"Quem, tendo uma eleição
ali adiante, opta pelo caos para fazer revolução, quer o caos e não a
democracia. O caos é o tempo dos piores, dos oportunistas, dos bandidos,
dos sem escrúpulos. Não é o tempo dos democratas nem dos estadistas.
Perguntem a cubanos e venezuelanos". Texto de Percival Puggina:
As fotos são
inacreditáveis. Quando estes dias forem uma triste lembrança e amarga
lição, as imagens da greve dos caminhoneiros em 2018 ilustrarão momentos
em que o Brasil, levado à beira do abismo, soube pisar no freio. Soube?
É o que ainda espero, ao escrever estas linhas.
Enquanto o Brasil
estertora no acostamento, uma parte da sociedade parece delirar. O país
vai quebrar? Deixa quebrar. Quem tem trabalho não está conseguindo
trabalhar e quem está produzindo não consegue produzir? Deixar estar.
Quem tem o que vender, não encontra quem venha comprar? Faz parte. O PIB
está levando um tombo muitas vezes bilionário? Não importa. Mas afinal,
o que importa? Pois é, li que na pauta dos caminhoneiros existem itens
que me agradam, como a queda do preço da gasolina, e o fim das urnas
eletrônicas. Ah!
No cardápio das
postulações há para todos os gostos. O que importa é capturar apoio
popular para a mobilização dos “heróis” que, com insuperável eficiência,
conseguiram mostrar a Temer o quanto todos, inclusive eu, o
desprezamos. E sim, claro, isso é muito mais importante do que o Brasil.
Assisti, há alguns
minutos, vídeo em que um caminhoneiro aos gritos, perguntando à longa
fila de espera diante de um posto de combustível se os cidadãos que ali
estavam pretendiam comer gasolina, porque, quisessem ou não, iria faltar
alimento. O militante estava convencido de que a população devia
subordinar-se às determinações do multiforme politburo grevista e ficar
hibernando em casa enquanto eles cuidam de deteriorar a situação de
todos. Fica proibido trabalhar. Ficam proibidas todas as atividades que
envolvam direito de ir e vir. “Estátua!”, brincavam antigamente as
crianças, obrigando os demais a permanecerem como estivessem. E assim
comandam, hoje, os novos senhores de nosso cotidiano.
É quase inacreditável
que tanta gente se deixe iludir pelas artimanhas de um movimento que
foi infiltrado pelo que há de pior na política brasileira. A infiltração
os fez afinar-se com os mesmos petroleiros que se tapavam de alaranjado
com Lula e Dilma em reiterados comícios enquanto a Petrobras era
saqueada e vampirizada a ponto de se tornar escárnio mundial e miniatura
de si mesma. A infiltração passou a acolher terroristas, black blocs, a
escória de 2013 e representantes dos hospedeiros da carceragem da
Polícia Federal em Curitiba. Os que se deixaram seduzir pelo movimento
dos caminhoneiros parecem não perceber que se tornam reféns, meros
objetos, favas contadas, na chantagem que eles impõem ao Estado.
Basta ouvi-los quando
disseminam áudios e vídeos em falsa surdina ou tons ameaçadores para
reconhecer o vocabulário. Qualquer pessoa com experiência em linguagem
política sabe o que está na cabeça de quem assim se expressa. Buscam o
caos com intuito revolucionários.
Não é mediante um
cardápio de propostas difusas e confusas que se avança com seriedade
pela via democrática, mas com a legitimação eleitoral de propostas
consistentes. Cinco boas medidas de combate aos inimigos do Brasil, para
pautar a eleição de outubro seriam: 1) não reeleger corruptos,
coniventes e incompetentes; 2) agravar a lei penal e combater a
impunidade; 3) diminuir em 10% a carga tributária, com redução
compatível do custo do setor público mediante alterações constitucionais
que o permitam; 4) extinção dos privilégios adquiridos; 5) fim do foro
privilegiado.
Quem, tendo uma
eleição ali adiante, opta pelo caos para fazer revolução, quer o caos e
não a democracia. O caos é o tempo dos piores, dos oportunistas, dos
bandidos, dos sem escrúpulos. Não é o tempo dos democratas nem dos
estadistas. Perguntem a cubanos e venezuelanos.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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