Pesquisa levou em consideração as mortes de menores de 19 anos por arma de fogo
Todos os dias, de 1999 a 2018, uma criança ou
adolescente foi internado em Minas vítima de disparo de arma de fogo.
Porém, a estatística, que coloca o Estado em terceiro lugar entre as
unidades federativas mais violentas para a infância e juventude, fica
ainda mais assustadora quando analisada junto à evolução dos óbitos. Em
duas décadas, 11.214 mineiros menores de 19 anos morreram a tiros.
Os dados fazem parte de um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que mensurou as causas indicadas para internações e mortes em prontuários médicos da rede de saúde do país. Os registros mostram que, por aqui, o número de óbitos de vítimas de 0 a 19 anos saltou 320%, passando de 178, em 1997, para 740, em 2016.
A maioria delas é do sexo masculino e tem acima de 15 anos. Para especialistas, os números evidenciam que os governos não souberam, nas últimas décadas, primar pela vida dos mais jovens e que a violência assola justamente os mais fracos.
Para Danilo Coelho, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que há mais de dez anos analisa as estatísticas de mortes no Brasil, nem com o Estatuto do Desarmamento o país conseguiu fazer valer a cultura de não valorização da arma.
“Não adiantou fazer campanhas para desarmar a população no sentido que, paralelamente, nada de muito efetivo foi feito para mitigar a violência, principalmente nas periferias. Ora, para que as pessoas sintam que o desarmamento é eficaz, ele tem que, obviamente, o ser. Por isso hoje fala-se tanto em armas. Desarmar não é a panaceia, é só um braço do polvo de soluções”, afirmou.
Presidente da SBP, a pediatra Luciana Silva segue o mesmo raciocínio. “O acesso às armas de fogo é um problema que tem que ser discutido com profundidade. Sabemos que tem implicações sociais, entre outras. Mas há inúmeras ações que deverão ser tomadas em conjunto para mudar o quadro”, disse.
A diarista Carla Cristina Silva, de 49 anos, luta há oito anos para superar a perda do filho mais velho, Diego Lúcio Castro Silva, de 15. Em 2011, o jovem foi assassinado numa troca de tiros em Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital. “Ele era usuário de drogas, mas menino na rua, sabe como é, se envolve com coisa errada”, lamentou.
Saídas
Por isso, quem trabalha na área de segurança defende políticas públicas ligadas à educação, lazer e esporte, a fim de combater o problema. Professor da PUC Minas, Robson Sávio acredita que a violência nunca deve ser pensada apenas como problema de polícia.
“Várias soluções são de fora dos quartéis. Escolas mais estruturadas e equipadas atraem mais jovens. Por que não fazer, por exemplo, campeonatos de bairros na cidade, para meninos e meninas se envolverem com esporte? Escolinhas comunitárias também são ótimas saídas”, defendeu.
Segundo Danilo Coelho, é preciso adotar estratégias diferentes. “Para as crianças, a resposta é desarmar e proteger. Já para os adolescentes, programas profissionalizantes e de primeiro emprego podem ajudar a diminuir a ociosidade dessa faixa etária”.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que, dentre as ações voltadas para a juventude, destaca-se o programa Fica Vivo!. O projeto foca a prevenção e redução de homicídios dolosos de adolescentes e jovens, atuando em áreas que registram maior concentração de assassinatos com atendimento psicossocial e encaminhamento para a rede de serviços públicos. Também são oferecidas cerca de 400 oficinas de esportes, arte e cultura.
O público atendido é de jovens de 12 a 24 anos de idade, moradores dos territórios atendidos pelos Centros de Prevenção à Criminalidade (CPC). No Estado, o programa atende aproximadamente 10 mil jovens todos os meses.
Procurado, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública não se posicionou até o fechamento desta edição.
Os dados fazem parte de um levantamento divulgado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), que mensurou as causas indicadas para internações e mortes em prontuários médicos da rede de saúde do país. Os registros mostram que, por aqui, o número de óbitos de vítimas de 0 a 19 anos saltou 320%, passando de 178, em 1997, para 740, em 2016.
A maioria delas é do sexo masculino e tem acima de 15 anos. Para especialistas, os números evidenciam que os governos não souberam, nas últimas décadas, primar pela vida dos mais jovens e que a violência assola justamente os mais fracos.
Para Danilo Coelho, pesquisador do Fórum Brasileiro de Segurança Pública que há mais de dez anos analisa as estatísticas de mortes no Brasil, nem com o Estatuto do Desarmamento o país conseguiu fazer valer a cultura de não valorização da arma.
“Não adiantou fazer campanhas para desarmar a população no sentido que, paralelamente, nada de muito efetivo foi feito para mitigar a violência, principalmente nas periferias. Ora, para que as pessoas sintam que o desarmamento é eficaz, ele tem que, obviamente, o ser. Por isso hoje fala-se tanto em armas. Desarmar não é a panaceia, é só um braço do polvo de soluções”, afirmou.
Presidente da SBP, a pediatra Luciana Silva segue o mesmo raciocínio. “O acesso às armas de fogo é um problema que tem que ser discutido com profundidade. Sabemos que tem implicações sociais, entre outras. Mas há inúmeras ações que deverão ser tomadas em conjunto para mudar o quadro”, disse.
A diarista Carla Cristina Silva, de 49 anos, luta há oito anos para superar a perda do filho mais velho, Diego Lúcio Castro Silva, de 15. Em 2011, o jovem foi assassinado numa troca de tiros em Ribeirão das Neves, na região metropolitana da capital. “Ele era usuário de drogas, mas menino na rua, sabe como é, se envolve com coisa errada”, lamentou.
Saídas
Por isso, quem trabalha na área de segurança defende políticas públicas ligadas à educação, lazer e esporte, a fim de combater o problema. Professor da PUC Minas, Robson Sávio acredita que a violência nunca deve ser pensada apenas como problema de polícia.
“Várias soluções são de fora dos quartéis. Escolas mais estruturadas e equipadas atraem mais jovens. Por que não fazer, por exemplo, campeonatos de bairros na cidade, para meninos e meninas se envolverem com esporte? Escolinhas comunitárias também são ótimas saídas”, defendeu.
Segundo Danilo Coelho, é preciso adotar estratégias diferentes. “Para as crianças, a resposta é desarmar e proteger. Já para os adolescentes, programas profissionalizantes e de primeiro emprego podem ajudar a diminuir a ociosidade dessa faixa etária”.
Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp) informou que, dentre as ações voltadas para a juventude, destaca-se o programa Fica Vivo!. O projeto foca a prevenção e redução de homicídios dolosos de adolescentes e jovens, atuando em áreas que registram maior concentração de assassinatos com atendimento psicossocial e encaminhamento para a rede de serviços públicos. Também são oferecidas cerca de 400 oficinas de esportes, arte e cultura.
O público atendido é de jovens de 12 a 24 anos de idade, moradores dos territórios atendidos pelos Centros de Prevenção à Criminalidade (CPC). No Estado, o programa atende aproximadamente 10 mil jovens todos os meses.
Procurado, o Ministério da Justiça e da Segurança Pública não se posicionou até o fechamento desta edição.
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