Por Folhapress | Fotos: Sérgio Lima/Poder360
Com a aprovação da reforma trabalhista na
Câmara, o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), reforçou seu
discurso crítico às propostas do governo de Michel Temer, disse que o
texto será alterado na Casa e afirmou que o presidente quer empurrar
"goela abaixo" dos trabalhadores uma "retirada de direitos".
Renan disse que o governo deveria se
comunicar com os trabalhadores sobre a situação do emprego no país e
sobre as alterações na legislação trabalhista, em especial às vésperas
do 1º de Maio.
"O Brasil precisa falar aos seus
trabalhadores, que vivem um momento de angústia e crueldade. Não é
normal que o presidente da República deixe de falar e empurre goela
abaixo dos trabalhadores uma retirada de direitos", disse à reportagem o
líder do PMDB.
Apesar de comandar a bancada do partido
do presidente, Renan já havia manifestado posições duras contra a
reforma da Previdência, considerada prioritária por Temer.
Agora, o senador passou a atacar a
reforma trabalhista, que deve começar a ser discutida no Senado nas
próximas semanas. Ele afirmou nesta quinta-feira (27) que o texto
aprovado na Câmara deve sofrer modificações no Senado, o que deve
atrasar sua tramitação no Congresso.
"Muita coisa vai ser alterada aqui no
Senado, como esse desmonte dos sindicatos, no momento em que a
negociação das categorias passa a prevalecer sobre a legislação. Parece
contraditório", criticou. "Desmontar a legislação trabalhista do dia
para a noite é ruim, é injusto, sobretudo em plena recessão, com 13
milhões de desempregados."
Acuado pela Lava Jato e com perspectivas
de não se reeleger, o líder do PMDB no Senado tem feito discursos
públicos contra as reformas econômicas. Declarou, por exemplo, que a
mudança na Previdência proposta pelo Planalto "pune os trabalhadores e o
Nordeste".
"O governo errou ao fazer uma opção pela
recessão, enquanto deveria estar preocupado com uma agenda de retomada
do crescimento", declarou.
Renan também tomou a tribuna do Senado no
início da tarde desta quarta (26), horas depois da aprovação da reforma
trabalhista na Câmara, para criticar o projeto apresentado pelo
governo.
"A reforma retira direitos e, se retira
direito, é injusta. Ponto. Ela rebaixa os salários, é sua consequência
mais imediata e perversa", afirmou. "Todos sabemos que acordos forçados
em plena recessão, com 13 milhões de desempregados e com o desemprego
aumentando mês a mês, é pedir que se aceite a crueldade como caridade."
"Meu dever como Senador, como
representante de Alagoas nesta Casa, é alertar para o perigo que o país
está correndo", disse o senador. "A reforma trabalhista vai fatalmente
aprofundar a desigualdade social."
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