MEDIÇÃO DE TERRA

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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

Aliados de Bolsonaro temem “pacote de maldades” com chegada de Lula ao poder

 



Charge do Zé Dassilva: balanço da CPI | NSC Total

Charge do Zé Dassilva (NSC Total)

Rafael Moraes Moura
O Globo

Aliados de Jair Bolsonaro estão tensos com o que chamam de “pacote de maldades” a ser aplicado contra ele pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 1º de janeiro de 2023. Bolsonaristas dão como certo que sofrerão com uma “perseguição cruel e implacável” em várias frentes, do levantamento de sigilo de informações incômodas à revelação de informações que poderiam desencadear processos e investigações e impedi-lo de disputar novas eleições.

Segundo a equipe da coluna apurou, militares do círculo íntimo do chefe do Executivo dão como certa a revogação, a conta-gotas, dos sigilos decretados por ele em documentos do governo.

MELHOR SUMERGIR – Por isso, têm aconselhado o presidente a submergir nos primeiros meses para tentar diminuir o ímpeto dos petistas e apaziguar os ânimos.

Entre as informações que podem vir a público com a revogação do sigilo imposto por Bolsonaro estão os dados sobre quem visitou a primeira-dama Michelle no Palácio da Alvorada, o processo interno do Exército contra o ex-ministro da Saúde e general Eduardo Pazuello, os documentos referentes ao processo de aquisição da vacina indiana Covaxin e a apuração da Receita Federal sobre o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) no caso das “rachadinhas”. São todos temas espinhosos para o clã presidencial, mas de interesse público.

As preocupações não são só com o levantamento do sigilo. Há, também, apreensão quanto ao rumo de dois inquéritos do Supremo Tribunal Federal (STF) comandados pelo ministro Alexandre de Moraes – o das fake news e o das milícias digitais.

HÁ MUITOS ALVOS – O presidente da República, os filhos, empresários e parlamentares aliados são alvos dessas investigações, que não devem acabar tão cedo.

Moraes ainda é motivo de dor de cabeça para o atual ocupante do Palácio do Planalto por comandar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), onde tramitam 14 ações que investigam sua campanha derrotada à reeleição.

Como é presidente do tribunal, cabe a Moraes decidir quando os casos serão apreciados pelo plenário.Essas ações apuram abuso de poder político, econômico e uso indevido dos meios de comunicação e são movidas pelo PT, PDT de Ciro Gomes e pela senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS).

VÁRIAS INVESTIGAÇÕES – Elas miram, por exemplo, a estratégia do então candidato do PL de desembolsar bilhões de reais para garantir o Auxílio Brasil de R$ 600 em pleno período eleitoral, o uso da estrutura do Palácio da Alvorada para atacar as urnas e o Poder Judiciário e a existência de um “ecossistema de desinformação” nas redes sociais para atingir Lula.

Se essas ações forem julgadas procedentes, Bolsonaro poderá até ser declarado inelegível, ficando impedido de disputar qualquer eleição pelos próximos oito anos.

Outro flanco que pode vir a ser problemático para os bolsonaristas, mais à frente, é a Procuradoria-Geral da República (PGR). Em setembro do ano que vem termina o mandato de Augusto Aras, que será substituído por um procurador escolhido por Lula.

FIEL ALIADO – O procurador-geral Augusto Aras tem sido um fiel aliado do Palácio do Planalto e sua gestão já pediu o arquivamento de uma série de pedidos de investigações contra o presidente Bolsonaro, seus filhos e principais aliados, inclusive os que foram formulados após a conclusão dos trabalhos da CPI da Pandemia no Senado.

Com a indicação de um novo chefe da Procuradoria-Geral da República pelo presidente Lula, aliados de Bolsonaro estão apavorados com a possibilidade de o Ministério Público revisitar as provas coletadas pela CPI DO Senado e responsabilizá-los pela desastrosa atuação do governo federal no enfrentamento da pandemia de Covid-19.

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