Peles que chegam do campo estão fora do padrão de qualidade.
Criadores estão preferindo descartar o produto por causa do preço baixo.
A caminhada por entre os arbustos é cansativa e a vegetação compromete o valor comercial da pele dos animais.
"Como a nossa vegetação típica é a caatinga, rica em espinhos, a caminhada acaba trazendo ferimentos e cicatrizes que não são bons para o couro", explica Clécio Monteiro, veterinário e diretor técnico da Associação dos Criadores de Ovinos e Caprinos do Ceará.
A diminuição da oferta de água e comida durante a estiagem prolongada deixa os animais cada vez mais magros, o que também afeta a qualidade do couro. No Ceará, as consequências já aparecem na indústria, que em janeiro deste ano registrou queda de 24% no faturamento das exportações em relação ao mesmo período do ano passado.
Em um curtume, as peles de melhor qualidade representavam antes 50% da produção. Com a estiagem, passaram a representar 30%, o que dificulta a negociação com a Itália, principal país comprador.
Para manter a qualidade do couro em tempos de seca, é preciso trabalho e investimento no rebanho. Em uma fazenda em Banabuiú, sertão do Ceará, os ovinos e caprinos são alimentados com silagem que foi produzida em grande quantidade no último período de chuva e estocada. Ela é servida aos bichos junto com milho e soja.
Quem não tem recursos para investir, sofre com os prejuízos. Em uma fazenda em Quixeramobim, as peles nem são mais vendidas por causa do baixo valor de mercado.
Outras duas empresas do Ceará também exportam o couro de animais. De acordo com o Sindcouro, o sindicato que representa o setor, elas não sentem tanto os efeitos da seca porque compram boa parte da matéria-prima do Sul e do Sudeste do país.
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