Os
nomes mais relevantes do setor de turismo no Brasil ocuparam o palco do
Fórum PANROTAS, um dos maiores painéis de discussão de tendências do
mercado no País. Em sua 21ª edição, o evento reuniu neste ano mais de 2
mil profissionais – um número recorde. Em 2023, foram cerca de 1,7 mil
profissionais de toda a cadeia de turismo, sendo que 70% dos
participantes ocupavam cargos de liderança em 747 empresas de todos os
segmentos e portes.
Conheça
quais foram as visões compartilhadas pelos palestrantes da programação
de 2024. É um verdadeiro mapa dos possíveis caminhos traçados a partir
dos dados trazidos por eles e de todos os debates promovidos em dois
dias de evento.
1/ Brasil é país que mais cresce em pesquisas por viagens na Internet
Ariel
Bueno, da plataforma de dados Similarweb – especializada na captação de
insights a partir da audiência digital –, trouxe uma revelação
importante ao público: as buscas dos internautas do Brasil tiveram o
maior crescimento da web entre fevereiro de 2023 e janeiro de 2024. O
País ocupa a 7ª colocação na lista de países que mais realizam pesquisas
– os Estados Unidos encabeçam este ranking.
Bueno
observou que os segmentos do turismo que mais cresceram em buscas
recentes foram atrações turísticas, aluguel de carros e transporte
terrestre. Entre os sites mais visitados por internautas brasileiros,
Booking, Tripadvisor, LATAM Airlines e Airbnb, nesta ordem, são as
empresas que geram maior procura.
2/ Rio, Gramado e Maceió no topo dos 10 destinos mais procurados para lazer
Durante
o evento, a diretora de Vendas Corporativas da Omnibees (plataforma de
tecnologia para reservas de hotéis), Patrícia Thomas, apresentou dados
da hotelaria em 2023 e projeções para este ano. No ano passado, os 10
destinos de lazer que tiveram maior procura no Brasil em noites de
hospedagem foram, do 1º para o 10º colocado: Rio de Janeiro, Gramado,
Maceió, Porto Seguro, Foz do Iguaçu, Ipojuca, Natal, Florianópolis,
Fortaleza e Búzios.
Para
o turismo corporativo, São Paulo lidera o ranking, seguido por Rio de
Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Porto Alegre,
Recife, Campinas e Goiânia.
O
levantamento da Omnibees também revelou um ranking com a demanda
prevista para os próximos quatro meses, considerando número de diárias e
tempo médio de estadia nos destinos. Rio de Janeiro lidera a lista,
seguido de São Paulo e Búzios.
3/ Companhias aéreas nacionais buscam aeronaves para ampliar capacidade
No
painel que está entre os mais esperados a cada edição do Fórum
PANROTAS, os CEOs das três principais aéreas do Brasil – John Rodgerson,
da Azul, Celso Ferrer, da Gol, e Jerome Cadier, da LATAM – foram
consenso ao afirmar que, para o setor crescer, é preciso endereçar os
entraves na cadeia de produção de motores e aviões, bem como se chegar a
políticas públicas para a aviação no Brasil.
Rodgerson
enfatizou que há o interesse em aumentar a capacidade dos voos para
atender à forte demanda. "Temos aviões que estão voando 10, 11 horas por
dia. Se combustível fosse mais barato, poderíamos voar 12", comentou o
executivo da Azul, apontando a questão do preço dos combustíveis no
País.
Cadier,
da LATAM, reforçou a procura por alternativas de crescimento: "Existem
oportunidades, mas cada opção precisa ser estudada. Pode não ser o preço
ou o modelo ideal, mas se há demanda precisamos colocar assentos para
voar", concluiu.
4/ Levantamento aponta mudanças no perfil do viajante corporativo brasileiro
Uma
pesquisa realizada pela PANROTAS, Consultoria Mapie e Trend Viagens
junto ao mercado turístico no Brasil entrevistou 268 brasileiros de
todas as regiões do País e mapeou cinco perfis dos viajantes
corporativos.
Destacam-se
as mulheres de negócios, que realizaram entre duas e quatro viagens nos
últimos 12 meses e consideram que o excesso de burocracia ao reservar
viagens de trabalho é um dos principais problemas enfrentados. Já os
jovens viajantes, público entre 18 e 29 anos, realizam viagens
corporativas que duram cerca de dois a três dias, são o perfil que mais
aproveita as viagens a negócios para lazer e representam a fatia de
mercado mais sensível a preços.
Entre
as tendências reveladas, notou-se que os viajantes são incentivados a
realizar viagens híbridas, estendendo a estadia no destino de negócios
para aproveitá-lo como lazer. Porém, costumam fazer isso apenas às vezes
ou raramente. Outra constatação é de que, apesar de as empresas
permitirem que seus funcionários atuem em qualquer lugar (anywhere office), a maioria trabalha no formato à distância somente às vezes ou raramente.
