Na
última quarta-feira (5), o Senado Federal do Brasil tomou uma decisão
que reverberou através das esferas econômicas e sociais do país. Por
meio de uma votação simbólica, foi aprovada a incidência de 20% de
imposto sobre compras internacionais de pessoas físicas abaixo de 50
dólares. Esta operação, até então isenta de tributação e informalmente
denominada "taxa das blusinhas", foi inserida no contexto do Projeto de
Lei 914/2024. Este projeto, que visa estabelecer o Programa Mobilidade
Verde e Inovação (Mover), tem como objetivo fomentar a pesquisa e o
desenvolvimento de soluções tecnológicas sustentáveis e a produção de
veículos de baixa emissão de gases do efeito estufa, além de propor
incentivos financeiros de R$ 19,3 bilhões ao longo de cinco anos e a
redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
"Essa
medida, embora pareça um avanço na proteção da indústria nacional, na
verdade mascara uma série de interesses conflitantes que desafiam a
integridade do nosso sistema econômico", afirma o Dr. Faustino da Rosa Junior, advogado especialista em direito digital.
A
inclusão do imposto sobre as compras internacionais foi uma manobra
política apelidada de "jabuti", introduzida inicialmente pela Câmara dos
Deputados e aprovada em abril, após um acordo entre o presidente da
Câmara e o presidente da República. Entretanto, durante a tramitação no
Senado, parte do texto não foi incluída pelo relator, gerando uma tensão
política que culminou na apresentação de um destaque pelas lideranças
do governo, solicitando a votação separada do trecho em questão. O texto
sofreu algumas alterações no Senado, motivadas pela votação, resultando
na necessidade de uma nova apreciação por parte da Câmara dos
Deputados.
"O
que presenciamos é um jogo de poder que negligencia as verdadeiras
necessidades dos cidadãos brasileiros, especialmente os de menor renda", comenta o Dr. Faustino.
A
aprovação da taxa sobre as compras internacionais atendeu parcialmente à
pressão do setor produtivo nacional, que alega perda de competitividade
frente aos gigantes do e-commerce internacional. Inicialmente,
discutia-se o fim da isenção para compras abaixo de 50 dólares, o que
poderia ser feito por decreto, equiparando essa operação à situação
geral de outras importações, que incide uma alíquota de 60%. O impasse
político, no entanto, resultou na cobrança de 20%.
Nenhum comentário:
Postar um comentário