Na VEJA.com:
Na tentativa de intimidar inimigos
externos e demonstrar poder para o público interno, a Coreia do Norte
parece ter se inspirado no realismo socialista dos anos 1930 – a arte
“patrocinada” (ou antes imposta) pelo regime soviético, que
invariavelmente mostrava trabalhadores e soldados construindo unidos a
sociedade do futuro. A retórica belicista norte-coreana, inflada desde as novas sanções aprovadas pela ONU contra o país, em resposta a um teste nuclear realizado em fevereiro, vem acompanhada por várias dessas imagens “realistas”.
As fotos
divulgadas pela agência estatal norte-coreana e distribuídas pelas
agências internacionais têm como temática constante as inspeções feitas
pelo ditador Kim Jong-un a
fabricas e quartéis, militares em treinamentos e equipamentos de
guerra. Todas as imagens mostram o contrario do que pretendiam – ou
seja, que o poderio da Coreia do Norte não é tão ameaçador quanto
Pyongyang tenta fazer crer.
Um artigo publicado pelo jornal The Washington Post chamou
a atenção para a foto de uma visita de Kim Jong-un a uma unidade do
Exército que estaria desenvolvendo tecnologia militar. “É possível que
este computador – colocado em uma caixa de metal gigante bem retrô –
faça algo extraordinário. Mas preste atenção à cadeira de sala de
jantar, ao teclado e ao mouse Logitech. Nada disso grita ‘tecnologia
militar avançada’”, diz o texto (leia a íntegra, em inglês).
Além
disso, algumas fotos não passam de montagens. Como a que mostra a
chegada de embarcações e soldados em local não identificado do Norte. Um
editor de fotografia da agência France-Presse disse ao jornal
britânico The Telegraph que
os barcos foram copiados e colados na imagem para dar a impressão de
que são muitos. “Geralmente, um simples exame com nosso software
descarta as fotos da (agência estatal) KCNA, mas eles estão ficando
melhores com o Photoshop”, disse Eric Baradat.
Internamente,
destacou a agência Associated Press, os norte-coreanos têm acesso a uma
imagem mais leve do ditador, que é retratado como um jovem líder
enérgico, do povo, um homem de família – ao lado da sorridente mulher,
Ri Sol Ju. Vale lembrar que depois da morte de Kim Jong-il, anunciada em
dezembro de 2011, rodaram o mundo imagens igualmente ensaiadas da
população chorando, desconsolada, a perda do “amado líder”. A escola
norte-coreana de propaganda tem longa tradição.
Vídeos
Além das fotos, a guerra propagandística do governo de Kim Jong-un usa vídeos para indicar o que poderia fazer contra adversários. Na última montagem, o Exército do Norte invade Seul com milhares de paraquedistas e toma milhares de americano como reféns no sul a península. Nos vídeos anteriores, a ofensiva foi contra a Casa Branca e Capitólio , ambos destruídos por mísseis, e Nova York, que aparece em chamas.
Além das fotos, a guerra propagandística do governo de Kim Jong-un usa vídeos para indicar o que poderia fazer contra adversários. Na última montagem, o Exército do Norte invade Seul com milhares de paraquedistas e toma milhares de americano como reféns no sul a península. Nos vídeos anteriores, a ofensiva foi contra a Casa Branca e Capitólio , ambos destruídos por mísseis, e Nova York, que aparece em chamas.
Se
depender dos efeitos especiais dos vídeos, o vizinho do Sul e os Estados
Unidos não têm com o quê se preocupar. A guerra de palavras reforça as
versões alucinadas da realidade, ao mirar alvos estratégicos nos EUA que
a Coreia do Norte esta longe de poder alcançar.
Como
sempre, ao longo das últimas décadas, os rugidos de rato de Pyongyang
têm o objetivo de arrancar da comunidade internacional os recursos
básicos – a começar por alimentos – de que o regime precisa para se
sustentar. O realismo socialista das fotos e vídeos da Coreia do Norte é
tao somente um motivo de piadas. O motivo de preocupação se encontra,
infelizmente, no eventual irrealismo socialista de Kim Jong-un e seus
generais, que podem, sim, causar danos reais à Coreia do Sul e talvez ao
Japão – sem falar no dano profundo que continuam a causar à sua própria
população.
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