MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

quinta-feira, 24 de maio de 2018

Governo dirigiu crise dos combustíveis em marcha lenta

Jornal do Brasil GILBERTO MENEZES CÔRTES, gilberto.cortes@jb.com.br

A marcha lenta do governo para agir nos combustíveis transformou problema aparentemente localizado em crise nacional. No dia 18 de maio, com base na escalada do dólar e do barril do petróleo no mercado internacional, o JORNAL DO BRASIL alertou em manchete: “Dólar e óleo atiçam inflação”, lembrando que o reajuste acumulado dos dois componentes vitais à formação dos preços do diesel e da gasolina tinha chegado a 34,11% em 30 dias, o que podia pressionar ainda mais os combustíveis e provocar escalada da inflação.
Nada foi feito. O governo parecia ignorar a magnitude do contágio do diesel na cadeia de preços e o efeito de uma propagação de greve de caminhoneiros numa economia em que 98% das cargas de produtos e insumos de consumo interno são transportados por caminhões, movidos a óleo diesel. Só domingo, 20, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, acolhendo pressões dos caminhoneiros, que ameaçavam entrar em greve contra a escalada do diesel, decidiu convocar CPI para discutir meios de reduzir o preço dos combustíveis.
Mas a reunião seria no dia 30 de maio. Enquanto isso, até a decisão anunciada ontem à noite pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, de redução de 10% do litro do diesel para R$ 2,1016 na refinaria (que é pelos menos 30% menor do que custa nas bombas), houve uma escalada de  novos aumentos. Dia 16 de maio, o diesel custava R$ 2,2682 o litro na refinaria. Aumentou dias 17, 18, 19 e 22, quanto chegou a R$ 2,3771.Uma alta de 2,79% desde o dia 17 de maio e de impressionantes 19,35% desde o dia 18 de abril, nas refinarias, quando o litro valia R$ 1,9917. Nas bombas custava cerca de 30% a mais (segundo a ANP, R$ 3,395 nas bombas entre 13 e 19 de maio). Como a escalada continuou, o diesel já passou dos R$ 4,20. A queda dos combustíveis nos postos é mais complexa e demorada ainda que a queda dos juros. O dono do posto que comprou a mercadoria mais cara tenta desovar o estoque com preço alto para não se descapitalizar. Só quem parece não entender o funcionamento deste mercado é o governo. A queda do diesel pela Petrobras é uma tentativa de trégua. O governo aventou a redução da Cide; do ICMS pelos estados. Todos os entes fiscais estão na penúria (União, estados e municípios, que têm cota parte do ICMS). Quando o governo acordou para o problema, aeroportos ameaçavam suspender voos por falta de querosene de aviação. No porto de Paranaguá (PR), falta diesel para os caminhões e óleo combustível para os navios. E nas centrais de abastecimento, sem a chegada de mercadorias, a especulação corre solta e bate no bolso do consumidor: no supermercado Guanabara da Barra o quilo da batata inglesa chegou a R$ 8,00, um salto de mais de 200% em uma semana. Várias fábricas param por falta de componentes. Erro total de avaliação.

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