A
Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) exige imediata ação
policial. Milhões de litros de leite já foram desperdiçados nesta greve
já tomada pelos "bandidos infiltrados":
Durante
reunião no Congresso nesta terça-feira, representantes de 18 associações
do agronegócio e de empresas transportadoras exigiram que o governo
federal tome atitudes para evitar que o desabastecimento se agrave no
país. Eles afirmaram que há terroristas infiltrados nas mobilizações nas estradas e afirmaram que o risco de faltar comida no país é real .
“Há
bandidos infiltrados nestes movimentos que não estão deixando o povo
trabalhar. Isso não é justo. A polícia, o governo, o Exército, a Polícia
Federal, seja quem for, não há nenhuma prisão até agora e os relatos
estão sendo todos passados para o gabinete de crise. Está na hora de
agir. Os frigoríficos estão parados e vai faltar comida”, disse Ricardo
Santin, diretor-executivo da ABPA (Associação Brasileira de Proteína
Animal), que esteve com o presidente Michel Temer no domingo (27), horas
antes do anúncio do acordo com os caminhoneiros.
Segundo
ele, mais de um milhão de aves estão morrendo por falta de alimentação e
isso pode afetar o Brasil no exterior, já que o país tem 40% do mercado
global.
“Esta
situação está passando do limite. Agora, já não é uma situação de
protesto ou não. É uma situação política, exacerbada, de gente
oportunista se infiltrando contra os bons caminhoneiros que agora querem
voltar a trabalhar”, afirmou Santin.
Usinas de cana paradas
Elizabeth
Farina, diretora-presidente da Unica (União da Indústria de
Cana-de-Açúcar) disse que, a partir desta terça-feira, as 150 usinas de
cana-de-açúcar estão deixando de operar, o que deixa em risco 310 mil
empregos.
“O
desabastecimento, nós não conseguimos recuperar ele a curto prazo. Hoje
estamos com 100% das usinas de açúcar e álcool paradas. O etanol vai
custar no bolso mais caro porque não tem como abastecer tanto de etanol
como a mistura de combustível”, afirmou Fábio de Sales Filho, presidente
do IPA (Instituto Pensar Agro).
Leite jogado fora e soja acumulada
No setor
de laticínios, o impacto já é de R$ 1,2 bilhão por falta de
matéria-prima e insumos. Até agora, a Associação Brasileira de
Laticínios estima que 360 milhões de litros de leite já foram jogados
fora. A associação estima que, a partir do momento que a paralisação for
desfeita, só será possível voltar ao normal depois de um mês.
A
Associação Brasileira de Produtores de Soja (Aprosoja) disse que 400 mil
toneladas do produto estão deixando de ser escoadas todos os dias.
“Negócios
estão sendo desfeitos, estamos com dificuldades. Outros países querem
negociar com o Brasil, infelizmente eles estão tendo que buscar essa
soja em outros países”, disse Fabrício Rosa, da Aprosoja.
CNA estima perdas
Segundo a
CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária), em noves dias de
paralisação, a perda no setor de produção primária já ultrapassa R$ 6,6
bilhões.
“A
situação chegou num limite. Já está um caos generalizado e a população
vai pagar por isso, não só o produtor”, disse o superintendente-técnico
da CNA, Bruno Luque.
Presidente
da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José Fonseca Lopes,
também reuniu-se com os produtores e voltou a pedir o fim da
paralisação, dizendo que os que continuam nas estradas são terroristas.
“Precisamos
acabar com este terrorismo que está aí fora. Não é mais o caminhoneiro
autônomo que está fazendo isso. Quem está fazendo isso é bandido. Isso
tem que acabar. O caminhoneiro fez aquilo que tinha que fazer. Agora,
estas infiltrações, este terrorismo que está aí, querem fazer o quê?
Botar fogo neste país?”, disse Lopes.Veja também
“Isso,
para mim, é terrorismo e alguém tem que fazer alguma coisa para resolver
isso. O caminhoneiro, que fique claro para todo mundo, não está mais na
greve”, disse o presidente da Abcam.
A
associação é um dos alvos de investigação do Cade (Conselho
Administrativo de Defesa Econômica). O objetivo é verificar se essas
entidades agiram em conjunto com o intuito de “dificultar a operação de
equipamentos destinados a produzir, distribuir ou transportar”.
O
presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística,
José Hélio Fernandes, negou a participação de empresários nas
mobilizações, o locaute.
“O setor
empresarial está absolutamente à disposição para fazer aquilo que nós
sempre fizemos, que é transportar, que é trabalhar e fazer tudo o que o
setor fez para este país. Quero deixar muito claro: não tem o setor
empresarial atrás. E, se tem um empresário participando, é por conta e
risco, e responda pelos seus atos”, afirmou. (Gazeta do Povo).
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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