Março,
2025 - em um checkup bucal em uma clínica em São Paulo, o empresário
Gerson Gitirana descobriu que a sua dificuldade para dormir escondia um
problema grave de saúde. Não era cansaço, estresse ou outro motivo. No
checkup, o empresário descobriu um ‘colapso da língua anteroposterior’
em estágio avançado.
O
que significa isso? A princípio, a língua estava “caída” em sua
faringe, o que obstruía as vias aéreas superiores durante o sono. O
resultado levou a outro exame, dessa vez a Sonoedoscopia, que avaliou a
anatomia da via aérea superior durante o período de descanso. Nesse
resultado foi revelada uma saturação de oxigênio de 53% durante o sono -
o normal é de 95%.
“Gerson
praticamente não respirava dormindo e estava correndo o risco de ter
uma parada cardíaca ou um AVC nesse período”, conta Marcelo Kyrillos,
cirurgião-dentista do Ateliê Oral, que descobriu o caso e acompanhou o tratamento.
"Conversei
com todos os meus médicos: clínico geral, cardiologista, da medicina
ortomolecular, e todos eles falaram: ‘Cara, você vai morrer. Com essa
saturação, você tem, no máximo, um ano de vida”, conta o empresário.
Com
o diagnóstico de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) já grave, Gerson
passou a dormir com um aparelho [CPAP] que fornecia ar sob pressão para
as vias aéreas, o que seria temporário até o final do tratamento.
A descoberta
O
dentista conta que tudo partiu de um checkup específico da clínica, no
qual foram feitas fotografias da face e o escaneamento dos dentes, para a
avaliação da harmonia das bases ósseas. Como parte do processo, também
foi pedida uma tomografia - um exame esquelético 3D para avaliar os
maxilares e os dentes. “Isso é de praxe, não havia nenhum sintoma. O
paciente não havia falado que tinha problemas ao dormir”, destaca
Kyrillos.
No entanto,
com os resultados em mãos foi possível identificar que, tanto o maxilar
superior quanto o inferior do paciente, estavam para trás pressionando
uma região chamada 'Orofaring' por onde passa o ar até os pulmões – o ar
entra pelo maxilar e vai para os pulmões. “No caso do Gerson, a queda
da língua foi um agravante pelo relaxamento excessivo dos músculos da
garganda durante o sono. Ao dormir, todos os músculos do corpo relaxam,
incluindo os da língua e da garganta. Em pessoas com AOS (Apneia
Obstrutiva do Sono), esse relaxamento pode ser excessivo, permitindo que
a língua deslize para trás e bloqueie a passagem do ar”, detalha
Kyrillos.
O passo
seguinte foi envolver outros profissionais da clínica para a avaliação
da mordida, que também estava prejudicada, e para análises
complementares do esqueleto bucal.
Foi,
então, recomendada uma Sonoendoscopia - exame que avalia a anatomia da
via aérea superior durante o sono induzido e que permite visualizar
diretamente onde e como ocorrem as obstruções. O exeme culminou no
veredito final: baixa saturação e obstruções físicas nas vias aéreas que
explicavam a queda do oxigênio. “Nesse
exame, o paciente fica dormindo de barriga para cima e são realizadas
projeções de como ocorreria a respiração, neste caso, são realizadas
projeções de como ocorreria a respiração se a mandíbula fosse
posicionada de forma diferente. Ao colocar mais para a frente,
observamos o aumento acentuado de entrada de oxigênio por aquela
passagem. Ali, soubemos exatamente o que deveria ser feito”, conta
Kyrillos.
O tratamento: saturação de oxigênio passou de 53% para 98%
De
acordo com o dentista, o tratamento consistia em colocar os dentes na
posição correta dentro do osso, e os maxilares na posição correta, de
acordo com o crânio, permitindo a Gerson respirar.
Para
isso, o empresário usou um aparelho ortodôntico, com miniplacas e
retirada de sisos, para corrigir a mordida e o alinhamento dentário. Tal
correção, também permitiu fazer o avanço da mandíbula. Feito isso, foi
realizada uma cirurgia [chamada de ortognática] para corrigir as bases
ósseas e permitir que as vias aéreas fossem desobstruídas. E, por fim,
colocadas lentes dentais para a correção das engrenagens dos dentes.
“O
impacto foi imediato. A saturação de oxigênio no cérebro passou de 53%
para 98% durante o sono. Hoje durmo bem e considero uma sorte ter
descoberto. Não havia sintomas, apenas minhas noites de sono mal
dormidas. Por isso, considero todo checkup, desde que seja detalhado
como o realizado em mim, uma oportunidade de me deixar seguro, pois me
livrou do que poderia ter sido uma parada cardíaca ou outro mal fatal”,
avalia Gerson.
Kyrillos
destaca que, além das causas diagnósticadas pelo paciente (maxilares
para trás e queda da língua), a AOS pode ser causada (ou combinada) por
outros fatores, tais como: anormalidades anatômicas - como amígdalas
aumentadas, desvio de septo nasal ou um palato mole alongado, e excesso
de tecido adiposo na região do pescoço. Obesidade, consumo de álcool e
sedativos, idade avançada são outros fatores contribuintes.
A
seguir, imagem de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) acometida pelo
paciente. Importante destacar que a imagem representa uma das causas da
Apneia Obstrutiva do Sono (AOS), que é a queda da língua. Porém, a AOS é
uma condição complexa e multifatorial, e a queda da língua é apenas um
dos fatores que podem contribuir para a obstrução das vias aéreas.
Ela demonstra:
Na respiração normal - a via aérea permanece aberta, permitindo a passagem do ar.
Na outra opção: Apneia Obstrutiva - A língua relaxada obstruindo a via aérea e impedindo a passagem do ar.
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