todos os demais”.
Essas pessoas teriam razão se houvesse pilhas de dinheiro no chão,
chamadas “receitas”, com bilionários e milionários conseguindo acesso a
elas e surrupiando muito mais do que deveriam. Nesse caso, uma política
pública corretiva pediria uma redistribuição da renda, em que os ganhos
conseguidos de forma imoral por poucos seriam tomados e devolvidos a
quem de direito. Poderíamos dizer o mesmo se houvesse um distribuidor de
dólares que – por ser racista, sexista, multinacionalista e, quem sabe,
um republicano – não dividisse os dólares de forma justa. Se ele desse
milhões a uns e moedinhas a outros, uma política pública decente
exigiria que os dólares fossem divididos novamente, no que alguns chamam
de redistribuição de renda.
Você dirá “Williams, isso é loucura”. E você está certo. Em uma
sociedade livre, as pessoas conquistam renda pelo serviço a seu próximo.
Veja um exemplo: eu corto a sua grama e você me paga US$ 40. Depois,
vou ao mercado e levo 12 cervejas e um quilo e meio de carne. O caixa me
diz “Williams, você está pedindo a este seu próximo que lhe sirva
dando-lhe cerveja e carne. O que você fez para servir o próximo?” E eu
responderia “Eu cortei a grama dele”. O caixa pede: “então prove”. E eu
mostro os US$ 40. Podemos encarar aquelas duas notas de US$ 20 como
“certificados de performance”, uma prova de que eu servi o próximo.
Um sistema que exija de alguém que sirva seu próximo para poder
reivindicar o que os outros produzem é muito mais moral que um sistema
que dispensa esse requisito. Por exemplo, o Congresso poderia me dizer
“Williams, você não precisa ficar derretendo ao sol cortando a grama do
vizinho para ter direito ao que os outros produzem. Apenas vote em mim, e
vou usar a tributação para tirar parte do que outra pessoa produz e dar
essa parte a você”.
Vamos ver os exemplos de alguns multibilionários para saber se eles têm servido adequadamente o seu próximo.
Bill Gates, cofundador da Microsoft, tem uma fortuna estimada em mais
de US$ 90 bilhões. É a segunda pessoa mais rica do mundo. Ele não
conquistou esse dinheiro todo por meio da violência. Milhões de pessoas
em todo o mundo voluntariamente deram seu dinheiro em troca de produtos
da Microsoft. Isso explica a enorme riqueza de gente como Gates. Eles
descobriram o que seu próximo queria e não tinha, e encontraram meios de
produzir isso de forma eficiente. E as pessoas lhes deram dinheiro de
livre e espontânea vontade.
Se Gates e outros tivessem ouvido o conselho de Obama, de que “a
partir de um certo ponto” eles tivessem “ganho dinheiro suficiente”, e
tivessem fechado suas fábricas depois de conquistar o primeiro ou
segundo bilhão, a humanidade não teria conseguido o desenvolvimento
tecnológico de que desfruta hoje.
Dê uma olhada na lista de bilionários do site Billionaire Mailing
List. Nela, você encontrará gente que fez enormes contribuições à
sociedade. Mais para baixo da lista está Gordon Earle Moore, cofundador
da Intel. Ele tem uma fortuna de US$ 6 bilhões. Em 1968, Moore
desenvolveu e comercializou o circuito integrado, ou microchip,
responsável por milhares de inovações ainda hoje, como aparelhos de
ressonância magnética, avanços na tecnologia de satélites, ou o seu
computador. Por mais que Moore tenha se beneficiado enormemente de sua
atividade de desenvolver e vender o microchip, o que ele ganhou não é
nada em comparação com o que nosso país e o mundo ganharam em termos de
vidas melhoradas e até salvas por todas as inovações tecnológicas que o
microchip permitiu.
As únicas pessoas que se beneficiam da luta de classes são os
políticos e a elite; eles tomam nosso dinheiro e controlam nossas vidas.
Além disso, deveríamos nos questionar: para onde uma sociedade
caminha quando ataca seus membros mais produtivos, ridiculariza-os e
zomba deles, enquanto passa a mão na cabeça de alguns dos seus maiores
sanguessugas e membros menos produtivos?
Walter E. Williams é colunista do
“The Daily Signal” e professor de Economia na George Mason University.
Tradução: Marcio Antonio Campos.
© 2019 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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