![]() |
| O Brasil jamais terá uma Thatcher. |
Em uma cultura dominada
por visões mais ou menos toscas do marxismo, ser revolucionário é
chique. Ser conservador (um perigo, não é, FHC?) é algo que não merece
existência nesse modelo de pensamento único cultivado pela maioria dos
partidos políticos brasileiros - que de conservadores e liberais nada
têm. A propósito, segue texto de Percival Puggina:
Embora registremos um
número excessivo de partidos políticos, nenhum se apresenta ou pode ser
definido como conservador. O fato surpreende por dois motivos. Primeiro
porque o eleitorado que se diz conservador constitui parcela expressiva
e crescente da sociedade brasileira. Segundo porque, no Império,
tivemos um Partido Conservador cuja contraparte era o Partido Liberal.
Apesar de haverem respondido pela estabilidade política do período, os
dois foram extintos após a proclamação da República.
Ao longo dos anos, a
cada eleição para o Congresso Nacional, torço pelo sucesso de candidatos
comprometidos com aquilo que, para simplificar o entendimento, chamo de
conservadorismo nos valores e de liberalismo nas concepções políticas e
econômicas. No detalhe, não é bem assim, sei. Em ampla proporção, os
conservadores são, também, liberais. O que os distingue não é o
liberalismo dos liberais, mas o conservadorismo dos conservadores. É ele
que deveria demarcar as fronteiras políticas de um partido conservador.
No entanto, pergunto:
serão realmente conservadores os conservadores brasileiros? O principal
motivo da inexistência de um partido conservador no Brasil está, a meu
ver, em que os conservadores convergem bastante bem sobre o que não
querem mudar, mas isso é pouco para dar consistência e permanência à
mobilização política. Conservadorismo não é estagnação, nem utopia, nem
salto ao desconhecido, mas ação com memória do passado, pés no chão e
olhos abertos.
Dado que o
conservadorismo tampouco é uma doutrina, sendo-lhe impróprias quaisquer
receitas de bolo ou vade-mécum, parece importante ressaltar que o
adjetivo conservador, atribuído a uma pessoa, indica alguém que respeita
o passado e a tradição, alguém que não anda às turras com a História
cobrando contas ou amaldiçoando as próprias origens. Sublinhe-se: o
passado que se respeita e a tradição tanto podem ser representados pelo
que se aprendeu dos antigos na singela universalidade do ambiente
familiar, quanto se aprofundando no saber dos clássicos, perenizado na
linha do tempo.
Eis o ponto, enfim. O
conservadorismo é incompatível com conceitos que dominam a cultura
brasileira a respeito da identidade nacional. Um partido conservador não
pode nascer entre os que pensam de si aquilo que os brasileiros pensam!
O conservadorismo não combina com conceitos que saltitam diante dos
meus olhos, cotidianamente, nas redes sociais. O complexo de vira-lata, a
ideia de uma nação explorada, de riquezas exauridas, descoberta por
acaso, povoada por gente da pçior qualidade, de passado constrangedor e
futuro incerto, nada, absolutamente nada tem a ver com o pensamento
conservador! Entendido isso talvez possamos compreender o motivo do
sucesso do Brasil Paralelo, suas séries e entrevistas, mostrando que
nossa história é indissociável da história de Portugal e não começa no
século XV, mas no século XI; que, por isso, somos herdeiros de um idioma
latino, de uma cultura ocidental e de uma religião universal; que nós
estamos nos cantos de Camões e foram choradas por nós as lágrimas que,
nos versos de Fernando Pessoa, deram sal ao mar de Portugal.
Milhares contam haver
chorado de emoção ao assistirem esses vídeos. Descobriram, roçando as
plantas daninhas da mentira e da ocultação da verdade, que têm raízes
seculares, firmes e respeitáveis, lançadas em solo nobre, enriquecido
por migrações que nos individualizam como nação, tornando-nos únicos em
nossa pluralidade.
Sem essa percepção
não haverá conservadorismo no Brasil. Com ela, entenderemos a existência
das plantas daninhas e dessa depressiva ocultação da verdade que
eficazmente o sufoca em nosso país
BLOG ORLANDO TAMBOSI

Nenhum comentário:
Postar um comentário