5/ Viagens de luxo são segmento que mais cresce entre diferentes gerações
Mesmo
com o aumento das tarifas aéreas, as compras de viagens de luxo
permanecem em alta, apontaram os especialistas de ILTM Latin America,
Primetour, FFTravels e Superviagem. Segundo Maurice Padovani,
diretor-executivo da Primetour, o que muda são somente os hábitos de
consumo, já que os viajantes do mercado de luxo têm diferentes perfis,
momentos de vida e níveis de maturidade financeira. Portanto, seguem
viajando, mesmo com as oscilações de preço nas passagens.
Em
relação a destinos, a Ásia está com tudo entre os viajantes de alta
renda. Esta foi a última região a ser aberta após a pandemia e atrai as
pessoas que estão buscando novidades tanto em termos de locais como de
experiências diferenciadas.
“Experiência”,
aliás, apesar de já soar uma palavra batida no mundo do turismo, é o
que os viajantes de alta renda realmente estão procurando. Eles não
querem apenas ir para um país ou região, mas descobrir coisas únicas que
o destino possui.
6/ Comportamento do turista argentino mudou e Brasil deve se atentar a isto
Em
um painel que contou com a participação de Aldo Leone, presidente da
Agaxtur; Diego Garcia, diretor-executivo da CVC Corp na Argentina;
Gonzalo Romero, diretor-geral da Air Europa no Brasil e country manager
da companhia na Argentina; e Maria Laura Pierini, gerente de promoção do
Visit Buenos Aires, foi destacado que, depois da pandemia, o
comportamento do viajante argentino mudou.
Para
Romero, os turistas argentinos hoje estão muito mais centrados em
experiências e buscam viajar por diferentes motivações, tais como
acompanhar shows, despedidas de solteiro, lua de mel ou para comemorar
aniversários em grupos grandes.
O
Brasil é um dos principais destinos escolhidos pelos argentinos, com
destaque para o Rio de Janeiro e as praias do Nordeste. De acordo com
Garcia, o Brasil continua sendo o principal emissor para a Argentina.
7/ É preciso educar os viajantes sobre o que são, de fato, viagens sustentáveis
Uma
pesquisa inédita da Phocuswright, esmiuçada por Carolina Sass de Haro,
da Consultoria Mapie, detectou que os viajantes não entendem bem o que
são viagens sustentáveis. Ao serem abordados sobre o tema, muitos pensam
em ações simples, como recolher lixo, desligar luzes e ar-condicionado
ao sair de um ambiente, recusar troca de enxoval diária, reciclar,
evitar plástico de uso único, priorizar o transporte público e respeitar
os costumes locais do destino visitado.
De
acordo com a especialista, isto acaba reforçando uma discrepância entre
crença e ação quando o assunto é sustentabilidade no turismo. Para
endereçar a questão, a consultora da Mapie abordou alguns pontos, entre
os quais: aumentar as opções sustentáveis e que elas sejam mais
facilmente encontradas; mostrar que a sustentabilidade pode ser
acessível; e, por fim, ajudar a compreender que sustentabilidade vai
além do aspecto ambiental.
8/ Sustentabilidade já afeta modo como turistas se locomovem e viajam de carro
No
que se refere ao transporte durante as viagens, foi citado no mesmo
painel, por Pablo Toledo, CMO da montadora chinesa BYD, que o uso de
carros elétricos vem aumentando, mas que os primeiros passos para esta
tendência se efetivar são a conscientização e o preparo dos agentes de
viagens, para que o aluguel de um veículo deste tipo não se torne um
problema para os clientes.
Segundo
Toledo, estamos em um momento de transição e, na empresa, os carros
mais vendidos atualmente são os híbridos, o que reforça ainda mais a
tendência.
9/ Nas vendas, tecnologia impulsiona o avanço, mas humanização e relacionamento são fundamentais no atendimento ao cliente
Em
um painel sobre distribuição e vendas com representantes de Intercity
Hotéis, LATAM Brasil, Bancorbras, Azul Linhas Aéreas, Azul Viagens, CVC
Viagens e Iberia British Airways, as ferramentas tecnológicas foram
reconhecidas como um avanço irrefutável no consumo dos produtos
turísticos. Entretanto, os especialistas frisam que a humanização e o
relacionamento com o agente de viagens são fundamentais e nunca vão
acabar.
Emerson
Belan, diretor-geral da CVC Viagens, e Daniel Bicudo, diretor-geral da
Azul Viagens (também diretor de marketing da Azul Linhas Aéreas),
apontaram um grande crescimento dos canais físicos para a venda de
pacotes. Os painelistas concordam que suas empresas precisam conhecer
seus clientes para investir na melhor forma de atendê-los e vender para
eles.
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