A questão central da vida política
brasileira no próximo ano é a da sucessão presidencial, acompanhada das
eleições para governadores, senadores e deputados federais. Além disso, em
2014, o Brasil acolhe a Copa do Mundo de Futebol e todo evento desse porte tem
tudo a ver com política, principalmente porque os enormes gastos com a
construção de estádios suntuosos foram motivo de fortes protestos populares
durante a Copa das Confederações.
Não podemos excluir a possibilidade da
volta às ruas dos cidadãos em novos protestos por causa do descontentamento com
a qualidade dos serviços públicos e da desconfiança com o mundo da política. No
último dia 18 de dezembro, ao fazer um balanço das atividades do Congresso
Nacional em 2013, o próprio líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia
(PT-SP), disse que em sua opinião (que ele considera ser a mesma do povo
brasileiro), deputados e senadores não responderam às reivindicações dos
manifestantes que foram às ruas, em junho. Disse que não estava avaliando como
ruim o trabalho da Câmara, mas insuficiente diante da pressão a que está
submetido o Parlamento e o mundo político.
As eleições vão comandar a política
econômica do governo e o movimento de um ajuste que permitiria ao Brasil voltar
a crescer de forma sustentável será tarefa do próximo presidente da República.
Só governos em início de mandato têm condições políticas de apertar os
parafusos da economia com firmeza. A situação é ainda mais preocupante porque em
tempos de eleições a política fiscal tende a ser expansionista. Uma complicação
adicional será a mudança da política monetária norte-americana, iniciada também
no final do ano. Desde que se começou a
falar no assunto o Brasil passou a ser considerado, junto de nações como
Indonésia, Índia, Turquia e África do Sul, como uma das economias mais afetadas
pelo reposicionamento global do dólar.
A Pesquisa de Inovação Tecnológica que
cobre o período de 2009 a 2011, divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), mostrou que o número de indústrias
brasileiras que investiu em inovação caiu para 35,6% do universo pesquisado, em
comparação com 38,1% na pesquisa anterior, que cobre o período de 2006 a 2008.
O governo esperava que as políticas de
estímulo, com desonerações e ampla oferta de crédito barato, garantissem às
indústrias fôlego suficiente para não descuidar da inovação, essencial para
aumentar a produtividade e, portanto, a competitividade da produção nacional. O
investimento em inovação diminuiu com a crise internacional e maior aversão ao
risco dos empresários. Sem mais investimentos na economia, a inovação não
resultará em maior produtividade. As ações do governo não foram no caminho
certo. E não será fácil corrigi-lo já em 2014.
A incerteza que ronda empresários de
todos os setores, economistas, do mercado em geral e de boa parte do povo –
especialmente dos jovens – que foram às ruas em junho passado compromete o
crescimento econômico no futuro. E embora tenha nas mãos a poderosa máquina do
governo, há uma percepção de que, reeleita, a presidente Dilma Rousseff não vai
mudar de estilo, mas reforçar sua forma e conteúdo: intervencionista,
centralizadora e sempre disposta a contrariar normas e padrões para
experimentar fórmulas que nem sempre dão certo.
Mas se não podemos almejar maiores
sucessos na economia devemos saudar boas novidades na política. De um lado,
pelo impacto ainda não totalmente analisado que o movimento das ruas provocou
entre os cidadãos e no Poder. Depois, pela primeira vez desde que o Partido dos
Trabalhadores (PT) chegou à Presidência da República existe uma real
possibilidade de se formar uma frente de oposições capaz de mobilizar as
diversas insatisfações contra o governo e organizá-las à volta do objetivo de
encerrar o ciclo político aberto em 2002. E, na alternância democrática do
Poder, experimentar um modo novo de narrar à história brasileira, com todos os
brasileiros.
O ano de 2014 pode ser também
surpreendente. O Brasil precisa de um projeto porque as pessoas estão
desmotivadas. Em particular os jovens, os que não são reconhecidos como
cidadãos e os excluídos de fato do sucesso da modernização do País exaltada
diariamente nos discursos oficiais. Esta será uma boa hora para que os
candidatos levem aos palanques os seus projetos para o País. Suas visões de
prioridades. Que ajustes propõem na economia? Como conciliar desenvolvimento e
conservação? Em que bloco econômico internacional devemos nos fixar? Como
redefinir a Federação e como ir além de políticas sociais assistencialistas?
Como fazer a “revolução da educação” e assim por diante?
Uma oportunidade para incrementar a
democracia eleitoral com conteúdo para remobilizar o País, para construir
consenso e um Projeto Nacional, em diretriz para o nosso País, nossa Nação!
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